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terça-feira, 26 de abril de 2011

As piores, entre as melhores, coisas do mundo

O que torna a juventude especial? Que faz cidadãos de seus quarenta e tantos anos suspirarem por estes tempos que jamais voltarão? Bem, isso vem de cada um. A adolescência para muitos, principalmente para quem a está vivendo, é a pior parte do aprendizado da vida. O momento crucial onde a encruzilhada em que a vida nos conduz, desilude e coloca às mais terríveis provações, nossa personalidade em formação. É nesse estágio em que o jovem Mano descobre que o processo de crescer não é difícil, dependendo da forma de como você a encara. E isso é conduzido de forma singela por Laís Bogdanski em As Melhores Coisas do Mundo.

Através do roteiro de Luiz Bolognesi, as decepções da vida de adolescente, as descobertas de amor e sexo, os dramas familiares e o buylling, nos mostram o desenho de toda a sociedade atual, desacralizada pelo mundo pós-moderno. A concepção de família, vai de encontro ao que um dia era tão abjeto quanto se manter vivo. O jovem Hermano, interpretado por Francisco Miguez, aprendeu de forma abrupta todas essas lições, mas soube enfrentar todo esse turbilhão, o que não o salvou do sofrimento.

Ter um pai que se assume gay, pode complicar a vida den qualquer adolescente, principalmente no lugar onde passa por seus maiores dilemas juvenis, a escola. As instituições, palco de dez entre dez crueldades ofensivas à uma pobre mente em construção, sempre tem sua parcela de culpa no que pode vir a acontecer de errado a um adulto. Mano sofreu buylling, ao mesmo tempo em que se decepcionava com o “amor”. Ainda de tinha de enfrentar a instabilidade emocional do irmão mais velho, a incoerência de seus ideais, aceitar as escolhas do pai e ainda ser o pilar da reconstruçao de sua mãe. Parece um super-herói, mas é só um ser humano. Daí a sutileza do filme.

A diretora desfragmenta em atos tudo o que acontece na adolescencia de todo mundo, sendo com a intensidade mostrada no longa, ou não. Em momento nenhum à uma fórmula secreta para enfrentar este estágio da vida. O roteiro não se prende a vinganças juvenis, e nem exalta as qualidades do personagem central, apenas relata fatos que provavelmente o espectador tomará partido, por ser comum a qualquer um. Uma análise sem psicólogo.

A excelente trilha sonora não nos deixa esquecer que se trata da juventude. E cada vez em que acompanhamos a tristeza do jovem Mano, percebemos o quanto essa etapa de nossas vidas definem nosso futuro de forma irremediável. Sem julgamentos, podemos entender, ou tentar entender, o que aconteceu com o rapaz de Realengo, para que tenha chegado ao ponto de tirar o futuro de 12 pobres crianças. Não é um acoitamento, é um questionamento.

Se Mano não tivesse superado as intempéries deste aprendizado, talvez terminaria em um quarto de hospital psiquiátrico, ou tiraria a própria vida, como tentou fazer o irmão, ou pior, tiraria a vida de inocentes. Mas ainda bem, que a maioria do mundo sabe lidar com este cruel período da vida. Além do mais, quem não experimenta as piores coisas da vida, jamais saberá quando as melhores estiverem acontecendo.

As Melhores Coisas do Mundo, 2010. De Laís Bodanzki, com Francisco Miguez, Paulo Vilhena, Denise Fraga, Zé Carlos Machado, Caio Blat e Fiuk.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

A LISTA DE TODAS AS RAÇAS

"O dia de hoje é histórico .O dia de hoje será lembrado. Anos mais tarde todos os jovens perguntarão sobre este dia. O dia é histórico e vocês são parte dele. Há 600 anos quando em outro lugar procuravam de quem a culpa pela peste bulbônica, Casemiro, conhecido como o Grande, disse aos judeus que eles podiam vir para a Cracóvia. Eles vieram com seus pertences para a cidade. Se estabeleceram, tomaram conta, prosperaram nos negócios, na ciência ,na educação, nas artes. E eles prosperaram e por seis séculos existiu a Cracóvia Judia. Pensem nisto, e esta noite estes seis séculos não passam de um boato, nunca aconteceu. Este dia é histórico.”
Amon Goeth ,general da SS, antes da extinção do Gueto judeu na Polônia em 16 de Agosto de 1942


A disputa pelo poder das super potências econômicas teve como característica primordial os elementos do Imperialismo, ou seja, o processo de dominar as outras nações pela força de tomar dos outros o que originalmente não lhe pertence. Países e continentes foram tomados pela ânsia de poder de uns sobre os outros. Este processo desencadeou a Segunda Guerra Mundial, deixando uma herança de ódio e preconceito para a humanidade.

