Rio Bravo, 1959. Dirigido por Howard Hawks. Com John Wayne, Dean
Martin, Andie Dickinson, Ricky Nelson e Walter Brennan.
Nota: 9.3
Houve uma época onde os westerns
dominavam os cinemas americanos. Tantas foram as produções, que em sua grande
maioria eram bobagens, com tramas decoradas de cor e salteado pelo público.
Mas, alguns diretores levavam o gênero mais a sério e incorporava um teor
cinematográfico contundente e se diferenciavam por isso. Um deles foi Howard
Hawks, que provou toda sua cancha quando reuniu quase todos os clichês básicos
estafantes para construir um dos melhores westerns que se tem notícia.
Tudo está lá. O xerife bonachão,
o bebum, o velhote cômico, os vilões e é claro, o interesse amoroso do
protagonista. Entretanto, Hawks abre mão de um dos mais retumbantes clichês do
gênero, os tiroteios. O filme em comparação à maioria é parado, porém não segue
a linha dos chamados westerns psicológicos, tais como Matar ou morrer (1952) de Fred Zinnemann, como já dito, tudo que
compõe a atmosfera estereotipada está presente no longa.
Na história, John T. Clance (o
bonachão supremo John Wayne) terá que resistir às investidas de pistoleiros que
pretendem libertar um encrenqueiro irmão do chefão do bando. Para isso terá que
ajudar seu amigo bebum (Dean Martin) a se recuperar para poder ter sua ajuda, ainda
contar com o auxílio de um jovem e impetuoso forasteiro (Ricky Nelson) e manter o romance com a viajante misteriosa (a
voluptuosa Andie Dickinson). Tudo permeado pelo humor rabugento do Stumpy
(Walter Brennan).
As emoções do filme são todas
governadas pelo temor dos personagens em estado de sítio na pequena cidade.
Hawks brinca com essa tensão, promovendo incursões esporádicas de confrontos
diretos. Porém seu trunfo está em catalisar o humor em conflitos internos entre
os mocinhos, sem ser profundo o suficiente para ser enfadonho e nem muito cômico
ao ponto de se tornar pastelão. O toque final da mistura se dá no número
musical de Martin e Nelson, sensacional, representando o alento antes do embate
final.
Onde começa o inferno foi uma das raras exceções em que o óbvio
ficou extraordinário. Howard Hawks, que havia passado um tempo inglório na
Europa, mostrou que era, e ainda continua sendo, um dos maiores do cinema.
Daqueles que pregam em um deserto de superficialidade e de lá extraem algo
genial.
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