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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Drive (2011)


Drive, 2011. Dirigido por Nicolas Winding Refn. Roteiro de Hossein Amini baseado no livro de James Sallis. Com Ryan Gosling, Carey Mulligan, Albert Brooks, Ron Pearlman.


Nota: 9.0

Num ambiente soturno, tenso e por vezes aterrorizante, Nicolas Winding Refn conduz seu faroeste moderno com direito a um cavaleiro solitário como nos bons tempos do casamento Eastwood/Leoni. Ryan Gosling encarna o herói da história, um estranho sem nome na literalidade do termo, que trabalha em uma oficina mecânica e faz bicos como piloto de fuga em alguns assaltos. Entretanto seu talento para pilotar faz com que seu chefe e amigo Shannon aposte nele como uma promessa da Nascar, fazendo com que abandone a vida bandida. O fato de se relacionar com sua vizinha Irene (Carey Mulligan) e o filho dela, também o faz repensar a vida. Mas, quando tem de fazer um último trabalho para salvar a pele dos dois, mostrará que um verdadeiro herói não precisa necessariamente de superpoderes.


O filme de Winding Refn é de uma dureza crua, como nos exemplares construídos pelos Irmãos Cohen, porém sem o humor negro e pertinente. O jogo de sombras deixa o clima tenso e por vezes sombrio, como a própria natureza do personagem, tudo intercalado pelo silêncio dos protagonistas e a trilha sonora bem constituída. A manipulação de planos nos coloca a par da visão do motorista, sem, claro, permitir uma invasão de sua personalidade.

As situações de violência extrema, mantidas por vezes em câmera lenta acentua o teor claustrofóbico, mas permite que o expectador perceba uma certa dualidade no personagem de Gosling, aliás, em todos é possível perceber. Talvez esse seja o triunfo do roteiro, diferentemente dos westerns, os vilões e os mocinhos não são formados por um maniqueísmo bem destacado, são compostos de lados opostos, tudo ao mesmo tempo. Fica ao público tirar as próprias conclusões.


Gosling empresta ao longa sua melhor interpretação. Com o palito na boca extrai o que os errantes de Eastwood tinham de melhor, e os malvados de Lee Marvin, de pior e cria um herói diferente. Acompanhado de perto pela talentosa Mulligan, e por um Albert Brooks formidável, transformam Drive no melhor e mais surpreendente suspense do ano. Um belo feito para um diretor pouco rodado.

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