A Segunda Guerra Mundial foi o capítulo mais triste de nossa história. Foram seis anos de vergonha que nos levou a beira do abismo ético, moral e social. Os alicerces que a sustentavam tiveram como base a tentativa de dominação de uma nação sobre as outras. Uma faxão de poder militar e econômico ganha força ao tentar resgatar o orgulho de sua nação. Eles representavam a chamada Raça Ariana e a intitulava como a mais pura, a superior, a que mais se aproximava do ser humano. Aqueles que não seguiam seus padrões físicos eram tachados de seres inferiores e, portanto, não eram classificados como seres humanos.

Negros, asiáticos e indígenas sofreram discriminadamente ao longo da história e durante alguns muitos tempos mais foram deixados à margem. Os negros viram seu continente ser dividido como fatias de pizza pelos europeus e depois transformados em escravos. Os asiáticos tiveram seus templos violados e sua cultura esmagada pelo exército britânico que lá se estabeleceu durante anos. Os índios massacrados física e ideologicamente pelos colonizadores e hoje veem pouco a pouco sua cultura sendo jogada ao esquecimento. Todos tiveram que se submeter pela força a uma outra cultura. Tudo em razão de uma idéia totalmente deturpada de um grupo ao conceituar a raça humana como um todo.

O que nos parece mais grave e digno de uma reflexão mais aprofundada é a convicção que uma raça tinha de negar compartilhar com as outras características de humanidade. Julgar os outros por sua concepção política, religiosa, crença ou opção sexual é algo inadmissível, porém ainda digno de discussões pautadas. Mas não reconhecê-los como seres humanos em toda sua concepção é algo inconcebível até mesmo diante dessas discussões. Este princípio se tornou a bandeira do Holocausto. A disseminação do ódio da raça ariana pelos judeus durante a Guerra. Segundo este princípio, os judeus eram os responsáveis pela crise que a Alemanha enfrentava naquela época. Os judeus passaram a ser vítimas de uma campanha anti-semita do Nazismo.

Meios de comunicação em massa foram usados bem como discursos inflamados por todos os líderes do Partido frente à população. Até as crianças foram atingidas, uma vez que nas escolas o que se pregava nas cartilhas era ódio e discriminação aos judeus. Para sustentar suas afirmações, os Nazistas recorreram a argumentos científicos, que segundo eles, eram inquestionáveis para o resto da população. O judeu não era um ser humano. Eram como ratos, piolhos, insetos nocivos à humanidade e como tais mereciam ser extintos. Eram tratados como animais no sentido literal da palavra.

Tiveram suas vidas arrancadas e sua dignidade despida sob todos os aspectos. Foram proibidos de frequentar qualquer local ou estabelecimento público. Depois que tiveram suas lojas e patrimônios destruídos, foram expulsos de suas casas, forçados a viver amontoados numa área restrita que chamaram de Gueto. Este, por sua vez, não era como um cortiço. As condições de vida eram tão subhumanas que nem de longe poderia se perceber que se tratava de uma moradia humana. Mais lembrava um cercado, um curral . Sua extinção em Agosto de 42, levou os judeus aos campos de concentração. Um lugar que mais parecia uma prisão, mas uma prisão para animais. Dormiam numa espécie de estábulo e eram marcados como gado antes de trabalharem como escravos até a morte eminente. Homens e mulheres saudáveis ganhavam uma sobrevida nos campos. Já as crianças e os idosos eram assassinados em câmaras de gás sem nenhum tipo de consciência ou remorso.

