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sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

A MAIOR DAS RELÍQUIAS

Ela nasceu de uma família de pais trouxas e desde criança já sofria uma espécie de bulling por ser diferente da maioria dos bruxos de Hogwarts. Pequenina, se encolhia num mundo permeado de livros, poções, e tudo mais que se possa existir para fazer de uma criança superdotada uma bruxa de verdade. Era tida como esquisita pela maioria dos colegas por justamente andar na contramão. De personalidade forte, nunca se deixou intimidar com as represarias. Sentia-se e de fato era, a mais brilhante aluna da Escola de Magia, deixando por algumas vezes emergir um ar de superioridade, até certo ponto de arrogância nas salas de aula. Ao optar por um isolamento de escapismo, a sensação de invulnerabilidade criou uma armadura de defesa em seu espírito. De toda esta matéria, fez-se Hermione Jean Granger (Emma Watson), a heroína da saga Harry Potter, e uma das maiores personagens da literatura e do cinema mundial.
A arte de defesa contra as trevas da ignorância e do preconceito foi sua aliada durante um bom tempo. E embora pudesse parecer que estava no caminho certo em se dedicar inteiramente aos estudos, no fundo de seu exílio particular, lhe faltava algo. A paixão não correspondida pelo colega Ronald Weasley (Rupert Grint) colocava em xeque toda sua onipotência. Desta paixão fez-se uma fissura na armadura, deixando-a irritantemente vulnerável. Com a chegada do famoso Harry Potter (Daniel Radcliffe) a Hogwarts, parte de suas necessidades foram supridas. A relação com Ron Weasley mudou de sentido, passando a se conhecerem melhor mediante os perigos que uma amizade com Harry possa acarretar.

Com o garoto que sobreviveu ao Lorde das trevas, desenvolveu uma mística parceria imprescindível para esta batalha. Uma parceria tão perfeita que traduz com exatidão a máxima de que para todo grande Herói existe aquele aliado fundamental. A pessoa que o ajuda a carregar o fardo que sua posição obriga. Clark Kent e Chloe Sullivan de Smallville e Frodo Bolseiro e Sam Wise Gandhi de O Senhor dos Anéis, são exemplos atuais do sucesso do entrosamento entre o Herói e seu chamado braço direito. Inclusive, Frodo e Sam seriam os personagens de J.R.R.Tolkien que teriam influenciado J.K.Rowlling a difundir os laços de amizade entre os poderosos bruxos, uma vez que a autora parece ter bebido da fonte de O senhor dos Anéis em algumas passagens de sua saga. Hermione estaria para Harry assim como Sam para Frodo. Contudo, para os fãs, não importa de onde veio a inspiração, pois o importante é o que esta inspiração trouxe de benéfico para eles. Hermione mostrou ter muito mais em comum com Harry que a inicial do nome, chegando a se equiparar, ou superá-lo em alguns aspectos por vezes. Harry dizia que Hermione seria uma bruxa muito melhor que ele, e ela, para retribuir a gentileza não se cansava de exaltar sua coragem. “Eu, livros e inteligência. Mas há coisas mais importantes. Amizade e coragem”, disse ao amigo certa vez.

Enquanto isso, Ron seguia à margem, relutando em ouvir a voz de seu coração, mesmo diante de cada façanha realizada por ela. De estranha em primeiro instante, Hermione passou a ser brilhante perante seus olhos do rapaz a cada vez que exibia suas “mágicas soluções” a fim de escaparem das inúmeras enrascadas que se envolviam. Com seu vasto conhecimento do mundo dos trouxas arquitetou fugas oportunas de um local para outro em frações de segundos. O que para a maioria dos bruxos seria uma fraqueza (não ser de sangue puro), para ela definia sua personalidade e deixava sua força mais evidente. É aí que se fundamenta a importância em ser diferente. Poder contribuir a seu modo na luta contra o Mal.

