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quinta-feira, 5 de julho de 2012

Vinhas da ira (1940)


The Grapes of Wrath, 1940. Dirigido por John Ford. Com Henry Fonda, Jane Darwell, John Carradine, Charley Grapewin, John Qualen e Russel Simpson.

Nota: 9.8

No período mais difícil da história norte-americana, a grande depressão, Hollywood optou por ignorá-la em forma fantasias luxuosas, ou explorando as mazelas das grandes cidades.  E ainda contava com o espirituoso otimismo de Frank Capra, que buscava equilibrar o ânimo da população com a valorização de índole que se propunha a contar. Eis que em 1939, John Steibeck acompanhou o martírio de interioranos, que eram despachados de suas terras e vagavam em busca de um recomeço, e escreveu Vinhas da ira. Um ano depois, Darryl F. Zanuck entregou a John Ford a missão de expor a ferida nas telas do cinema, e mostrar que histórias existem para serem contadas, sejam alegres ou tristes.

Depois de sair da prisão, Tom Joad (Henry Fonda) volta ao sítio da família em Oklahoma e descobre que as terras já não pertenciam à família, e que todos os habitantes da região se encontravam na mesma situação. Vendo-se impotentes diante da situação, ele e sua família, juntamente com o pregador Casy (John Carradine) partem para a Califórnia em busca da bonança que lhes havia sido privada.

Com sua competência única em captar a sensibilidade do ser humano, seja em qual situação este se encontra, Ford deu à família Joad uma força soberba para enfrentar as várias intempéries que os golpeiam. A obscuridade presente na maior parte das sequências representa o destino dos Joads, que viviam cada dia sem saber o que o seria do próximo. A perfeição do trabalho do diretor (premiado com o Oscar) chega ao ápice quando se percebe que o longa atinge um tom quase documental, que deixa o público sensibilizado com as injustiças daquela época triste.

O roteiro de Nunnally Johnson não procura martirizar os personagens e sim apresentar ao público verdades que o cinema não gostava de explorar. Seu Tom Joad representa a perseverança de quem faz de tudo para sobreviver, e a matriarca da família (em desempenho brilhante que rendeu um Oscar de coadjuvante a Jane Darwell) é a força interior que os governa por caminhos incertos em direção a melhores condições de vida, ou como a própria resume, ela representa o povo que jamais desiste.

Se no fim há uma divergência do filme em relação ao livro de Steinbeck, que no fim trazia a desilusão dos retirantes com a instituição do governo que os acolheu, Ford procurou ser menos pessimista e, mesmo não tendo os requintes sublimes de Capra, foi de certa forma otimista e inspirador, se tornondo uma das melhoras obras do cinema americano.

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