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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Meia-Noite em Paris (2011)

Midnight in Paris, 2011. Escrito e dirigido por Woody Allen. Com Owen Wilson, Marion Cotillard, Rachel McAdams, Adrien Brody, Kathy Bates e Michael Sheen.Nota: 9.3


Quando Woody Allen descreve algo de seus alteregos em seus filmes, os personagens são tão incríveis quanto à própria carreira do cineasta. Mas neste seu Meia-Noite em Paris o diretor exagera na poesia e declara amor às cidade-luz e aos grandes mestres das artes, inspiradores de toda sua obra.

Dizem que a capital francesa é apaixonante, e a sentença fica mais verdadeira quando o puro Jazz toma conta dos primeiros minutos de apresentação da cidade. O ponto de início demarca a situação do roteirista hollywoodiano e escritor medíocre Gil (Owen Wilson), que não demonstra estar em sintonia com sua noiva Inez (Rachel McAdams). Quando decide passear sozinho pelos boulevards, encontra não apenas grandes nomes da história da arte mundial, mas também uma grande verdade sua própria natureza.

Ninguém melhor que Allen para levar ao conhecimento do público escritores, pintores e músicos famosos. Roteirista de cunho tão grande quanto sua sensibilidade de direção era de se esperar que tivesse o mote perfeito para contar suas histórias se incluindo em meio aos conflitos. Em meio a tudo, o diretor cria um paralelo que mostra a insatisfação do ser humano com a vida, sempre desejando algo que jamais vai alcançar, felicidade plena. Aqui, imaginando que tudo seria diferente se tivesse vivido naquela época.

Nesse aspecto, o sentimento de espelhar sua própria sorte à de grandes ídolos não se distancia da jovem que tem um caso com um astro do cinema que sai das telas por corresponder ao amor da moça em A Rosa Púrpura do C airo (1985), que é também um desejo latente de possuir o que não podemos. Mas Allen faz isso não da maneira convencional de comédias românticas e afins, transforma a ânsia do personagem de Wilson em uma epopeia fantástica e nostálgica, e mostrando que seu fetiche por Adriana (Marion Cotillard) não passa pela vontade de ser como os mestres dos quais a moça era amante.
Terminada essa espécie de crise de identidade, se percebe que na verdade não é o amor do diretor pelas obras alheias o principal deu seu roteiro, como pode parecer desde o início, e sim sua fervorosidade pela sua própria arte. Simplesmente no fim de tudo deixa claro que jamais será um John Ford, Willian Wyler ou George Stevens, mas continuará a ser Woody Allen em seu brilhantismo e controvérsias. Um homem capaz de dar uma aula de arte, sob aspectos cinematográficos inebriantes e criar (mais uma) obra-prima.

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