A coragem do menino Potter e o altruísmo do menino Weasley, só ganharam altivez com as qualidades latentes de Granger. Em cada desafio, a amizade entre eles se cristalizava. A jovem bruxa era o eixo principal que os unia. Ela estava sempre apostos toda vez que o perigo rondava seus amigos. Sua lógica perspicaz, sua notória inteligência, coragem onipresente, dedicação inflexível aos estudos, força de caráter singular, se acentuaram consideravelmente com o passar dos anos. Tudo isso mediante a um propósito: tornar-se o pilar inabalável de Harry Potter em sua Guerra contra Voldemort. Foi os olhos do amigo, guiando-o pelas mãos por diversas vezes em cada sequencia. O escudo que o protegeu de um terrível destino. Se tivessem sido criados por J.R.R.Tolkien, se veriam juntos numa jornada igualmente perigosa, com o menino bruxo afirmando: “Harry não teria chegado tão longe sem a Hermione”. Como reafirmou Ron Weasley de J.K.Rowlling, “A gente não ia durar dois dias sem ela”. E o ruivinho nenhum dia a mais sem ela. O casal fofo da saga finalmente se acertou mediante ao perigo eminente do fim do mundo. Conseguiram fundir a admiração dele para com ela, e o amor dela para com ele.

Mais que uma peça fundamental na batalha do Bem contra o Mal em Hogwarts, Hermione Granger é um típico modelo de heroína atípica, dotada de qualidades notáveis e defeitos aceitáveis. Uma personificação mais que perfeita da amizade incondicional, lealdade catedrática e do amor sublime. Três das maiores Relíquias da Vida de Hermione Granger. A maior das relíquias de Harry Potter.


A OITAVA HORCRUX NO CAMINHO DE HARRY POTTER

É ingrata e perigosamente propensa a erros a missão de adaptar uma obra literária. Perante este desafio, diretores e produtores de cinema tendem a ter cautela e discernimento a obter o mesmo êxito dos livros. É preciso fazer com que o público virgem das páginas, tenha acesso à sua história por meio das telas, mesmo que na forma adaptada. Impedir que todos sintam a necessidade de sair dos cinemas para uma biblioteca mais próxima a fim de entender o que viram.

Sucessos de público e crítica nos últimos tempos, filmes como O Código da Vinci e O Senhor dos Anéis são exemplos extraordinários de que uma boa adaptação literária pode também se tornar um grande sucesso cinematográfico. Ambos transpuseram para as telas a mesma emoção dos livros, criando uma forma de entretenimento bem acessível àqueles que não se dispõem a se enveredar pelos caminhos das páginas. É possível apreciar a estes filmes sem nem sequer ter ouvido falar em Dan Brow ou J.R.R.Tolkien. Este é o chamado público leigo, ou seja, aqueles que apenas desejam assistir a um bom entretenimento, sem a obrigação de conhecer a fundo suas origens. Uma fórmula que costuma funcionar bem quando a preocupação em realizar obras de qualidade supera o fato de ter que repetir a qualquer custo (lê-se: lucrar) o sucesso dos filmes anteriores.

Fenômeno criado pela escritora J.K.Rowlling, Harry Potter parecia deitar eternamente em berço esplêndido desde seu primeiro longa até que o passar dos anos trouxeram um sucesso tão imenso que o poder das telas mutilou o poder das páginas. Nestes quase 10 anos o fenômeno atingiu as salas de projeção tão rapidamente quanto aparatar de um local para outro. E foi justamente isto que fez com que as últimas sequências deixassem a desejar. A pressão dos grandes estúdios com contratos sumariamente assinados culminou com a falta de tempo hábil para realizar com mais “capricho” os filmes que viriam a fechar as lacunas deixadas pelos antecessores.

Os protestos dos fãs tornaram-se constantes, diante de uma adaptação equivocada ou de um proeminente adiamento da data do último filme. Além disso, detalhes primordiais para o fechamento da saga se perderam em meio a roteiros condensados, muitas cenas de ação e de pouca relevância.

Uma adaptação não condizente com as páginas dos livros é um fato bem aceito, pois se trata de licença poética ou pura necessidade dos produtores. Mas quando forças maiores do que a arte interferem de maneira nociva no bom andamento de uma obra é de se lamentar. Assim, a fase mais madura da vida de Harry Potter e seus amigos (certamente a mais interessante), permaneceram na penumbra de um emaranhado de “como assim?” e “porquês” para quem leu os livros. Já para quem nunca tiveram em mãos as aventuras literárias do menino bruxo, sentiu-se perdido em alguns momentos assistindo aos capítulos derradeiros da maior franquia do cinema.