O homem mostra sua mais assustadora face como único animal que mata o da mesma espécie. Um a um, 6 milhões de judeus foram exterminados pelas forças alemãs da SS. E este número poderia ter sido maior se não fosse a coragem e compaixão de um homem que arriscou sua vida e fortuna para salvar 1.100 judeus.
O theco Oskar Schindler migrou para a Polônia a fim de enriquecer com a Guerra e fez de sua fábrica de armamentos um refúgio para seus 1.100 operários. Á princípio a idéia era lucrar com a mão-de-obra judia,muito mais rentável do que a polonesa. Porém quando se deparou com o massacre do Gueto começou a se sensibilizar com o sofrimento do povo que o estava ajudando a enriquecer. Nem o fato de ser membro do Partido Nazista o inibiu, pelo contrário, sua influência perante os poderosos o ajudou a cumprir sua missão. Ele tinha a consciênciade que o poder não vinha da força e sim do respeito e compaixão pelos menos favorecidos.

Abriu sua mente e o coração com o devido respeito à cultura judia e assim pôde aprender a valorizar o que nós, seres humanos, temos de melhor. A diversidade cultural. Foi o que serviu como base para a Declaração Universal dos direitos Humanos feita pela ONU (Organização das nações unidas) após a Guerra. Ela que nos faz enriquecer através da troca de experiências com outras culturas. Mas para isso devemos abrir nossas mentes e nossos corações. Ver nos outros nossa imagem e semelhança, como parte de uma única classe, uma única espécie, uma única raça. Entender que o que nos separa é justamente o que nos dá mais força e equilíbrio. Divergências culturais são saudáveis para todos nós. Contudo, é preciso saber separar estas divergências de qualquer tipo de preconceito. Não é preciso discriminar esta ou aquela raça e sua cultura. Quando nos tornemos ditadores de princípios que julgamos serem os melhores, os mais adequados à humanidade, cometemos um erro que nos torna tão irracionais quanto animais. Quando chamamos um negro de macaco, um gordinho de elefante, as loiras de burras e os homossexuais de “bichas”, estamos renegando a todos o direito de pertencerem a nossa raça. São formas graves e inaceitáveis de preconceito de quem se considera parte da mesma raça. Somos únicos e cada qual contribuiu da sua forma para uma lista universal da Paz. A lista de todas as raças sublinhada com amor, fraternidade e respeito a todas as formas de diversidade.


A Lista de Schindler (Schindler’s List , 1993)
Com Liam Neeson e Ben Kingsley

VEJA TAMBÉM :

O pianista – a história real de Wladislaw Spilzmam, um pianista de sucessoque foi testemunha ocular do massacre do Gueto

Olga – mulher , alemã, judia e comunista que lutou contra o poder ditatorial da Era Vargas durante a Segunda Guerra.

A vida é bela – uma visão romântica criada por Roberto Beningni de como um pai de família protegeu suaesposa e filho dos horrores.

A queda – as últimas horas de Hitler

quarta-feira, 13 de abril de 2011

O Cinema e seus antológicos personagens

Desde os primórdios o cinema trabalha com registro das imagens para posteriedade, e graças a ele podemos acompanhar, hoje em dia, fatos e acontecimentos que provalvelmente estariam perdidos em páginas amareladas de livros de história e enciclopédias. Esse poder fixador da sétima arte, ajudou a criar mitos, reais ou fantásticos, que mesmo depois de décadas ainda continuam a serem citados e homenageados.

Quem nunca ouviu falar do diabólico Darth Vader com sua voz peculiar? Muitos o conhecem sem ao menos ter visto um teaser sequer da saga Star Wars. O mítico personagem se tornou sinônimo de pessoa malvada e sem escrúpulos. Quem poderia se tornar uma termo de dicionário é Forrest Gump. Para todos aqueles que contam histórias de veracidade duvidosa, o termo é apropriado. O que dizer então de Shrek, que com sua simpatia e feiúra, transformou-se em apelido predileto entre grupos de amigos. Ainda temos personagens lembrados por dez entre dez cinéfilos.

A famosa frase de Scarlet O’Hara em E o Vento Levou, ecoa pelo mundo cinematográfico, tanto quanto os grunhidos repgnantes do esquelético Gollum da fantástica trilogia O Senhor dos Anéis. O que comentar sobre a geniosa Margo Channing de A Malvada >e a antipatissíssima Miranda Priestly de O Diabo Veste Prada, interpretdas por Betty Davis e Meryl Streep, dois ícones do cinema americano?

