Pollock, 2000. Dirigido por Ed Harris. Com Ed
Harris, Marcia Gay Harden, Tom Bower, Bud Cort, John Heard, Val Kilmer, Amy
Madigan e Jennifer Connelly.
Nota: 7.5
Em seu primeiro trabalho como
diretor, Ed Harris busca em uma biografia a oportunidade de aplicar seu
aprendizado, que absorveu durante toda sua carreira vitoriosa como ator. Há
visíveis traços de diretores com os quais trabalhou ou não, que vai de Philip
Kauffmann a Milos Forman. Se não fosse um “aluno” aplicado não teria conseguido
atuar, transmitir a psicoldelia e o sofrimento do pintor impressionista
americano Jackson Pollock e de sua fiel companheira Lee Krasner, e muito menos
conduzir a obra sem fazer dela um grande dramalhão.
A história do pintor é adaptada
do livro “Jackson Pollock: Na american
saga”, de Steven Naifeh, e mostra o processo de construção e
aperfeiçoamento artístico de Pollock (Ed Harris) até o ápice, depois acompanha
a derrocada e o fundo do poço, comum na trajetória de grandes gênios. Mas neste
caminho, descreve sua relação com o mundo, através de seu contato com a
natureza, com as pessoas e com si mesmo. Esta última, a mais difícil e
conturbada.
O roteiro de Barbara Turner e
Susan J. Emshwiller segue a mesma parábola criativa que se abate sobre o
personagem. Opta por recontar a história vista de fora, como acontece no livro,
o que de certa forma privilegia os momentos de crescimento do artista, e seus
desentendimentos com as pessoas que o cercam, principalmente Lee Krasner
(Marcia Gay Harden), que abre mão de sua carreira para apoiar Pollock,
mantendo-se zelosa e paciente com seus desvios de personalidade.
Harris atua melhor diante das
câmeras, ou seja, fazendo o que sabe de melhor. Como produziu e dirigiu o
filme, sua ligação com o personagem tornou-se tão forte e verossímel que rendeu
a melhor interpretação de sua carreira (vencedor do Globo de Ouro e indicado ao
Oscar). Como intimizou o olhar, pode fazer ligações metafóricas entre as
pinturas e a vida do protagonista, sempre mantendo o tom pesado, melancólico e
perturbado. Mas que em momento algum se converte em um drama excessivo. Entre
uma crise e outra, cintila a figura de Krasner, tão importante em sua vida
quanto em sua carreira, que deu um merecido Oscar de coadjuvante a Marcia Gay
Harden.
Se não foi um brilhante trabalho
de Ed Harris, ao menos foi um estreia com o pé direito. A chance de mostrar que
seu talento ultrapassa as câmeras. Além disso, é um estudo de caso sobre um
mestre das artes, que tinha a vida tão complexa quanto seu trabalho, e não teve
tempo de ser entendido, ou mesmo de ele próprio se entender.
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