O ápice da saga, o mais esperado, aquele que finalmente traria as respostas almejadas, decepcionou seu vasto público depois de tanto tempo de espera. Harry Potter e as Relíquias da Morte – parte 2 já nasceu com a expectativa de ser o melhor de todos eles. Aquele que fecharia magistralmente a fascinante história de K.Rowlling. No entanto, as muitas sequências infundadas do thriller, a desvalorização de alguns dos personagens relevantes da saga, a confusão em relação à associação das Relíquias da Morte com as chamadas Horcruxes, transformaram toda a expectativa em frustração. Equívocos que respingaram até no embate final entre Harry e Voldemort. O poder do personagem soberbamente interpretado por Ralph Fiennes se esvaiu bem antes do esperado confronto, como ressalta Preview: “O personagem de Ralph Fiennes amedronta menos que sua cobra gigante assustadora”. Uma pena!

Se a última sequência do Lorde das Trevas foi sonolenta e sem empolgação, então o que dizer do fim da tresloucada Bellatrix Lestrànge (Helena Bonham Carter)? Uma das grandes vilãs da trama, a perversa prima de Sirius Black (Gary Oldmam), não merecia um fim tão patético. Vamos precisar do feitiço de Obliviate para esquecer a cena brindada com um erro de continuidade gritante! No fim de tudo, mais surpresas. Ruins, claro. A sequência final do trio de Heróis bruxos, regada a casamentos e herdeiros, transformou o filme em uma boa novela.
Harry Potter e as Relíquias da Morte – parte 2 só não foi uma decepção maior por conta da esplêndida atuação de Alan Hickman como o indecifrável Severus Snape. O intérprete do rabugento professor de Hogwarts roubou merecidamente, todos os holofotes para si, equilibrando perfeitamente as forças de seu personagem.

Seja por meio dos livros ou pelas telas do cinema, o público que aprecia uma boa forma de entretenimento, busca sempre pelo melhor. E merece o melhor. Obras adaptadas devem ter a missão de antes de tudo, agradar o espectador em todos os níveis. Esta missão só se dá com exatidão quando se preocupam em fazê-lo com paixão pela arte e não visando apenas os enormes frutos que contratos milionários podem gerar. Uma Horcrux poderosa, onde se oculta a parte mais soturna da alma do cinema. Tão poderosa que nem o famoso Harry Potter pôde destruir.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

DE PRIMEIRA CLASSE



X-MEN Primeira Classe supera a trilogia morna e inconsistente dos mutantes de Xavier e dá o

pontapé inicial para uma nova era dos filmes de ação baseados nos quadrinhos


Quando se pensa em fazer um filme sobre Heróis, os envolvidos no processo geralmente não se dão conta do excelente material que se tem em mãos. A fusão entre o humano e o heroico, o embate entre o Bem e o Mal, a formação e cristalização de propósitos de ambos os lados e claro, os imprescindíveis efeitos visuais. Assim, se molda com sucesso um filme deste gênero. Nos últimos tempos, estes quesitos, com exceção do último, foram inseridos de modo superficial nestas produções, obrigando o público a se contentar com um entretenimento voltado a um único propósito: faturar milhões em bilheterias sem se preocupar com a qualidade contextual destas produções. Um dos maiores exemplos disso foi a trilogia X-MEN lançada em 2000. Sob a batuta de Bryan Singer, as três sequências tinham como base o universo dos mutantes da Marvel em suas conhecidas e aclamadas caracterizações. Contudo, um roteiro vago e impreciso, minimizou as chances de se fazer uma bela homenagem a estes amados heróis. E este é o diferencial entre a primeira trilogia e o que se vê em X-MEN – Primeira Classe. O filme de Mathew Vaughn nem de longe lembra a bagunça dos filmes de Singer com seu inchaço desnecessário de mutantes numa história sem um padrão definido e uma linha de raciocínio a se seguir.

Vaughn entra na contramão de Singer ao recomeçar a história com um roteiro consistente, personagens centrais bem homogeneizados aqui representados por três modelos indispensáveis para a série. A Guerra novamente serve como pano de fundo para a inserção de valores como a intolerância e auto aceitação, os carros-chefes do enredo mutante. O início se dá com o pequeno Erik Lensher (Bill Milner) num campo de concentração durante a Segunda Guerra. Ao usar seus poderes, ele chama atenção de Sebastian Shaw (Kevin Bacon), um importante oficial nazista, que deseja recrutar mutantes para lutar contra a ameaça humana num futuro próximo. Assim sendo, o menino que futuramente seria conhecido como Magneto, se transformaria em uma poderosa arma para este propósito. Contudo, a morte brutal de sua mãe, redireciona as prioridades de Erik (Michael Fassbender), já adulto, passando a caçar o algoz de sua família. Sua jornada em busca de vingança termina quando ele consegue seu objetivo. Matar o oficial, que também mostra ter poderes mutantes. Este episódio marcaria para sempre seus ideais na Guerra entre humanos e mutantes. Ideais que seriam o ponto de discórdia entre ele e seu melhor amigo o Professor Charles Xavier (James McAvoy).