Mesmo que alguns não gostem, não tem como se esquecer dos perserverante Rocky Balboa e do valente intrépido exército-de-um-homem-só John Rambo. Os brutamontes ainda têm vez através do Duro de Matar John McClane e do Extermidor do bem e do mal, T-800. Os psicopatas Hannibal Lecter e Norman Bates até hoje atormentam o sono de muita gente, o que na verdade é trabalho do irônico Freddy Kruegger e do estraga prazeres Jason.

A comédia imortalizou Carlitos, o adorável vagabundo. Assim também o fez com o atrapalhado Jack Sparrow que ainda navega por entre nós. Apesar de muitos considerarem coisa de criança, o carismático Roger Rabbit, representa junto com o inesquecível Burro, a Bela e a Fera e o pop star Mickey Mouse, o mundo das animações. Estas que ajudaram a tornar Mary Poppins um marco dos musicais, que já eram famosos por terem imortalizados a pequena Dorothy de O Mágico de Oz.

Os pertubadores da paz Alex de Laranja Mecânica e Coringa, de O Cavaleiro das Trevas, são tão lembrados quanto o escolhido Neo de Matrix. A maravilhosa Gilda vivida por Rita Hayworth, ainda desperta paixões, assim como a Bonequinha Holly de Audrey Hepburn. E se a bandidagem tem ao seu lado Scarface, Zé Pequeno e Vincent Vega sob a batuta de Dom Vito Corleone, o bem conta com a destreza dos agentes Jason Bourne e James Bond, o inteligente e sortudo Indiana Jones e o “faca na caveira” Capitão Nascimento.

E se a Juventude Transviada de Jim Stark não o permitiu acompanhar a fábula do E.T., o novo e repaginado King Kong, e o aterrorizador Tubarão, é por que não estava Curtindo a Vida Adoidado com segurança assim como Ferris Bueller. E se terminasse sem citar o arrogante Ricky Blane do marco Hollywoodiano Casablanca, cometeria um crime tão grande quanto esquecer do megalomaníaco Cidadão Charles Forster Kane.

É óbvio que ainda tem nomes que minha não conseguiu me recordar, assim como tem muitos que não couberam no texto. Muitos imortalizaram o cinema assim como este os imortalizaram. Em meia hora fui capaz de relembrar antológicos nomes que irão durar até o fim dos tempos graças a película de um cinematógrafo.

Qual seu personagem preferido?

segunda-feira, 11 de abril de 2011

ELIZABETH TAYLOR:

“Sempre me caso com os homens pelos quais me apaixono”
Elizabeth Taylor (1932 - 2011)

Elizabeth Rosemound Taylor foi a última das grandes estrelas manufaturadas pela fábrica de sonhos de Hollywood. A última da era romântica ou de ouro. A última das estrelas que faziam de sua beleza o cartão de visitas para o sucesso e seu carisma o passaporte para a fama.

Dotada de uma extraordinária beleza, estava mesma destinada a notariedade desde 1932, o ano de seu nascimento em Londres. Os pais eram antiquários que emigraram para os EUA, mais especificadamente Los Angeles, após a Segunda Guerra Mundial. Na cidade dos anjos, ou melhor, terra dos sonhos, seus olhos de raro tom azul-violeta , lhe abriram as portas para a carreira de atriz. Foi contratada pelo Metro e aos 11 anos, numa atuação comovente, despertou a curiosidade do público em A força do coração(1943).

Daí por diante foi uma das poucas atrizes que conseguiu crescer frente às câmeras sem perder seu brilho em papéis de garotas bonitas e mimadas. Em 1950 com apenas 18 anos obteve seu primeiro papel na fase adulta como a esposa de um milionário maduro em O traidor. A maturidade adquirida nas telas se extendeu pela realidade quando casou-se com Conrad “Nick” Hilton, o herdeiro da famosa cadeia de hotéis. Começava assim sua coleção de maridos.

A união com Hilton durou poucos meses e em 1952 casou-se com o ator inglês Michael Wilding,vinte anos mais velho e pai de seus filhos Michael Jr. e Cristhopher. Divorciou-se em 1957 e no mesmo ano estava casada com o produtor Mike Todd. Sua filha Liz Todd nasceu pouco antes dela ficar viúva. Depois veio o cantor Eddie Fischer, melhor amigo de Mike, um motivo para um tremendo escândalo em Hollywood. Além disso foi acusada de estar ‘roubando’ o marido da amiga Debbie Reynolds. A união com Eddie e as consequencias que trouxe a mesma só sessaram-se em 1963 quando Liz se apaixonou por Richard Burton durante as gravações de Cléopatra na Itália.

