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segunda-feira, 4 de março de 2013

Da realidade para a ficção: Joana D'arc

Jeanne D'Arc ou Joana Dar'c, nasceu na localidade de Domrémy, região pobre da França em 6 de janeiro de 1412. Posteriormente a cidade foi renomeada como Domrémy-la-Pucelle em sua homenagem (pucelle; donzela em português). Filha do agricultor Jacques d'Arc, sua mãe Isabelle Romée tentava desde cedo lhe ensinar a fiar e costurar. Muito religiosa, Joana frequentava a Igreja quase sempre e sua ligação com o divino teria se iniciado por volta dos 13 anos quando começou a ouvir vozes acompanhadas de um grande clarão no céu. Estas vozes lhe aconselhavam a lutar. Tomar a região da França ocupada pelos ingleses e devolver o Delfim, Rei da França a seu trono, segundo os propósitos de seu Deus cessando assim a chamada Guerra de Cem Anos com a Inglaterra. Mas antes Joana teve de passar por um teste arquitetado pela  corte francesa, que temia que a Virgem de Lorena fosse um truque, uma ameaça ao Rei. Carlos VII, disfarçado, tentou iludir Joana, que segundo consta, reconheceu o verdadeiro Rei curvando-se diante dele de maneira bem determinada: "Senhor, vim conduzir os seus exércitos à vitória". Finalmente convencido pelo parecer da corte eclesial que atestou a virgindade de Joana, o Rei entrega-lhe às mãos uma espada, um estandarte e o comando das tropas francesas, para seguir rumo à libertação da cidade de Orléans. Comandando um exército de 4000 homens ela consegue a vitória sobre os invasores no episódio conhecido como a Libertação de Orléans. Um feito que nenhum exército francês conseguira anteriormente. Daí, a fama de Joana Dar'c se estendeu por toda a região, vencendo à frente de seu exército importantes batalhas e passando a ser temida por seus inimigos. A coroação do Rei Carlos VII foi apenas uma questão de tempo, oficializada em 17 de Julho de 1422. Joana já não tinha nada mais que fazer no exército já que havia cumprido corretamente as ordens que as vozes lhe haviam dado. Mas ela, como muitos franceses, viu que enquanto a cidade de Paris estivesse tomada pelas tropas inglesas, dificilmente o novo Rei poderia ter claramente o controle de seu reino. Uma campanha desastrosa em Paris acelerou os planos da corte em fazer um tratado vantajoso para ambos os lados. O Rei estava satisfeito com sua condição e assim, Joana foi entregue como herege às autoridades eclesiais francesas, ainda supervisionadas pelo Governo inglês. Vendida aos ingleses, Joana passou por um duro interrogatório e torturas na violenta tentativa em ser dissuadida a negar sua identidade e sua ligação com as forças divinas. Jean de Luxemburgo, apresentou-se a Joana fazendo-lhe a proposta de pagar por sua liberdade se ela prometesse não atacar mais os ingleses. Em vão, Joana estava mesmo disposta ir até o fim de sua jornada cármica. Fim este que veio em 30 de Maio de 1431, dia em que foi queimada viva como bruxa em plena Place du Vieux Marché, às 9 horas, em Ruão. Suas cinzas foram jogadas no Rio Sena, para que não se tornassem objeto de veneração pública. Era o fim da heroína francesa em vida, mas seu nome ganhou proporções globais, ultrapasou as páginas dos livros de história e desembocou nas telas de cinema. 

"Sei agora o seguinte. Todo homem dá sua vida pelo que ele acredita. Toda mulher dá sua vida pelo que ela acredita. Há pessoas que acreditam em pouco ou em nada e, ainda assim, dão suas vidas por esse pouco ou por esse nada. Tudo o que temos é a nossa vida, e a vivemos como acreditamos que devamos vivê-la, e então ela se vai. Mas renunciar ao que se é e viver sem acreditar em nada é mais terrível do que morrer - mais terrível até do que morrer jovem."Joana Dar'c

A figura heroica de uma mulher que empunhou a bandeira da coragem é uma das boas gamas recorrentes para qualquer bom roteirista. Sendo assim, a saga sangrenta em meio ao divino de Joana Dar'c rendeu inúmeros documentários, livros, e filmes. Dentre as obras cinematográficas, nomes de estrelas como Ingrid Bergman, Milla Jovovich e a então jovem Lelee Sobieski estamparam o rosto da mulher que lutou com uma determinação visceral frente a um exército em um propósito. Em cada uma das obras, o roteiro é similar, enfatizando as principais passagens da vida e obra nos campos de batalha da Santa padroeira da França. E as atuações não deixam a desejar, claro, sendo Joana uma mulher/guerreira que entrou para a história ao desafiar as leis mundanas e divinas de um tempo regido pela fé e sangue, teria sim que ser aberto um leque de possibilidades para um bom trabalho. No entanto, nenhum destes bons trabalhos foram superiores ao de Maria Falconetti em A paixão de Joana Dar'c. Há quem afirme categoricamente que deve-se a ela o fato do filme ter se tornado um clássico de rara beleza e excelência, entrando em inúmeras listas como um dos melhores e maiores da história. A entrega de sua paixão, amparada pelo tempo em que o cinema se fazia entender apenas pelas expressões, é lendária. Falconetti foi precisa ao extrair toda dor da tortura carnal e espiritual da personagem histórica. Tida para muitos como a melhor interpretação de um ator na história do cinema, é tão marcante quanto os feitos da Mártir francesa.

Um comentário:

  1. Ainda não conseguir ver um filme sobre ela, digno de sua história. Claro, não assisti ao do Dryer, mas falo da parte de suas lutas, não da loucura final.

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