O filme parece caminhar tranquilamente para contar como Erik Lensher transformou-se no poderoso Magneto, como em X-Men origens: Wolverine (2009), mas em Primeira Classe isso não ocorre dada a importância primordial no filme de seu amigo telepata e de uma das mais instigantes mutantes, em toda sua acepção da palavra, a sensual Mística (Jennifer Lawrence). Juntos, formam o fio condutor da história, com interpretações seguras dentro de um contexto coerente e linear. Assim somos apresentados a cada um de modo particular com suas inquietações tipicamente humanas e ideais formulados durante o filme. Vimos como a amizade entre os dois mutantes se disseminou com o conflito latente em relação à Guerra. E o que levou a jovem Haven a optar pela militância ao lado do mutante com poderes magnéticos. Tópicos que ficaram obscuros em todas as outras sequencias da série.

X-Men Primeira Classe apaga todos os equívocos da primeira trilogia e reescreve a história ao elevar o filme a algo visto em Batman - o cavaleiro das trevas (2008). Cinema de primeira linha, mesmo que o objetivo seja apenas entreter. Quando estes objetivos ultrapassam nossas expectativas, torna-se uma agradável surpresa. E como é prazeroso assistir a um ótimo entretenimento quando se tem plena consciência ao o que se está assistindo! Que daqui pra frente os profissionais envolvidos neste processo tenham consciência de que não basta apenas vestir o Herói com uniforme e máscara. É preciso ter inteligência e criatividade para criar e conduzir outros filmes como o de Vaughn. Para que haja outras produções de primeira classe.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Globo De Ouro 2012

Prévia do Oscar? Nem tanto.

Esta é a lista dos indicados ao Globo de Ouro para cinema. Dizem que é uma prévia do Oscar, o que discordo, já que muitos filmes ganham força na Academia por questões técnicas. Apresentarei os candidatos, minhas apostas e quem talvez sobreviva para o Oscar. São eles:

Melhor filme - Drama:
"Os descendentes"
''Histórias cruzadas"
''A invenção de Hugo Cabret"
''Tudo pelo poder"
''O homem que mudou o jogo"
''Cavalo de guerra"

- Desses, acho que o prêmio vai para o independente Os Descendentes de Alexander Payne. Estranhamente ignoraram A Árvore da Vida de Terrence Malick , O Espião que Sabia Demais, de David Fincher e Tão Forte e Tão Perto de Stephen Daldry. Porém, são muitas regras que moldam a lista, além de não levarem em consideração aspectos técnicos. Por isso, nem sempre quem ganha o Globo de Ouro é favorito ao Oscar.

Melhor filme - Musical ou Comédia:
"50/50"
''O Artista"
''Missão Madrinha de Casamento"
''Meia-noite em Paris"
''My week with Marilyn."
- Considero uma categoria estúpida. Era melhor colocar dez candidatos em uma só categoria, isso evitaria que O Artista, postulante a obra-prima do ano, Meia-Noite em Paris e My week with Marilyn, se desvalorizem concorrendo com filmes inferiores. Dos três, o filme de Hazanavicius vence, mas os outros dois provavelmente estão na lista da Academia.

Melhor ator - Drama:
George Clooney, "Os descendentes"
Leonardo DiCaprio, "J. Edgar"
Michael Fassbender, "Shame"
Ryan Gosling, "Tudo pelo poder"
Brad Pitt, "O homem que mudou o jogo"

- Nessa categoria, é difícil um prognóstico, mas a disputa fica entre Clooney, DiCaprio e Pitt. Aposto em DiCaprio. Ryan Gosling e Michael Fassbender disputam uma vaga para a lista do Oscar, apesar de o primeiro poder entrar por outro filme, Drive.

