The dark knight rises, 2012. Dirigido por Christopher Nolan. Com Christian Bale, Tom Hardy, Anne Hathaway, Gary Oldman, Joseph Gordon-Levitt, Marion Cotillard, Morgan Freeman e Michael Caine. Publicado no portal acessa.com em 28/07/12
Nota: 9.3
Há sete anos Christopher Nolan
resolveu encarar a terrível missão de levar de volta às telonas o
Homem-morcego, que andava meio em baixa no mundo cinematográfico depois que
Joel Schumacher conduziu o péssimo Batman
& Robin em 1997. Porém, depois do mediano Batman Begins (2005) e do excelente Batman – O cavaleiro das trevas (2008), Nolan chega ao momento
derradeiro de sua trilogia mantendo o mote que fez de seus filmes mais do que
simples trilhers de super-heróis repletos de ação, a arte cinematográfica de
primeira linha.
A história se passa oito anos
após os acontecimentos de O cavaleiro das
trevas e Gothan City goza de uma paz, que a população acredita que se deve
ao sacrifício do visionário justiceiro Harvey Dent (Aaron Eckhart). Bruce Wayne
(Christian Bale) vive em um auto-exílio, onde mantém Batman fora de ação, pois
é acusado do assassinato de Dent. Entretanto, quando o terrorista Bane (Tom
Hardy) surge como uma ameaça real e implacável, trazendo o mais puro caos
apocalíptico à cidade, o cavaleiro das trevas terá de usar todas as forças para
evitar o pior. Ainda contará com o fator mais importante de toda a trilogia, o
humanismo.
O roteiro escrito pelo próprio
Nolan com a ajuda de seu irmão Jhonatan mantém o teor claustrofóbico que conduz
o espírito da saga. As dúvidas de Wayne sobre qual é seu verdadeiro papel para
com Gothan não desapareceu. Para não sintonizar os acontecimentos apenas no
protagonista, mais personagens com essas características humanistas são
incluídos, como o policial John Blake (Joseph Gordon-Levitt) e a bela ladra
Selina Kyle (Anne Hathaway), que travarão batalhas internas durante todo o
longa.
A dedicação com que a psique dos
personagens é confeccionada dá outro nível ao trabalho do diretor. Parece que
simplesmente os cria e eles ganham vida própria na película. Desde Wayne até o
intrépido comissário Gordon (Gary Oldman), todos têm um alto teor realístico, o
que faz o público aceitar que é possível que qualquer ser humano comum venha a
se tornar um herói, simplesmente fazendo o que é o certo.
O trabalho na direção é firme e
mantém uma parábola crescente desde o primeiro filme. A forma como desenvolveu
uma espécie de purgatório, tanto para o herói mascarado quanto para a população
de Gothan é soberba e agoniante. Nolan não tem pressa em chegar ao ápice e
mantém o nível de tensão e ação altíssimos sem que tudo descambe para algo
pueril. Auxiliado por uma trilha sonora inebriante do experiente Hans Zimmer e
uma fotografia sombria e pulsante, sufoca o público que fica à mercê das
manipulações inteligentes que se sucedem filme adentro. Pode ser que em alguns momentos o filme tende a se entregar a alguns clichês, porém são tão minúsculosperto do esmero do trabalho que passa desapercebido.
Bale se firma como o melhor de
todos que ostentaram o uniforme do morcegão, pois se segura muito bem na carga
dramática nos piores momentos de seu personagem. Anne Hathaway mostra que tem
talento e versatilidade para encarar qualquer papel encarnando uma femme fatale
que vive no limite da razão. Gordon-Levitt é a grata surpresa do filme com a
dureza com que encarna o corajoso policial Blake. Mas não tem como negar que os
vilões de Nolan são os melhores. Tom Hardy não decepciona e mantém a escrita e
encarna um Bane cruel, que mescla a astúcia de Ra’s Al Ghul (Liam Neeson) do
primeiro filme com a atitude do sociopata Coringa (Heath Ledger) em uma boa
atuação, mesmo escondido atrás da máscara.
Seria uma grande bobagem comparar este Batman com seu antecessor, já que este se trata de um fechamento, e o outro é o momento mias celebre, tanto na questão técnica quanto na condução das variações dicotmicas que constituem os personagens. Outro fato que levarão os cinéfilos a questões polêmicas são fatos mal explicados, mas se pararmos por um momento, começamos a pensar que talvez fosse esta a intenção do diretor, principlamente nos momentos finais.
O Cavaleiro das Trevas Ressurge pode ser considerado uma grande
metáfora para a vida de qualquer pessoa e ainda um entretenimento de qualidade
inquestionável. Mas com certeza o principal resultado da empreitada de Nolan no
universo Batman é a prova de que existe sim a possibilidade de fazer cinema de
verdade usando os quadrinhos como fonte. Um fim absolutamente digno para uma
saga espetacular, que merece ser tratada de forma honrosa pelos autos
cinematográficos daqui para frente.
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