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quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Uma Rua Chamada Pecado (1952)

(A Streetcar Named Desired, 1952). Dirigido por Elia Kazan, adaptado da peça de Tennesee Willians por ele mesmo. Com Vivien Leigh, Marlon Brando, Kim Hunter, Karl Malden.


Nota: 9.0

Tennesee Willians foi um dos mais cultuados autores do teatro americano e um dos que tiveram suas obras mais vezes adaptadas para o cinema. Suas obras tratavam sempre de conflitos intensos de família, com discussões sobre a condição humana latente em todos seus atos e aspectos. Um dos raros a tratar infidelidade, alcoolismo, homossexualismo, ou seja, peculiaridades humanas censuradas pela sociedade moralista da época. Em seu mais brilhante trabalho, Um Bonde Chamado Desejo, Willians discute a luxúria, e de certo modo, uma mudança de condição da mulher submissa.

Ao se juntar a Elia Kazan e adaptá-la para o cinema, revolucionaram os parâmetros cinematográficos da censura, e mesmo tendo varias restrições, soube arquitetar o roteiro de modo a deixar claras as intenções. O moralismo americano, conseguido após a 2ª Guerra Mundial, que fortaleceu a ideologia do american way life, não foi o suficiente para impedir o sucesso do filme. Hoje, o cinema talvez não fosse o mesmo sem a coragem da dupla.

Em Uma Rua Chamada Pecado, a trama se desenvolve em torno de quatro personagens, como de costume nas obras Tennesee, um número bem reduzido. A chegada de Blanche Dubois (Vivien Leigh) desestabiliza a vida de sua irmã Stella Kowalski (Kim Hunter) e Stanley Kowalski (Marlon Brando) em um cortiço de Nova Orleans. Seu evidente desequilíbrio mental afeta não só a relação com o casal, mas também a relação com Mitch (Karl Malden), com quem tinha começado um romance.

As vertentes das histórias se tornam um mesmo caminho. Criam uma miscelânea de manifestações que põe sob teste as atitudes humanas, e é conduzido pela personagem de Leigh. O diretor faz do público o júri de Blanche, cabendo a nós classificá-la como uma depravada, louca e dissimulada ou se é apenas uma mulher que vive sob um regime moralista e machista. Por que um homem poderia deitar com muitas mulheres e uma mulher, viúva, não poderia sair em busca de saciar seus desejos? Além disso, questiona a superioridade do homem sobre a mulher, através de Stanley e Stella. Caracteriza o sexo masculino como um ser bruto e desprezível. No combate ao predomínio machista, Blanche Dubois também tem papel importantíssimo ao influenciar sua irmã a não aceitar mais as humilhações do marido.

Vencedor de quatro Oscar e indicado para mais sete, o filme conta com atuações incríveis de Marlon Brando, Kim Hunter, e Karl Malden, este dois últimos vencedores na categoria coadjuvante, que conseguiram montar com perfeição o espiral de emoções planejado pelo roteirista. Porém, o destaque maior é Vivien Leigh, também vencedora do prêmio da Academia, com uma atuação que exala sedução e insanidade, fez de Blanche Dubois uma das melhores interpretações que o cinema já viu.

Uma obra-prima, tanto no que diz respeito ao conteúdo criado e adaptado com ínfima categoria por Willians, quanto à categoria cinematográfica de Kazan. Combinação perfeita que abriu as portas para que o cinema não ficasse preso ao tacanho método de censura, que tentaram evitar as mensagens impregnadas em cada quadro da película, mas que pelo bem da sétima arte, fracassaram.

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