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sábado, 28 de novembro de 2009

kate e Cate

Consideradas por muitos como as melhores atrizes da atualidade, Kate Winslet e Cate Blanchet a cada ano provam que não exagero nessa exaltação. Ambas apresentam a versatilidade e sobriedade que compõe um bom profissional, e isso tudo sem deixar que seus egos inflem.
Muitos a criticaram e tentaram diminuir sua esplêndida atuação em O Leitor (2008), acusaram-na de ter sido superficial e ter exagerado na nudez, porém as línguas se queimaram e tiveram que vê-la subir, pela primeira vez, no palco da noite de gala da Academia para receber a merecida estatueta, a qual poderia ter perdido apenas para ela mesma em Foi apenas um sonho (2008), filme em que assombrosamente atirou por terra a ilusão que era a sociedade americana perfeita e feliz de meados do século xx, e absurdamente não recebeu indicação ao prêmio. Em 2008, provou seu talento mostrando versatilidade nos dois papéis, variando atitudes, humores e expressões como alguém que experimenta roupas frente a um espelho. Entretanto, quem acompanha seu trabalho não se espantou devido à sua franca evolução atuando, desde a jovem devaneadora e malvada de Almas Gêmeas (1994), filme de Peter Jackson que a projetou, passando pelas delicadas e apaixonadas em Razão e Sensibilidade (1995), e Titanic (1997), incorporando interessantes e ousadas em Os contos proibidos do Marquês de Sade (1999), Brilho eterno de uma mente sem lembranças (2003) e Pecados Íntimos (2006), até culminar em suas melancólicas e sofredoras nos dois últimos já citados. A cada uma delas dando um detalhe peculiar, e fazendo-nos esquecer, no momento em que a assistimos, qualquer outra personagem que tenha interpretado.
Já Blanchet, teve sua ascensão decretada em Elizabeth (1998), onde dá vida a duas rainhas distintas, a apaixonada camponesa de olhar angelical e a cruel monarca capaz de tudo para manter o reino sob controle. Desde então é uma das mais requisitadas em Hollywood, disputada ferrenhamente por diretores e produtores com roteiros em baixo do braço. Entretanto ela gosta de desafios, tanto que depois de interpretar a primeira-dama do cinema Katharine Hepburn (O Aviador, 2005), que lhe rendeu o Oscar de coadjuvante, ela “exagerou”! Em um elenco que contava com atores talentosos como Christian Bale e Heath Ledger, e experientes como Richard Gere, Blanchet foi a que melhor transmitiu a obscuridade pragmática do cantor Bob Dylan em Não estou lá (2007). Espera aí, ela não é uma mulher? Sim, a mulher superou os marmanjos estarrecendo o público e a crítica, provando que não era por acaso sua dupla indicação naquele ano (atriz coadjuvante em Não estou lá, atriz em Elizabeth: a era de ouro).
Por isso, elas disputam o posto de nova musa do cinema, que por anos pertenceu à fabulosa Katharine Hepburn, vencedora de quatro Oscar, além de inúmeros outros prêmios e indicações, e foi, logo após sua “partida”, assumido por Meryl Streep, que já coleciona quinze indicações e dois prêmios da Academia, sempre com a mesma virilidade e talento. Agora, chegou a hora da nova musa, que independentemente da grafia (Kate ou Cate), responderá pelo mesmo nome.

BATMAN - O CAVALEIRO DAS TREVAS

O desafio de Chris Nolan era a de iniciar uma nova era do homem-morcego nos cinemas, e assim o fez com o bom, porém contestado, Batman begins (2005), que devido ser um filme transitório, mostrou algumas deficiências, tais como ocorreram nos anteriores, principalmente na parte técnica. A ansiedade de mostrar o novo Batman fez com que só se preocupasse com o roteiro, isto é, o início da saga, deixando a desejar na construção do ambiente sombrio que caracteriza o contexto do personagem. Porém Nolan deu de ombros às críticas e encarou o maior desafio que foi inserir o vilão caótico Coringa, pois sabia que tinha de ser algo diferente do palhaço de maquiagem irretocável e excessivamente biruta, magnanimamente interpretado por Jack Nicholson. Começou dando uma nova configuração ao personagem, que passou a ser um sóciopata sedento pelo caos e tentando submeter a todos à desesperança que o assombrou em sua infância. Heath Ledger conseguiu incorporar o estado de anormalidade mental do vilão, irreconhecível o ator teve uma fusão com o personagem, a veracidade das maldades chega a amedrontar! Tanto que se o compararmos a Aanton Chigurgh (Javier Bardem, Onde os fracos não têm vez, 2007), outro malvado assustador, esse não passaria de um de seus capangas, mais mal-humorado e de cabelo ridículo. O brilhantismo do roteiro, muito bem adaptado por sinal, se deve ao fato de encontrarmos um Batman que necessita de ajuda, um mero ser humano que tem a seu favor apenas a vontade de ajudar os desamparados e bilhões de dólares na conta para bancar seus acessórios hi-tech. O elenco base foi mantido, só que Aaron Eckart deu uma grande contribuição ao dar vida ao intrépido Harvey Dent, pois soube dar a devida característica a cada uma de suas facetas. A parte técnica foi de fazer inveja a qualquer um, a alegre Chicago se tornou a sombria Gothan, as cenas de ação não se tornaram cansativas por terem, na maioria, sido filmadas em tamanho real, sem a quebra de sequência que chateia os olhos. Enfim o longa de Nolan se tornou a melhor adaptação de quadrinhos que o cinema já viu, suas oito indicações ao Oscar não me deixam mentir (recorde entre as adaptações de quadrinhos). Há de se lamentar apenas a morte do talentoso Ledger, que nem pode apreciar seu maravilhoso trabalho e nem ver seu Coringa se tornar o maior vilão que se tem notícia desde os primórdios da sétima arte, e também, o preconceito da Academia que não indicou o filme e nem o diretor para os prêmios principais.

