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quarta-feira, 4 de julho de 2012

Onde Começa o Inferno (1959)


Rio Bravo, 1959. Dirigido por Howard Hawks. Com John Wayne, Dean Martin, Andie Dickinson, Ricky Nelson e Walter Brennan.

Nota: 9.3

Houve uma época onde os westerns dominavam os cinemas americanos. Tantas foram as produções, que em sua grande maioria eram bobagens, com tramas decoradas de cor e salteado pelo público. Mas, alguns diretores levavam o gênero mais a sério e incorporava um teor cinematográfico contundente e se diferenciavam por isso. Um deles foi Howard Hawks, que provou toda sua cancha quando reuniu quase todos os clichês básicos estafantes para construir um dos melhores westerns que se tem notícia.

Tudo está lá. O xerife bonachão, o bebum, o velhote cômico, os vilões e é claro, o interesse amoroso do protagonista. Entretanto, Hawks abre mão de um dos mais retumbantes clichês do gênero, os tiroteios. O filme em comparação à maioria é parado, porém não segue a linha dos chamados westerns psicológicos, tais como Matar ou morrer (1952) de Fred Zinnemann, como já dito, tudo que compõe a atmosfera estereotipada está presente no longa.

Na história, John T. Clance (o bonachão supremo John Wayne) terá que resistir às investidas de pistoleiros que pretendem libertar um encrenqueiro irmão do chefão do bando. Para isso terá que ajudar seu amigo bebum (Dean Martin) a se recuperar para poder ter sua ajuda, ainda contar com o auxílio de um jovem e impetuoso forasteiro (Ricky Nelson) e  manter o romance com a viajante misteriosa (a voluptuosa Andie Dickinson). Tudo permeado pelo humor rabugento do Stumpy (Walter Brennan).

As emoções do filme são todas governadas pelo temor dos personagens em estado de sítio na pequena cidade. Hawks brinca com essa tensão, promovendo incursões esporádicas de confrontos diretos. Porém seu trunfo está em catalisar o humor em conflitos internos entre os mocinhos, sem ser profundo o suficiente para ser enfadonho e nem muito cômico ao ponto de se tornar pastelão. O toque final da mistura se dá no número musical de Martin e Nelson, sensacional, representando o alento antes do embate final.
Onde começa o inferno foi uma das raras exceções em que o óbvio ficou extraordinário. Howard Hawks, que havia passado um tempo inglório na Europa, mostrou que era, e ainda continua sendo, um dos maiores do cinema. Daqueles que pregam em um deserto de superficialidade e de lá extraem algo genial. 

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