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quinta-feira, 26 de maio de 2011

O que é isso Winterbotton?


Não dá para imaginar o que se passava pela cabeça do diretor Michael Winterbotton quando decidiu rodar 9 Canções, uma produção de maior teor pornográfico do que o teor analítico visivelmente proposta pelo roteiro. Depois de uma péssima crítica vinda de uma colunista da revista Veja, era obrigação conferir se o filme era ruim mesmo. E o surpreendente acabou acontecendo. O longa é pior do que a crítica dizia, e por um simples fato – Não tem sentido.

O roteiro mostra (ou tenta mostrar) uma relação espontânea de amor entre dois jovens que se conheceram em um festival de rock em Londres. O encontro logo pula da dança para a cama em seqüências de sexo explícito (mesmo!) sem nenhuma carga emocional. Se era para tratar do amor como algo efêmero, por quê as cenas libidinosas e promíscuas? Não se trata de uma bandeira pudica, atentando para a impropriedade do sexo no cinema, mas sim um questionamento de necessidade de a história ser contada através da relação sexual. E ainda explícita.

Filmes como O Último Tango em Paris, de Bernardo Bertolucci, e A Insustentável leveza do Ser de Phillip Kaufmann, também estarreceram o público pelas fortes cenas de sodomia entre os personagens. Entretanto, a diferença entre os clássicos das décadas de 70 e 90, respectivamente, e o trabalho de Winterbotton, é a conexão feita entre o desejo e a repulsa de duas pessoas vazias emocionalmente.

Nem os clipes dos shows salvam a lavoura do diretor. È uma obra lamentavelmente sem sentido com cenas de sexo que são inferiores a muitos vídeos amadores do YouTube. Ainda bem que é só um péssimo filme na carreira de um diretor promissor, que em 2007 veio a rodar o bom O Preço da Coragem, e deixou de lado os experimentos pornográficos de um sub-cinema, para explorar de verdade as variações emocionais das pessoas em situações extremas.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

LINDA BLAIR

Estrela de brilho único

“Estrela de um filme só.” A expressão cai sob medida para a atriz nascida em 22 de Janeiro de 1959 na cidade Westport (EUA). O Exorcista (1973) poderia ter sido o filme que alavancaria a carreira da promissora atriz. Apesar de ter demonstrado uma performance assombrosa em sequencias tão chocantes quanto inesquecíveis, as portas do sucesso fecharam-se para ela. Os bons contratos sumiram, obrigando-a a aparecer em filmes para a TV de baixo escalão, incluindo um pequeno papel em Aeroporto 75 (1974).

De temperamento tímido e demasiadamente discreta, fez surgir em torno de seu nome boatos de envolvimento com álcool e outras drogas. Com isso sua tão promissora carreira não passou das sequencias memoráveis de exorcismo. O Exorcista II – O Herege (1977) foi mais uma tentativa de retomar o sucesso. Porém com o fracasso de bilheteria, sua carreira meteórica deu o último suspiro. Em 1990 ela retornou à tela em Repossessed, um filme B, de sátira à personagem que a marcou.

Linda Blair, de protagonista a figurante. Seriam os efeitos da maldição de O Exorcista? Ou apenas o despreparo de algumas jovens estrelas, que assim como ela, brilharam cedo demais e deixaram de brilhar tão precocemente? E qual a nossa parcela de culpa neste caso? Quantas atrizes e atores ou personalidades de outros segmentos ajudamos a transformar instantaneamente em astros inatingíveis?

Pessoas sem o mínimo de talento possível exigido que encontra o aval de todos nós para se tornarem os Deuses que acreditam ser e consequentemente os monstros arrogantes que são. Equívocos como estes são suscetíveis a uma reflexão intensa e incessante de nós, seres capazes de criar e alimentar monstros com uma facilidade preocupante. Saber medir o tamanho de nossa responsabilidade nestes casos é o primeiro passo para exorcizá-los. Sem a ajuda de um padre.


FILMOGRAFIA:
Correntes do Inferno (1983)
Noite infernal (1984)
Patrulha noturna / Presídio, estadia do Inferno / Prisioneiras da Ilha Selvagem (1985)

sábado, 21 de maio de 2011

O mais do mesmo, mas muito melhor

Depois de ansiosa espera dos fãs, enfim chega aos cinemas Piratas do Caribe: Navegando em águas misteriosas, quarto filme da franquia, que tem como grande missão revitalizar a saga mudando o rumo da epopéia. Com a inclusão de novos personagens, uma direção experiente e um Johnny Deep melhor do nunca, o trhilher consegue manter a forma e tende a não ter o mesmo insucesso de outras apostas de recomeço como Indiana Jones e O Extermidor do Futuro.

Piratas 4 não é um filme que surpreende. Usa os mesmos mecanismos já conhecidos do grande público, como as improváveis fugas do Capitão Jack Sparrow. Além disso o roteiro usa os mesmos moldes já explorados pelos antecessores, com o vilão supermalvado, a mocinha de caráter duvidoso e um agente duplo. Porém, o primeiro trunfo do filme está justamente neste aspecto. Os roteiristas pegaram a forma e adicionaram um recheio, digamos, real.