Melhor atriz - Drama:
Glenn Close, "Albert Nobbs"
Viola Davis, "Histórias cruzadas"
Rooney Mara, "O homem que não amava as mulheres"
Meryl Streep, "A dama de ferro"
Tilda Swinton, "Precisamos falar sobre o Kevin"

- Briga de cachorra (no bom sentido) grande nessa categoria. Glenn Close e Meryl Streep são favoritas. Mas Viola Davis é uma ameaça a ser considerada. Fico com Glenn Close. Acho que na bacia das almas Rooney Mara entrará no Oscar, Tilda Swinton sairá para a entrada de Michelle Willians, é serão assombradas por Kirsten Dunst (Melancolia).

Diretor:
Woody Allen, "Meia-noite em Paris"
George Clooney, "Tudo pelo poder"
Michel Hazanavicius, "O Artista"
Alexander Payne, "Os descendentes"
Martin Scorsese, "A invenção de Hugo Cabret"

- Parece ser barbada a vitória de Michel Hazanavicius, e aposto nele. Alexander Payne corre por fora,e Scorcesse está na lista por seu prestígio (não desmerecendo seu filme, que não vi). Allen não ficará para a lista do Oscar, assim como Clooney. Perderão lugar para Steven Spielberg (Cavalo de Guerra) e Terrence Malick (A Árvore da Vida). Stephen Daldry (Tão Forte e Tão Perto) e David Fincher (O Homem que não Amava as Mulheres), também tem chances.

Melhor ator - Musical ou Comédia:
Jean Dujardin, "O Artista"
Brendan Gleeson, "O Guarda"
Joseph Gordon-Levitt, "50/50"
Ryan Gosling, "Amor a toda prova"
Owen Wilson, "Meia-noite em Paris"

- É quase certa a vitória de Dujardim. Mas sabe-se o que se passa na cabeça da imprensa internacional. Deles, só ele mesmo para o Oscar.

Melhor atriz - Musical ou Comédia:
Jodie Foster, "Carnage"
Charlize Theron, "Jovens adultos"
Kristen Wiig, "Missão Madrinha de Casamento"
Michelle Williams, "My week with Marilyn"
Kate Winslet, "Carnage"

- Michelle Willians é minha aposta. Mas Charlize Theron tem força, assim como Forster e Winslet. Mas para a lista da Academia, só a loirinha incorporada por Marilyn Monroe mesmo.

Melhor ator coadjuvante:
Kenneth Branagh, "My week with Marilyn"
Albert Brooks, "Drive"
Jonah Hill, "O homem que mudou o jogo"
Viggo Mortensen, "Um método perigoso"
Christopher Plummer, "Beginners"

- Plummer não se cansa e é provável que vença. Mas aposto na volta do Shakespeareano Branagh. São dois nomes certos no Oscar. Acredito que Viggo Mortensen como Sigmund Freud vai encher os olhos dos acadêmicos. Hill e Brooks dependerão da força de seus filmes até janeiro, já que Tom Hanks e Max Von Sydow (Tão Forte e Tão Perto), e Paul Giamatti (Tudo pelo Poder) estão no páreo.

Melhor atriz coadjuvante:
Berenice Bejo, "O Artista"
Jessica Chastain, "Histórias cruzadas"
Janet McTeer, "Albert Nobbs"
Octavia Spencer, "Histórias cruzadas"
Shailene Woodley, "Os descendentes"

- O duelo será entre Bejo e Spencer, aposto na primeira. As duas juntamente com Jéssica Chastain são quase certeza no Oscar. Já as outras sairão para a entrada de Vanessa Redgrave (Coriolanus) e Judy Denchi (J. Edgar). Emma Watson (Cavalo de Guerra) espera a repercussão de seu filme para abocanhar uma vaga.

Melhor filme em língua estrangeira:
"The flowers of war"
''In the land of blood and honey"
''O Garoto da Bicicleta"
''A Separação"
''A Pele que Habito"

- Gostaria que O Garoto da Bicicleta dos irmãos Dardenne vencesse, entretanto, o iraniano A Separação é minha aposta. Por questões de regulamento, Tropa de Elite 2 ficou de fora da seleção. O interessante é que para o Oscar, só o representante do Irã e The Flowers of War estão na disputa por uma vaga. Poderão ter a companhia de Miss Bala (México), Pa Negre (Espanha) e O Porto (Finlândia).

