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segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Grandes Zebras dos Oscar

O prêmio entregue pela Academia de Artes Cinematográficas é o mais badalado e prestigiado de todo o universo do cinema. Ainda assim, ano após ano, os resultados invariavelmente causam revolta, principalmente se aquele ator, atriz ou filme predileto não sair com a estatueta. Porém, em alguns anos, o resultado foi inesperado, não pela qualidade do vencedor, e sim daqueles que saíram derrotados. O Cineposforrest selecionou algumas situações em que o vencedor do Oscar era inferior aos seus concorrentes.


Melhor Atriz - Judy Holliday (Nascida Ontem, 1951)

É inacreditável pensar que nem Bette Davis e nem Anne Baxter tenha vencido o Oscar pelas atuações impecáveis em A Malvada. Seria aceitável se a derrota tivesse sido pela assombrosa Gloria Swanson em Crepúsculo dos Deuses, e até Eleanor Peaker em À Margem da Vida. Entretanto, quando se descobre que a vencedora foi a inexpressiva Judy Holiday pelo mediano Nascida Ontem, fica a certeza de que se trata de uma zebra gigante e inaceitável. Especulam-se que o embate triplo entre Davis, Baxter e Swanson tenha favorecido a mocinha. Mesmo assim né?


Melhor filme - Rocky, Um Lutador (1977)

Tudo bem que o filme que alçou o Garanhão Italiano Sylvester Stalonne ao estrelato é inspirador, bonitinho e querido. Entretanto, é incompreensível entender sua vitória quando seus adversários são filmes imensamente melhores. Duvida? Estavam no páreo o cultíssimo Taxi Driver de Martin Scorsese; o intenso e polêmico Todos os Homens do Presidente de Alan J. Pakula e o ágil e crítico Rede de Intrigas, de Sidney Lumet. A razão mais aceitável é que o povo americano necessitava de algo que os fizessem recuperar a esperança pós-Vietnã.


Melhor ator - John Wayne (Bravura Indômita, 1970)

John Wayne é um dos monstros sagrados do cinema americano e mundial, fez quase duzentos filmes em sua extensa carreira. Sua única indicação havia sido em As Areia de Iwo Jima, em 1950. Esse fato deve ter sensibilizado os membros da Aademia, pois, apesar de ter um belo desempenho, não seria capaz de vencer seus quatro oponentes. As grandes atuações de Dustin Hoffman e Jon Voight em Perdidos na Noite; o incrível Richard Burton em Ana dos Mil Dias e muito menos o sempre ótimo Peter OToole em Adeus Mr. Chips. Valha-me.


Melhor filme - A Volta ao Mundo em 80 dias (1958)

De todos os citados, a essa vitória é a que não consiste nenhuma explicação plausível. O filme dirigido por Michael Anderson, Kevin McClory e Sidney Smith é uma aventura modesta, de humor refinado, mas, sem condições até de estar entre os finalistas. E para elevar o nível de curiosidade, seus principais adversários são épicos memoráveis: O Rei e Eu, musical; Assim Caminha a Humanidade, Western; e Os Dez Mandamentos, um monumental filme bíblico assinado pelo venerado Cecil . De Mille. Deve ter gente sem entender até hoje...


Melhor ator - Paul Lukas (Horas de Tormenta, 1944)

A atuação de Lukas é até digna, porém o que o faz uma zebra é o fato de os outros concorrentes tiveram desempenhos inesquecíveis. Walter Pidgeon está fantástico em Madame Curie, assim como o versátil Mickey Rooney é o grande nome de A Comédia Humana. Gary Cooper empresta uma de suas melhores atuações em Por Quem os Sinos Dobram, enquanto Humphrey Bogart é Ricky Blaine de Casablanca, e dispensa comentários. A surpresa foi tanta que Bogart teria se levantado antes do anúncio, e disfarçou bem, batendo palmas sem graça...


Melhor ator - Cliff Robertson (Os dois Mundos de Charly, 1969)

Robertson faz tipos e caras no fraquinho Os Dois mundos de Charly, mas não é de se jogar fora sua atuação. Mas sua condição de zebra se deve a apenas um adversário: Peter O’Toole. O ator mais injustiçado de toda a história do Oscar (8 indicações e nenhuma vitória) tem, simplesmente, uma das melhores atuações de que se tem notícia, ao encarnar o Rei Henrique II. Nem o mais otimista dos parentes de Robertson seria capaz de acreditar na sua vitória, mas ela veio. Absolutamente inacreditável!

