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quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

A nova era do Cinema brasileiro



O cinema nacional vem em uma parábola crescente - mesmo que as produções “novelizadas” ainda sejam a maioria – trazendo reconhecimento internacional digno ao Cinema que já foi reverenciado e aplaudido pelo mundo a fora na época das epopéias paradoxais de Glauber Rocha e cia. com o movimento do Cinema Novo. A década que terminou a menos de um mês trouxe uma nova cara para nossas produções, batendo forte aonde dói nos brasileiros, traz um choque de realidade que traduz, de fato, o que muitos brasileiros enfrentam todos os dias para se manterem vivos.
Filmes como Caminho das Nuvens, Abril despedaçado, Linha de Passe e 5x Favela – Agora por nós mesmos, preocuparam em fazer cinema real, em cada um deles focando os diferentes problemas enfrentados por brasileiros em diferentes regiões do país. Porém Cidade de Deus e Tropa de Elite 1 e 2 vieram criar novos parâmetros. Fernando Meirelles e José Padilha foram além e mesclarem “cinemão” à lá Hollywood, com a precisão de um roteiro bem construído e preocupado em ser arte. Reforçaram o mote e não se preocuparam em “ofender” as autoridades públicas, com o choque de realismo que faz até os mais céticos às mazelas de nossos governantes sair das sessões se sentindo traído por eles.
Esse papo de “queimar nosso filme lá fora” é demagogia barata de político que acha a população totalmente imbecil. Claro, a grande parte dela é carente de informações e vivem à mercê de uma monocultura televisiva que prega a manutenção deste ou aquele poder estável. Por isso a dificuldade de se assimilar a dura realidade desses longas, e não é de se estranhar alguém falar que o estado de caos na cidade de São Paulo mostrado no mediano Salve Geral de Sérgio Rezende é um grande exagero. Para estas pessoas, isto é sensacionalismo barato da imprensa marrom, já que somos a sexta economia do mundo.
Ainda é cedo para elevar este momento de hiper-realismo de nosso cinema será algo que influenciará nosso meio cultural, como fez o Cinema Novo. Mas o fato é que seu enriquecimento quantitativo e qualitativo não pode ficar despercebido. Além disso, outras produções com discurso menos político, mas não menos contemporâneo, acena para o fim da desconfiança de que nosso cinema apela à violência para conseguir bons resultados. Os maiores exemplos são o bom As Melhores Coisas do Mundo de Laís Bodanzky, e o excelente sucesso de público e crítica O Palhaço de Selton Mello.
Talvez essa fase não seja uma reedição da época de ouro de Rocha e cia. e sim a criação de um novo estilo, algo com mais apelo comercial, mas também com maior liberdade que os antepassados não tiveram. É a oportunidade de crescimento real, a chance de mostrar que o Brasil não é apenas o país do futebol. Daqui há algum tempo podemos chama-la de Cinema Novíssimo ou Neo-Realismo Brasileiro. Mas primeiro, o bom momento deve persistir.

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