Ambos tiveram que pedir o divórcio de seu respectivos cônjuges. Legalizaram a união em 1964 e neste tempo a estrela teve de enfrentar além dos paparazzis, uma traqueotomia para poder respirar. Seu casamento com Burton eram manchetes nos jornais do mundo inteiro. Brigas, bebedeiras, presentes milionários e jóias raras ditavam as regras do relacionamento. No entanto parecia que a popularidade de ambos saíam ilesas deste mar de confusão e juntos fizeram 9 filmes, entre eles Quem tem medo de Wirginia Wolf? (1966),que deu a Liz seu segundo Oscar. O primeiro ganhara em Disque Butterfield 8 (1960).

O casamento com Burton terminou em 1974 e um ano depois fizeram uma nova tentativa de 9 meses ao se casarem na África do Sul. Em vão. Burton havia ficado para trás e então em 1976 ela casou-se com o senador John Warner e conhecer uma vida como dona-de-casa.

O exílio doméstico durou até os anos 80 quando ingressou no teatro. Obteve grande sucesso com as peças The Little Foxes e Private Lives,esta com o ex Richard Burton. Divorciada do senador Warner em 1982 jurou que jamais se casaria outra vez,apesar dos inúmeros noivados tão conturbados quanto seus matrimônios.

Quando Burton morreu na Suíça em 1984, ela se internou numa clínica de dexintoxicação de álcool e barbitúricos. Este tipo de boato sempre assombrou a atriz que se viu num emaranhado de fofocas neste sentido quando suspeitaram que Liz teria contraído o vírus da AIDS de um de seus namorados,o milionário Malcom Forbes,morto pela mesma doença. Em Abril de 1990, foi operada do pulmão devido a uma repentina pneumonia. Atordoada por tantas fofocas, explodiu: ”Deixem-me morrer em paz”.

Que assim seja. Que repouse nos braços da eternidade uma das maiores estrelas da história do cinema. A última das primeiras. E que me perdoe Julie Christe e sua Darling, mas foi uma inglesinha de cabelos negros e de voz grave, ao mesmo tempo suave, a verdadeira mulher que amou demais e a que despertou em todos nós as maiores paixões.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

O brado de liberdade de todos Homens-Elefante

Quando Werner Herzog concebeu o melancólico O Enigma de Kaspar Hauser, em 1974, a história de um rapaz que depois de anos preso em um porão sai para conviver em comunidade mas não compreende o mundo que passou a viver, fez com que os espectadores sentissem pena, mas ao mesmo tempo questinassem todo processo que move a sociedade.

Os moradores da cidade o repugnavam e o trancafiaram numa torre. Medo do quê? Os moradores da cidade mostraram um lado da sociedade mundial que todos conhecem, mas negam. O preconceito diante de uma figura que não preenche os requisitos básicos do esteriótipo construído desde os primórdios dos tempos. Julgar a todos não é justo, se ninguém está livre de ter um gen preconceituoso. O filme se desenrola até momento onde o personagem não se compreende, o que faz dele refém da incompreensão da sociedade.

Mas nem tudo estava perdido. Em 1980, David Lynch provou que nem tudo pode ser setenciado de acordo com a opinão pública. Sob a apaixonante fotografia em preto e branco, O Homem Elefante chocou e emocionou pessoas de todo o mundo com a história verídica de John Merrick, um homem que tinha maior parte de seu corpo deformado devido a uma rara doença. Foi resgatado de um circo de "aberrações" por um médico. A partir daquele momento, o principal desafio de Merrick era enfretar o preconceito. Sempre que era humilhado, sujeitando-se a ser tratado como um animal, seu espírito se portava como tal. Se resignava a aceitar seu cruel destino, sem nem mesmo pronunciar uma palavra de lamento.