Melhor diretor - John G. Avildsen (Rocky, Um Lutador, 1977)

Assim como seu filme, o diretor era praticamente carta fora do baralho, e com toda razão. Alan J. Pakula (Todos os Homens do Presidente), Martin Scorsese (Taxi Driver) e Sidney Lumet (Rede de Intrigas) eram os grandes nomes, com filmes excelentes e um trabalho notável. Além deles, Hal Hasby pelo não tão bom Esta terra é minha, demonstrou estar mais apto a vencer que Avildsen. Porém, a história mostrou que no Oscar, ser melhor não era garantia de vitória...

Melhor atriz coadjuvante - Beatrice Straight (Rede de Intrigas, 1977)

E 1977 ficou marcado mesmo como o ano das zebras! Além de estranha, essa vitória já é notável pelo fato de a atriz necessitou de menos tempo em cena para ganhar o prêmio: cerca de cinco minutos e meio. Bom, só para explicar, o tempo não é o que credencia a entrada de Straight nesta lista, e sim a qualidade de sua atuação. A atriz exagerou em choros e expressões melodramáticas, nada mais. Mesmo sem serem extraordinárias, Jodie Foster (Taxi Driver), Jane Alexander (Todos os Homens do Presidente), Lee Grant (A Viagem dos Condenados) e Piper Laurie (Carrie) foram muito superiores.

Melhor atriz - Gwyneth Paltrow (Shakespeare Apaixonado, 1999)


O caso mais recente e notável de vitória sem explicação veio com uma atuação mediana em um filme idem. Paltrow não apresenta nada que justifique sua vitória ante Meryl Streep em Um Amor Verdadeiro, Emily Watson por Hilary e Jackie, Fernanda Montenegro no brasileiro Central do Brasil, e Cate Blanchett em Elizabeth. As duas últimas encaradas como os grandes nomes dentre as finalistas. Muitos acham que tanto a vitória dela e do filme foram conseqüência de um trabalho de marketing que “comprou” os membros da Academia. Só assim mesmo...

domingo, 26 de janeiro de 2014

O Lobo de Wall Street (2013)


The Wolf of Wall Street (2013). Dirigido por Martin Scorsese. Com Leonardo DiCaprio, Jonah Hill, Margot Robbie, Jean Dujardin, Rob Rainer, Jon Favreu, Jon Berthal, Kyle Chandler e Matthew McConaughey.

Nota: 9,4

O que diferencia um gênio de pessoas comuns? Não é uma simples habilidade de fazer o extraordinário e sim a capacidade de transformar algo simplório em monumental.  E é isso o que faz Martin Scorsese com a autobiografia de Jordan Belfort, um corretor da bolsa de valores de Wall Street, que, usando de muita desonestidade e astúcia se torna capaz de ganhar milhões de dólares em horas. O tom de deboche atenuado obriga o diretor a se reinventar, usando de todo o know-how que angariou durante todos estes anos. E, claro, conta com a melhor atuação da carreira do grande ator de sua geração para elevar seu filme ao patamar de obra de arte.

O que torna desafiador encarar O lobo de Wall Street não é o palavreado chulo, as situações de mau gosto, o consumo excessivo de drogas, o sexo e nem suas três horas de duração. Para quem acompanha o cinema de Scorsese o que causava certo temor e ao mesmo tempo euforia, é a oportunidade de ver algo diferente do que sempre se acostumou fazer, ou seja, despejar estudos comportamentais quase em primeira pessoa, intimista e violento, assim como o fez em Taxi Driver (76), A Última Tentação de Cristo (88) e Os Infiltrados (2007). Agora era um projeto que não caberia sua mão pesada. Tudo bem que seu último trabalho, A Invenção de Hugo Cabret (2011), foi brando, mas ainda assim apresentava as características consagradas do velho “Scorsa”.

Quando Leonardo DiCaprio “venceu” seu amigo Brad Pitt não briga pelos direitos do filme, Scorsese já sabia que ele seria o homem, que seu parceiro da última década confiaria nele para que esse ousado filme saísse do papel. Terence Winter, acostumado com gangsteres da TV (A Família Soprano e Boardwalk Empire), assumiu o roteiro, assim nascia O Lobo de Wall Street, um épico moderno de ganância. Onde saem os capangas, as armas, o tráfico de drogas e bebidas, entra apenas o produto final de tudo isso: o dinheiro. Mas, ao contrário do que alguns deram a entender, não há glamourização, parcialidade, é apenas uma história sendo contada, por mais absurda e ofensiva que seja.