Melhor filme de animação:
"As Aventuras de Tintin: O segredo do Licorne"
''Operação Presente"
''Carros 2"
''Gato de Botas"
''Rango"

- A animação de Spielberg vence. Não acho que O Gato de Botas e Carros 2 sobrevivam na lista da Academia. Rio e Happy Feet 2, assim como Kung Fu Panda 2 podem pintar até janeiro.

Melhor roteiro:
Woody Allen, "Meia-noite em Paris"
George Clooney, Grand Heslov e Beau Willimon, "Tudo pelo poder"
Michel Hazanavicius, "O Artista"
Alexander Payne, Nat Faxwon e Jim Rash, "Os descendentes"
Steven Zaillian e Aaron Sorkin, "O homem que mudou o jogo"

- Vence o roteiro de Hazanavicius. Lembrando que para o Oscar a categoria se divide em original e adaptado. Todos provavelmente estarão na listagem, assim como Tão Forte e Tão Perto, Cavalo de Guerra e O Espião que Sabia Demais.

Trilha sonora original
Ludovic Bource, "O Artista"
Abel Korzeniowski, "W.E."
Trent Reznor e Atticus Ross, "O homem que não amava as mulheres"
Howard Shore, "A invenção de Hugo Cabret"
John Williams, "Cavalo de guerra"

- Aposta no bi da dupla Reznor/Ross. É bem provável que só eles Willians e Shore continuem para o Oscar. Mas tudo sempre pode mudar.

Melhor canção original:
"Hello hello" (música de Elton John, letra de Bernie Taupin), "Gnomeu e Julieta"
"The keeper" (música e letra de Chris Cornell), "Redenção"
"Lay your head down" (música de Brian Byrne, letra de Glenn Close), "Albert Nobbs"
"The living proof" (música de Mary J. Blige, Thomas Newman, Harvey Mason Jr., letra de Mary J. Blige, Harvey Mason Jr., Damon Thomas), "Histórias cruzadas"
“Masterpiece” (música e letra de Madonna, Julie Frost, Jimmy Harry), “W.E.”

- Não conheço as canções. Mas aposto na força do filme Histórias Cruzadas.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

TOM HANKS

Ele vale o quanto pesa

“Um astro que vale o que recebe”. A frase atribuída a Antony J. Hanks, ou simplesmente, Tom Hanks é de uma reciprocidade tão grande quanto o talento deste ator californiano que se tornou rapidamente um dos mais dignos modelos de astros cinematográficos.

Nascido em Oakland (Califórnia, EUA), ele passou a infância entre mudanças e separações. Após o divórcio dos pais, aos 5 anos de idade foi morar com o progenitor em Nova Iorque. Enquanto seus outros dois irmãos ficariam com a mãe por certo tempo. Anos mais tarde, a união definitiva da família Hanks mudou radicalmente sua vida. Na época de colegial, notava-se que não teria muita aptidão para os estudos acadêmicos. Assim sendo, dedicou seu tempo, entre a inadimplência nas aulas e as colas, à sua maior paixão: o teatro. Depois de diplomado, foi convidado pelo diretor Vincent Dowling para estagiar no Teatro Shakespeare de Great Lakes, em Cleveland. Bastou apenas um único verão para impressioná-lo e faturar seu primeiro prêmio como ator pela peça The Two Gentleman of Verona. No entanto, nem mesmo com este inicio arrasador na carreira, não o impediu de passar por problemas financeiros. As dificuldades se estenderam de forma pessoal e profissional até encontrar um agente e participar de peças off- Broadway. Neste tempo teve de implorar por um papel de 90 dólares em Ele sabe que você está só. Neste mesmo ano (1980), estreou na TV com uma variação do clássico Quanto mais quente melhor, o seriado Bosom Buddies, que durou duas temporadas. O talento de Hanks ao se travestir de mulher no papel de Jack Lemon no cinema, chamou a atenção de Ron Howard e em 1984, estrelava ao lado de Daryl Hannah, a comédia romântica Splash – uma sereia em minha vida. O filme foi o boom que precisava para sua ascensão. Depois vieram Voluntários da fuzarca (1985) e um dos filmes que ele mais apreciou em fazer, Nada em Comum (1986).