A missão do Doutor Treves, que o resgatou, não era fazer com que a sociedade o aceitasse, e sim fazer ele se aceitar. O brado "Eu não sou um animal, sou um ser humano!" de Merrick no auge de uma humilhação pública, faz com que passem a enxergá-lo como o homem que era. Outro personagem que o ajudou foi a Sra Kendall (Anne Bancroft), que aguçou sua sensibilidade para o teatro, tornando-o cada vez mais "humano".

A lição do filme de Lynch pode ser de grande valia nos dias atuais. Estamos em uma época onde o bullyng, seja real ou virtual, destrói sonhos e cria uma linha tênue de baixo astral na vida de muitas pessoas. Se seguirmos o pensamentos do pobre Kaspar Hauser, deixando o mundo nos abater, sucumbiremos. Entretanto se enfretarmos a realidade, não com violencia, mas simplesmente nos aceitando, com certeza a sociedade nos enxergará. Viva John Merrick!

segunda-feira, 4 de abril de 2011

PROFESSORES SEM LIBERDADE

Todo profissional que encontra sucesso em sua área geralmente o atribui à sua vocação. Algo que nasceram para fazer e faz com paixão. Para os professores esta vocação tão declamada tem um outro peso, uma outra significância. Trata-se de uma missão. A missão de formar profissionais e acima de tudo cidadãos para o futuro. Ela bem que poderia ser uma médica de sucesso ou uma engenheira, arquiteta, uma executiva ou advogada como o pai. Mas Erin Cruwell quis se arriscar numa área bem mais apaixonante com a convicção de que iria fazer a diferença na vida de outras pessoas,particurlamente de seus alunos.

Jovens que já poderiam se sentir vitoriosos pelo simples fato de conseguirem sobreviver àqueles anos conturbados pela violência das gangues em Long Beach (EUA). Ela bem que poderia se acomodar em sua posição e “apenas tentar sobreviver, ganhar experiência e se arriscar numa outra área”, como sugerira seus colegas de trabalho. Mas Erin estava mesmo disposta a fazer valer o cargo que assumira com paixão. Entendia mais do que ninguém sua missão, que ela conscientimente se incumbiu. Não queria, ou melhor, desejava formar apenas profissionaís bem sucedidos. Afinal naquela época e nas condições sociais que os jovens estudantes do Sistema de Integração do Colégio Wilson se encontravam, era estatisticamente e por experiência, improvável que daquela turma da sala 203 saísse algum profissional altamente qualificado.

Cruwell enxergava bem mais além. Bem mais em formar homens e mulheres de bem e caráter suficientes para viver com dignidade naqueles em que a violência imperava e que tinha uma força descomunal sobre suas vidas. Força que nem mesmo os professores sonhavam em exercer sobre eles. Jovens que sucumbiam facilmente à esta realidade devido a inércia de alguns profissionais que nasceram com a vocação de ajudá-los a sair destas condições. Profissionais que faziam parte de um grupo ao qual Cruwell ousadamente se excluía. Movida pela paixão de seus ideais, ela se recusava a aceitar passivamente o descaso de seus colegas e a superficialidade do sistema de integração. Sistema governamental que tinha como objetivo inicial a inclusão de jovens marginalizados à sociedade através da educação.

Assim sendo ela teve o talento de unir um sala separada pela segregação das gangues fazendo valer a verdadeira essência do sistema. Ao fazer seus alunos acreditarem em si mesmos, ela conseguiu fazer com que soubessem deixar fluir o que é certo em momentos decisivos de suas vidas sufocadas pela violência. Tudo em nome de sua paixão pela profissão e especialmente pelo ser humano que orgulhosamente ajudaria a formar. A professora tornou-se um exemplo de inspiração para um seleto grupo de profissionais que tendem a lutar contra inimigos que basicamente seriam seus aliados nesta guerra contra a violência. Um sistema educacional deficiente, que nem de longe lembra do conceito de integração social, uma má renumeração da classe, o descaso do governo para com este sistema e consequentemente para com dele depende e,em alguns casos, contra um inimigo inesperado e bem mais forte do que qualquer outro.

Os próprios pais de alunos mal intencionados nas salas de aula. Pais superprotetores que nem têm noção do quanto mal está fazendo à sua própria família, ajudando a criar pequenos monstros que agridem de forma verbal e muitas das vezes até de forma corporal seus pais da escola. Há algum tempo atrás estes pais agiam em comum acordo com os pais biológicos de seus alunos. A escola tornava-se uma extensão de sua casa e os professores parte de sua família. Chamá-los de “tio” ou “tia” era prática de meninos e meninas que ingressavam na vida escolar. Hoje os professores perderam a liberdade desta posição, uma vez que os pais lhes tiram sua autoridade à frente dos filhos cada vez que os mesmos cometem atos inadimissíveis dentro de uma sala de aula.