A saga de Belfort ao Olimpo da riqueza, da luxúria, da infâmia, passa pelo aprendizado, de praxe, com um mestre canino, imoral e irresistível na ponta incrível de Matthew McConaughey. A escalada começa. O lobo encontra o parceiro para formar a alcateia. Desajeitado, idiota, viciado. O Donnie do ótimo Jonah Hill é obsceno, sarcástico e inconsequente, mas é um bom aprendiz. Com seu auxílio, Belfort cria sua própria cartilha, um estatuto da pilantragem, uma seita de adoradores do dinheiro, do luxo, do capital. Cavaleiros do apocalipse capitalista, dos quais suas ações surtiriam efeito alguns anos à frente. E mais drogas, e mais sexo. Sim, no mundo das aparências, tudo se vende e tudo se compra. O bem estar através dos entorpecentes e mulheres sempre esteve e sempre estará em alta no mercado. Nesse mundo não existe espaço para família, amor, respeito, só há as cifras, as ilusões.

O trabalho de Scorsese se torna ainda mais impressionante quando começamos a querer comparar seu Lobo com outros de seus filmes. À primeira vista pensamos em O Rei da Comédia (82). Não! Às vezes captamos o bom humor de Os Bons Companheiros (90), outras a insanidade de O Aviador (2005), e até a cobiça de Casino (94), mas aí se percebe que não é nada, ou melhor, é tudo, novo, uma reinvenção, uma contravenção de tudo o que sua aclamada carreira já nos proporcionou. Só constatamos que ainda se trata do mestre em sua direção segura, crua e sem floreios. Apesar de comédia, O Lobo de Wall Street ainda bate forte na cabeça, sem violência, apenas na forma como empurra goela abaixo dos americanos que sua própria ganância os fez idiotas. Fazê-los rir de sua própria desgraça.

Para finalizar, o dono do projetor, o lobo em pele de cordeiro, no centro de todos movimentos está Leonardo DiCaprio. Sóbrio, ignorando a perseguição da câmera e as nauseantes incursões da edição de Thelma Schoonmaker pelo frenesi surreal do mundo de Wall Street. Um mescla absurda, um Calígula com requintes de Charles Foster Kane, sadomasoquista, insano, mas sincero. Um ator completo, que precisava provar para todos e para si mesmo que era capaz de chegar a um limite, de condensar drama, comédia, melancolia, desespero em um só personagem, sem ser hiperbólico, sem querer ser maior que o filme. Sublime, formidável, uma declaração de amor ao mestre e parceiro, um agradecimento por tornar seu desejo realidade.


Martin Scorsese, que já fazia parte dos maiorais acabou por provar que ainda é capaz de surpreender, de fazer rir, de chocar, de ser o mesmo e de ser o novo. Os hipócritas puritanos se incomodaram, excomungaram, o acusaram de exaltar o bandido, e de nada adiantou. Nasceu uma obra-prima, de coragem, subversiva, hipnótica e imperdível.Viva o cinema de verdade!!!

domingo, 5 de janeiro de 2014

10 Valentões do Cinema

Eles marcaram época no cinema e colecionaram fãs e admiradores por todo o mundo: os valentões. E não são só vilões que podem se chamados de valentões. Alguns "mocinhos" usaram de muita valentia e brutalidade para superar inimigos quase invencíveis. O Cineposforrest selecionou alguns dos durões mais inesquecíveis que já foram para as telonas. 

* Não incluímos mulheres pois pensamos que elas merecem uma lista separada ...

10 - Spartacus (Kirk Douglas em Spartacus, 1960)

Personagem principal de um dos maiores épicos da história do cinema, Spartacus entrou para o hall dos valentões quando se recusou a matar um adversário em um combate de gladiadores e atirou um tridente na tribuna onde estavam os romanos. Depois disso, o herói convenceu a todos os escravos a se rebelarem contra o Império Romano, os liderando em uma sangrenta batalha. É ou não é um grande valentão este Spartacus?



9 - Máximus (Russell Crowe em Gladiador, 2000)

"O General que se tornou escravo; o escravo que se tornou gladiador; e o gladiador que desafiou o império", com essas palavras é possível ter uma ideia da valentia de Maximus. E o que o torna ainda mais inesquecível é sua honra acima de qualquer coisa, fato que provoca ainda mais a ira do covarde Marcus Aurelius (Joaquin Phoenix). Suas escolhas no mítico Coliseu em Roma devolveu à população a chance de terem um governo que olhasse por eles. Simplesmente "o cara"!