Quero ser grande se encaixou perfeitamente como o lema de sua carreira. A aspiração de um ator de talento notório em busca de reconhecimento. E foi exatamente neste filme de Penny Marshall que ele veio. Hanks recebeu sua primeira indicação ao Oscar no papel de garoto no corpo de um adulto. E não foi para menos, afinal, teve de substituir ninguém menos que Robert De Niro no papel. Para isso, Hanks se dedicou inteiramente ao personagem, interagindo com crianças para estudar seus comportamentos e gestos. Algo parecido ele usou nos palcos em sua fase de comediante nos clubes de Nova Iorque no Palco das Ilusões. Uma experiência que se tornou uma grande lição de vida. “Só depois de esgotar seu repertório em dois minutos e ter de passar o resto do tempo sem saber como entreter o público é que se descobre como o fracasso é deprimente”.

Fracasso é uma palavra que deveria ser banida do dicionário de um ator que aspira competência e exala um carisma inebriante. Porém nem mesmo estes valiosos atributos o impediram de errar feio na escolha de alguns trabalhos. Dragnet - desafiando o perigo (1987); Meus vizinhos são em terror; Uma dupla quase perfeita (1989), onde dá uma de Dr. Doolitle contracenando com um cão horroroso e Joe vs. The Volcano (1990).

No entanto o início dos anos 90 marcou definitivamente o início de uma nova era em sua carreira. Os fracassos ficariam para trás, e o nome Tom Hanks se tornaria sinônimo de reconhecimento. A grande virada ocorreu mais precisamente em 1990 como protagonista de A fogueira das vaidades de Brian de Palma. O sucesso o levou até Filadélfia (1992). Sua soberba interpretação de um advogado aidético que tenta limpar seu nome maculado pelos patrões da firma onde trabalhava, comoveu o público e impressionou a crítica, que não teve dúvidas em lhe dar seu primeiro Oscar. E para reafirmar seu enorme talento, no ano seguinte repetiu a dose em Forrest Gump, O Contador de Histórias, tornando-se o único ator a ganhar consecutivamente o prêmio. Dali em diante, seu nome foi parar no anfiteatro chinês de Los Angeles, bem como na calçada da fama em Hollywood. Já era um astro consagrado quando aceitou embarcar outro empreendimento. Em 1995 ele emprestou sua voz a um dos personagens mais amados do cinema atual. O cowboy Woody da franquia Toy Story. Para ele, um trabalho tão prazeroso quanto os que interpreta fisicamente nas telas.

Tom Hanks seria indicado mais duas vezes ao Oscar. O Resgate do Soldado Ryan (1998) de Steven Spielberg foi muito mais que um filme para ele, uma vez que decidiu militar ativamente na preservação da memória de homens e mulheres na Segunda Guerra. Em Náufrago (2000), ele novamente reencontraria o diretor Robert Zemeckis (o mesmo de Forrest Gump), numa das melhores e mais curiosas interpretações da história onde tabela com uma bola de vôlei (coisas de Hanks!). Neste trabalho ele une com uma perfeição ímpar, seu inestimável humor com o talento dramático. À Espera de Um Milagre (1999), Estrada Para a Perdição (2002), também de Zemeckis e a comédia romântica Mensagem para você foram outros bons trabalhos. Em 2004, Matadores de Velhinhas, O Expresso Polar e O terminal seria o ponto de contraposto entre o fracasso e o sucesso.

Sucesso é a palavra que mais resume sua carreira apesar dos equívocos. Foi assim que levou para as telas um dos maiores heróis da literatura moderna. Robert Langdon é uma espécie de Sherlock Holmes do best-seller O Código Da Vinci do polêmico Dan Brown e pelas mãos de Hanks foi sucesso instantâneo também nas telas. As bilheterias estouraram em 2006, fazendo com que voltasse a interpretá-lo em 2007 na sequencia Anjos e Demônios. No mesmo ano viu seu filho Colin Hanks estrear no cinema em A Mente que Mente; co-produziu Jogos do Poder, onde atuou ao lado de Julia Roberts, que se transformou em uma de suas maiores fãs e amigas. Em Larry Crowe – O Amor está de volta (2011) a parceria se repetiu com Hanks na direção. “Trabalhar ao lado dele não pode ser considerado como trabalho. É pura diversão”, declarou a estrela. Como se vê, o talento de Hanks não se resume apenas à frente das câmeras. Uma nova parceria com o genial Spielberg renderia outros bons frutos pela premiada minissérie The Pacific.