Ao proteger seus filhos eles tiram dos professores o direito de educar, aniquilando qualquer tipo de tentativa de se unirem contra a violência ou qualquer outro adversário da sociedade. Quando os pais perceberem que os maiores inimigos se encontram fora das salas de aula e voltarem a reconhecer a participação dos professores na educação de seus filhos, será dado um gigantesco passo rumo a formação integral de cidadãos. Formação esta que tem como base a educação, sistema fundamental para fazer de qualquer país uma grande potência.

Como aconteceu com o Japão depois da Segunda Guerra Mundial. Totalmente devastado pela guerra,o país encontrou na Educação uma maneira de recuperar seu status. O pequeno país, que poderia facilmente ser considerado uma ilha, fundou seus alicerces no sistema e o resultado foi o que muitos não esperavam que pudesse ser possível. Foi o chamado “Milagre Japonês”,em que país colocou em prática o que todos sabemos. A educação é a base para tornar um país uma potência econômica e social. Isto é um fato.

E se até quem tem olhos bem pequenos consegue enxergar,por que não um país muito maior e de olhos bem maiores não consegue este feito? Está mais do que na hora de abrirmos os olhos para o valor único de um profissional diferenciado que exige mais do que investimentos financeiros de todos nós, autoridades governamentais, profisssionais, pais, alunos, sociedade. É preciso que seja lhes dado o que é de direito. O respeito , a autoridade e a força para fazerem o que nasceram para fazer. Ensinar nossos filhos a ler a cartilha da vida, rabiscar esbossos de cidadania e escrever sua própria identidade de futuros escritores da liberdade.

Escritores da liberdade (Freedom winters / 2006) Com Hillary Swanck e Patrick Dempsey

Veja também :
O diáro de Anne Frank
• Crash – no limite
• Meu mestre , minha vida
• O refúgio secreto
• Diário de um adolescente
• Gangues de Nova Iorque

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Montagem pura

O filme “Jogos, trapaças e dois canos fumegantes”, do inglês Guy Ritchie, reverencia os mestres da montagem com uma narrativa tênue e divertida. Faz de uma obra despretensiosa uma verdadeira aula de cinema técnico por meio das mais diversas características. De Eisenstein à Welles, rememora o que há de mais puro e importante em uma produção audiovisual, a montagem.

A raiz condutora de um filme nasce na cabeça de seu roteirista, é fato. Entretanto não há dúvidas que se sua cabeça não esteja em perfeita sintonia com sua habilidade e sensibilidade em decupar o roteiro, o filme não floresce. No longa de Ritchie percebemos que sua mente trabalhou de forma a buscar essa condução no momento de sua construção fílmica. Por ser roteirista e diretor, ele sabia de todo o seu plano de montagem, e pode criar uma teia unitemporal, entrelaçando a trama e guiando o espectador para onde ele quisesse.

A criação de planos de conjunto em quase todo o filme valorizou a tensão necessária para que a trama não perdesse o fio condutor. Como inserir mais de uma dezena de personagens em uma trama sem se tornar cansativo? Plano de conjunto, usando muito da profundidade de campo e montagem rítmica. A segunda tão importante quanto à primeira, já que muitas seqüências são conduzidas pela trilha sonora.

Pode-se dizer que Guy Ritchie tenha se especializado em montagem. É só assistir Snatch - porcos e diamantes (2000) e Sherlock Holmes lançado em 2009, para perceber que ele “bebeu em fontes” Einsensteisianas para conseguir sua própria linguagem. E também é certo que “Jogos, Trapaças...” tenha se tornado uma das obras mais didáticas dos últimos anos, por reunir diversão, sonoridade, um excelente roteiro, e principalmente, montagem pura.


Jogos, trapaças e dois canos fumegantes (Lock, stock and two smoking barrels, 1998) dirigido por Guy Ritchie. Com Jason Flemyng, Dexter Fletcher, Jasobn Statham e Nick Moran.