8 - Paul Kersey (Charles Brownson em Desejo de Matar, 1974)

Um caso de um homem comum que se transforma em um valentão inesquecível é Paul Kersey. De arquiteto pacato e amoroso, se torna um vigilante frio e violento, sedento por vingança depois que sua esposa é assassinada e sua filha é estuprada. Paul enfrenta todo tipo de mal-feitor, às vezes sai ferido, mas nunca desiste de cumprir sua missão que é proteger os mais fracos. Kersey foi tão icônico que apareceu em outros quatro filmes. Destruidor!

7 - Rooster Cogburn (John Wayne em Bravura Indômita, 1969)

Quando a pequena Mattie Ross (Kim Darby) encontra pela primeira vez o xerife caolho e beberrão Rooster Cogburn, tanto ela quanto o público duvidavam de seu potencial. Porém, quando saem à procura do assassino do pai da menina em meio ao território indígena, a velha raposa usa de toda sua experiência para não perder o rastro dos bandidos. No fim, Cogburn consegue dar fim aos vilões e ainda salvar a vida da menina que o contratou. Valentia pouca é bobagem.

6 - John Shaft (Richard Roundtree em Shaft, 1971)

"Ele é cool; é um detetive particular negro; uma máquina de sexo com todas as garotas; não recebe ordens de ninguém; mas arriscaria seu pescoço pelo seu irmão; estou falando do Shaft, sacou?". O que mais falar deste valentão de primeira depois desta canção de Isaac Hayes? Um homem que mantém a frieza mesmo em meio a tiroteios, faz piadas subversivas com autoridades brancas e ainda faz insinuações de militância em prol dos negros. É ou não é um grande encrenqueiro?

5 - James Braddock (Chuck Norris em Braddock, 1984)

Um exemplar dos tais "exército de um homem só", James Braddock não só vencia seus adversários, os humilhava. Contando apenas com a ajuda de uma funcionária do Departamento de Estado ele consegue informações e armamento militar de última geração para desembarcar no Vietnã e salvar alguns de seus companheiros que são mantidos prisioneiros. Nem precisa falar que ele dá conta do recado até com certa facilidade. Um valentão mítico!


4 - John Rambo (Sylvester Stallone em Rambo, 1984)

Quem nunca ouviu falar de um homem que venceu um exército inteiro sozinho? Pois é, estamos falndo de um dos maiores valentões da história. Porém, Rambo não usou de artilharia de primeira geração, ele usou de sua esperteza para se camuflar, ludibriar e contra-atacar seus inimigos. Rambo deu cabo de todos os adversários, desafiou seus superiores e ainda teve força para encarar outras três missões, tão difíceis quanto a primeira. Monstro!

3 - John McClane (Bruce Willis em Duro de Matar, 1988)

Dizem que ele estava no lugar errado e na hora errada, mas para ele, com certeza, ele estava no lugar certo e na hora exata. Com charme e autoconfiança, McClane por acaso está no banheiro de um edifício, quando este é dominado por terroristas nada amigáveis. Daí para frente, ele começa uma verdadeira guerra de nervos contra os vilões, sendo o que ele mesmo afirma, "mosca na sopa, pedra no sapato" deles. O que nem os federais conseguiram dar um jeito, o herói consegue no fim das contas. Durão, mesmo!

2 - Dirty Harry (Clint Eastwood em Perseguidor Implacável, 1971)

Este é tão durão que sua companheira inseparável se chama Magnum 44, pois ela "é boa para atravessar com balas vidros de carros em fuga". Usa seus próprios métodos para enfrentar os bandidos de San Francisco, inclusive torturar um dos criminosos pisando-lhe na ferida de bala feita por ele. Harry elimina a bandidagem, salva o dia e fica à espreita, sedento que mais meliantes apareçam e o deixe feliz por dar a ele "um motivo para crivá-lo de balas". Tão valentão que chega a assustar.

1 - Judah Ben-Hur (Charlton Heston em Ben-Hur, 1960)

Judah é um rico mercador judeu, que vive sua vida pacatamente até que por uma fatalidade é acusado de atentar contra o império Romano. Depois de ser mandado para escravidão em galenas por seu amigo Messala (Hugh Griffith), Ben-Hur, com muita valentia, consegue retornar à cidade natal como um rico herdeiro e sedento por vingança. O desafio nas bigas são a prova incontestável que estávamos diante do maior valentão da história do cinema. O cara ajudou Jesus Cristo, o que mais falar dele?