A introdução lendário pirata Barba Negra foi uma idéia acertada, já que sempre quando se fala de bucaneiros, o nome do peverso é sempre lembrado. Apesar de o personagem interpretado por Ian McShane poderia ter mais destaque, já que o talento do ator mostra em Pilares do Tempo prova que sua contribuição poderia ser bem mais generosa. Já a lindíssima Penélope Cruz se encarregou de ser a mocinha, se bem que o termo não pode ser bem levado ao pé da letra nos filmes da saga. A mentirosa filha do Barba Negra, mais um romance não resolvido de Sparrow, dá mais charme e menos pancada, em comparação a Elizabeth. Se bem que o talento de Cruz, mesmo grávida, deixa a esforçada Keira Knightley para trás.

No decorrer da história pode-se perceber mais elementos hitóricos como os representantes da Invencível Armada espanhola, e a participação da igreja, representada pelo jovem clérigo de papel importante no filme. É possível perceber a influência de obras como Ilíada de Homero, e sem muita imaginação, Os Lusíadas de Camões. Tudo isso combinado aos efeitos de arrepiar e às cenas de ação de tom coreográfico, visível influência do talento do diretor Rob Marshall, que brilhou na conduçaõ do excelente Chicago.

Johnny Deep é um show à parte. Seu desajeitado e matuto pirata dar o ar de sua esperteza logo no início, em uma fuga extraórdinária, teve uma deliciosa ponta de Judy Denchi. O ator mostra que seu Jack Sparrow é o personagem no qual tem mais segurança, apesar de sempre estar bem em qualquer filme que faça. O ator, considerado o maior cult da atualidade, e seu Jack parecem ser um só, e de vez em quando se separam para Deep também brilhar em outro gêneros.

Não dá para saber ainda se Piratas 4 vai manter o enorme sucesso da primeira trilogia. Mas o certo é que o filme é o maior exemplo de cinema da cultura pop, e que cada vez mais vão ganhando espaço nas telonas. Mesmo que os críticos torçam o nariz, eles terão de concordar que o longa não surpreende, mas faz com que o público saia do cinema com a sensação de ter assistido ao mesmo filme de sempre, só que com mais vontade de assistir outro.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

O homem que abraçou a causa

Se tem alguém no cinema que parece se importar de verdade com os direitos iguais para todo mundo, esse é Steven Spielberg. Às vésperas de mais um aniversário da “liberdade” dos negro no Brasil, vale relembrar a obra do cineasta americano que relata com primazia o primeiro passo para o fim da escravidão, propriamente dita, no mundo.

Amstad é um filme de sensibilidade única. Nem em seu A Cor Púrpura o diretor conseguiu transmitir sua admiração pela luta dos negros em busca da liberdade, com tanta firmeza quanto neste longa.

A saga do navio negreiro começa pela revoltada dos escravos que tomam o comando da embarcação. Depois de serem recapturados, eles são levados a julgamento, onde teriam a opção de serem enforcados, ou voltariam para a condição de escravidão.Depois de muitas batalhas judiciais, contando com uma enorme contribuição do ex-presidente John Quincy Adams (Anthony Hopkins), conseguem a tão sonhada liberdade.

Um filme que, apesar de não ser o melhor da carreira de Spielberg, é com certeza o sua mais forte contribuição ao que todos procuram desesperadamente em tempos de intolerância. Se os negros ainda não tem as mesmas chances que os brancos, o jeito é continuar lutando para que cada vez mais essa segregação velada chegue ao fim. E se precisarmos de um apoio, sabemos com quem poderemos contar com Spielberg.

terça-feira, 10 de maio de 2011

VALE A PENA ASSISTIR :

O MENINO DO PIJAMA LISTRADO (The kid of listrad pijama , 2009)
Drama. Com Vera Farmiga e David Trawles

Sofrendo com a mudança repentina de toda sua família para outra cidade, um menino busca se reencontrar após perder seus amigos. Solitário, num belo dia de verão conhece um menino judeu de sua idade preso nos campos de concentração. Uma linda amizade surge entre eles, em meio às indagações a respeito da origem da Guerra. E sua pureza de espírito o leva a um desfecho trágico de sua vida ao lado do novo amigo.
O filme nos faz entender o sentido literal da passagem bíblica : “Vinde a mim as criancinhas, pois são puras de coração.” Uma visão interessante do olhar de uma criança alemã sobre a Guerra e de como sua inocência uma amizade linda e leal com uma criança judia presa nos campos de concentração próxima à sua casa. O filme mostra também os efeitos negativos da Guerra para todas as famílias que sofrem com a violência de forma universal.

VOZES DA LISTA (List’s voices , 1993)
Documentário.

Um poderoso documentário apresentando experiências de testemunhas oculares dos horrores da Segunda Guerra. Atenção especial para as histórias verídicas que serviram como suporte para o roteiro do filme de Spielberg.