Do anonimato ao estrelato, podemos definir em uma palavra o que representa o cinema pela visão de um dos mais amados e aclamados astros de Hollywood. Paixão. A mesma que desperta em todos os cinéfilos a cada papel que representa com segurança e autoridade. Uma carreira consagrada pelo talento, reconhecimento e valorização, sendo um dos astros mais bem pagos atualmente. Valor que nenhum dos estúdios titubeia em arcar, pois sabem que o astro vale ouro como figura humana e profissional. Sabem que ele vale o quanto pesa.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

A Árvore da Vida (2011)

The tree of life, 2011. Dirigido por Terence Mallick. Com Brad Pitt, Sean Penn e Jessica Chastain.

Nota: 9.4

Muitos se assustam quando se deparam com a narrativa não-linear, com simbolismos e alegorias que pipocam a todo momento nas pouco mais de duas horas do filme A Árvore da Vida, escrito e dirigido por Terrence Mallick. E não para menos, o diretor destila todo seu potencial e cria uma obra de sensibilidade única, inspirada em grandes mestres, para contar uma história que vai da agonia da culpa ao extase da expiação. Com fotografia incrível, o filme carrega apenas um defeito, ser direcionado a olhos sensíveis a um cinema fora do comum.

Se em Além da Linha Vermelha (1998) Mallick trabalhou com elementos mais comuns ao cinema americana "convencional", com o diferencial de montar um filme com uma linguagem mais lírica e lenta para um exemplar de guerra, retratando os temores e terrores de quem viveu a terrível experiência nos campos das ilhas da indonésia. Se tornou cult movie e bateu de frente com O Resgate do Soldado Ryan (1998), de Steven Spielberg. Nesse longa, o diretor buscou os conflitos internos que atormentavam os combatentes, sob uma ótica contrastantes com o show pirotécnico, e excepcional, do filme de Spielberg.

Para quem pretende entender a expansão alegórica de A Árvore da Vida, tem de se ao menos ter aguentado a lentidão de seu filme anterior. Apesar de assemelhar-se em condução, a construção filmica se tornou muito mais tênue e complexa. Em um primeiro ato, o texto direciona o expectador para a reflexão maniqueísta do equilíbrio humano, emendando à questões transcendentais quanto ao temor a Deus. Poucas palavras salpicam e resumem a agonia que consome o personagem, e começam a desenrolar a trama no que seria seu ápice.

O momento mais extraordinário, e um tanto subjetivo, do filme é sua analogia temporal, que leva o público através dos tempos na busca por uma explicação para as questões levantadas nas sequências anteriores. Talvez só o próprio Mallick compreendesse essa sequência, ou então fosse sua intenção deixar cada um tirar suas próprias conclusões. O mesmo Stanley Kubrick havia feito em 2001: Uma Odisséia no Espaço (1968), só que as ferramentas que ele utilizou durante todo o filme, do recorte temporal no início ao infinito na sequência final, proporcionou um entendimento menos nebuloso quanto ao de Mallick.

Apesar de ousada, o mecanismo de "viagem no tempo" não é nenhuma novidade. Este estilo pode ser visto em Adaptação (2002), de Philip Kauffman, onde sua narrativa também engloba dramas existenciais, porém com um concepção mais humor-negro, e bem menos complicada. Mas o que torna A Árvore da Vida uma obra com requintes de prima, é o teor intimista, Com uma fotografia impressionante, possivelmente vencedora do próximo Oscar, e que arranca de Brad Pitt sua melhor interpretação.

Ainda sobre Pitt, quanto mais sua imagem se distancia de um deus helênico, mais seu talento ganha destaque. Sua atuação como o pai rígido e depois arrependido, emana antipatia e compaixão, o que prova a competência com que incorporou o personagem. Sua companheira, Jessica Chastain, pinta como a grande sensação do ano, já que além da boa atuação nesse longa, emplaca outra excelente participação em Histórias Cruzadas (Help, 2011). A ruiva, além de ser fisicamente semelhante a australiana Cate Blanchett, seu início mostra que tem talento para um dia ser como ela atuando.

Por fim, não nada de mais no filme de Terrence Mallick. É apenas uma discussão intrínseca, muitas vezes transcendental, do ser humano. Uma visão lírica de um assunto comum a qualquer um. Para quem não consegue entender o contexto, é só experimentar assistir novamente, e ao contrário do que dizem a respeito, não se trata de uma produção voltada para quem se acha culto e com uma capacidade maior que os outros. É apenas um filme que exige atenção, em todos os elementos que compõe o cenário, para só assim poder se identificar com a trama, e então, entendê-la.