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segunda-feira, 16 de julho de 2012

Pollock (2000)


Pollock, 2000. Dirigido por Ed Harris. Com Ed Harris, Marcia Gay Harden, Tom Bower, Bud Cort, John Heard, Val Kilmer, Amy Madigan e Jennifer Connelly.

Nota: 7.5

Em seu primeiro trabalho como diretor, Ed Harris busca em uma biografia a oportunidade de aplicar seu aprendizado, que absorveu durante toda sua carreira vitoriosa como ator. Há visíveis traços de diretores com os quais trabalhou ou não, que vai de Philip Kauffmann a Milos Forman. Se não fosse um “aluno” aplicado não teria conseguido atuar, transmitir a psicoldelia e o sofrimento do pintor impressionista americano Jackson Pollock e de sua fiel companheira Lee Krasner, e muito menos conduzir a obra sem fazer dela um grande dramalhão.

A história do pintor é adaptada do livro “Jackson Pollock: Na american saga”, de Steven Naifeh, e mostra o processo de construção e aperfeiçoamento artístico de Pollock (Ed Harris) até o ápice, depois acompanha a derrocada e o fundo do poço, comum na trajetória de grandes gênios. Mas neste caminho, descreve sua relação com o mundo, através de seu contato com a natureza, com as pessoas e com si mesmo. Esta última, a mais difícil e conturbada.

O roteiro de Barbara Turner e Susan J. Emshwiller segue a mesma parábola criativa que se abate sobre o personagem. Opta por recontar a história vista de fora, como acontece no livro, o que de certa forma privilegia os momentos de crescimento do artista, e seus desentendimentos com as pessoas que o cercam, principalmente Lee Krasner (Marcia Gay Harden), que abre mão de sua carreira para apoiar Pollock, mantendo-se zelosa e paciente com seus desvios de personalidade.

Harris atua melhor diante das câmeras, ou seja, fazendo o que sabe de melhor. Como produziu e dirigiu o filme, sua ligação com o personagem tornou-se tão forte e verossímel que rendeu a melhor interpretação de sua carreira (vencedor do Globo de Ouro e indicado ao Oscar). Como intimizou o olhar, pode fazer ligações metafóricas entre as pinturas e a vida do protagonista, sempre mantendo o tom pesado, melancólico e perturbado. Mas que em momento algum se converte em um drama excessivo. Entre uma crise e outra, cintila a figura de Krasner, tão importante em sua vida quanto em sua carreira, que deu um merecido Oscar de coadjuvante a Marcia Gay Harden.

Se não foi um brilhante trabalho de Ed Harris, ao menos foi um estreia com o pé direito. A chance de mostrar que seu talento ultrapassa as câmeras. Além disso, é um estudo de caso sobre um mestre das artes, que tinha a vida tão complexa quanto seu trabalho, e não teve tempo de ser entendido, ou mesmo de ele próprio se entender.

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