THE DARK KNIGTH, 2008, Christopher Nolan, Com: Christian Bale, Gary Oldman, Michael Caine, Morgan Freeman, Maggie Gyllenhall, Aaron Eckart e Heath Ledger .

Forrest Gump: o marco do cinema contemporâneo

Parte ll : da técnica primorosa


Quando se fala em filmes tecnicamente perfeitos, nos vem à cabeça O Senhor dos anéis (2001), A Lista de Schindler (1993), O Resgate do soldado Ryan (1998), por exemplo, e sem dúvidas correspondem à citação. Porém o que pouca gente sabe é que Forrest Gump – o contador de histórias, foi concebido com diversos e primorosos recursos técnicos, que eram de suma importância para o desenvolvimento do enredo, já que Forrest teria de ser inserido em alguns acontecimentos históricos.
Assim como fez em Uma cilada para Roger Rabbit (1989), no qual o diretor “brincou” com os recursos visuais ao colocar em mesmo plano, animações e seres humanos, Zemeckis transporta Forrest para dentro de acontecimentos reais. Para tal feito usou filmagens originais, onde conseguiu colocar o simpático idiota no escândalo de Watergate, cumprimentando Richard Nixon, e em um talk show dividindo as atenções com John Lenon.
A fotografia é impecável, pois deixou as cenas em excelente sintonia com o texto, ficando mais dramáticas e menos melancólicas, e não deixando que a sensibilidade e ternura das personagens caíssem no piegas. A direção de arte exigiu um intenso estudo, pois o filme se desenrola em três décadas, mas para os diretores de arte Leslie McDonald e William James Teegarden isso parece não ter sido um bicho de sete cabeças, pois com lucidez construiu todos os ambientes que exigiu o roteiro e sem deixar furos. Nos leva ao Vietnã tropical e chuvoso em clima de guerra (podendo destacar também a ótimo trabalho dos editores e mixadores de som, nas cenas de batalha), passando pela época “Paz e Amor” dos hippies com sua moda espalhafatosa (figurino, maravilhoso), chegando ainda ao ambiente litorâneo dos pescadores de camarão. Quando chegamos ao tempo atual (do filme, anos 80) temos a certeza de ter vivido em todas aquelas gerações e acompanhado todos aqueles acontecimentos. Um detalhe brilhante se dá na cena em que Jennie toca violão em uma esquina, onde percebemos (ou os cinéfilos de plantão percebem) que no cinema ao fundo, bem atrás dos figurantes, há um cartaz do filme O bebê de Rosemary (1963), o que nos situa no tempo de uma forma genial e subjetiva.
Porém, mesmo carregado desses recursos técnicos, eles não nos berram aos olhos com monstros, explosões ou ambientes futuristas. Nos são passados de forma sutil, fazendo tais recursos passarem quase imperceptíveis ao público.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

FORREST GUMP:O MARCO DO CINEMA CONTEPORÂNEO

Alguns fatos apresentarei com o intuito de provar que FORREST GUMP:O CONTADOR DE HISTÓRIAS se tornou um marco do cinema das ultimas duas decadas, que mesmo recheada de superproduções, tais como TITANIC(1997), O PACIENTE INGLÊS(1996), O SENHOR DOS ANÉIS(2001) e A LISTA DE SCHINDLER(1993), por exemplo, o filme de Zemeckis é o mais completo por ter as duas peças chave de um bom filme em perfeita sincronia: roteiro e técnicas de filmagem.





PARTE I: DO ROTEIRO BRILHANTE.





Todo o contexto se desenvolve sobre o amor que Forrest tem por Jeannie, e a partir daí passa a ser contagiante, pois em sua busca pela reciprocidade do amor da moça, tenta a todo custo provar que é capaz de amar, se embreando em diversas situações que vão da Guerra do Vietnã à pesca de camarão, encontrando e ensinando a muitas pessoas que amar incondicionamente não depende de beleza, capacidade física ou bens fúteis de consumo, basta apenas que ame. Bens de consumo, fama e dinheiro ele conquistou involuntariamente, porém às ignorou sublimemente. Seria pelo seu déficit de Q.I? ou seria que os imbecís são a maioria que dá valor a estes tais bens?Uma outra grande questão que nos cabe reflexão. Porém, o que nos consta é que Forrest passou por algumas gerações e em todas deixou algum ensinamento, mesmo sendo subjetivo e agindo de forma espontânea e ingênua. Seria Forrest mais um Messias tentando pregar o amor? Não se sabe, o que se percebe é que o surrealismo real de Forrest Gump dá a todo ponto de vista, seja do cético ou do crente, que só o amor é capaz de superar todo tipo de provações que nos são impostas.

Embora todo esse apelo, o filme encontra resistência, sicranos afirmam que em se tratando de amor, uma história irreal como a de Forrest não serve como ponto de reflexão. Entretanto, como refletir através da realidade que nos assola? Intolerância, desrespeito, ódio, isso sim não nos serve de nada.

Por isso, este roteiro adaptado da maravilhosa obra de Winston Groom por Eric Roth, se tornou um fenômeno de público e crítica, cativando adultos e crianças de todas as partes do mundo.