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sexta-feira, 13 de julho de 2012

Amarcord (1973)


Amarcord, 1973. Dirigido por Federico Fellini. Com Pupella Maggio, Armando Brancia, Magali Noel, Ciccio Ingrassia, Nando Orfei, Luigi Rossi, Bruno Zinin e Maria Antonieta Beluzzi.


Nota: 9.7

Falar da maestria de Federico Fellini e toda sua importância ao mundo cinematográfico é chover no molhado, cantar balelas ao vento. E quando todos achavam que não mais teria condições de criar obras tão perfeitas e influentes quanto La Dolce Vitta (1960) ou 8½ (1963), o diretor criou um mundo próprio, derivado de suas experiências da juventude, para falar sobre a vida de uma forma mais doce, inocente e maravilhosa possível. Amarcord (“eu me lembro”) viaja por quatro estações e expõe o comportamento sócio-político de uma cidade italiana da década de 30, com tradicionalismos caminhando ao lado do crescente movimento fascista que já começava a ditar os rumos da sociedade.

Sob a visão de Titta, talvez o derradeiro alterego de Fellini, as histórias se passam de forma episódica, onde há uma preocupação em explanar até os mais simples acontecimentos. A cada uma das estações do ano que pontuam a obra, o ritmo da trilha do sempre competente Nino Rota e uma fotografia diferenciada de Otello Martelli caracteriza um momento em especial. Desde as mazelas da vida familiar (primavera), passando pelos devaneios juvenis latentes com a iniciação sexual (verão), chegando ao limiar da morte (inverno), tudo de forma alegórica e sensível.

Mesmo usando de humor na para coordenar as descrições autobiográficas do filme, se percebe uma crescente crítica de repúdio ao domínio fascista, com uma cabeça enorme de Mussolinni que celebra um casamento fictício de um jovem, e soldados do regime que obrigam ao pai de Titta a beber óleo de motor. Sem se esquecer de que se tratava de um ponto de vista juvenil, Fellini limitou a compreensão dos fatos.
Pode-se perceber que todos seus personagens são de certa forma, semelhantes a algum outros de obras anteriores. O mosaico da constituição fílmica permite que o próprio diretor narre a história de dentro de sua criação, às vezes como o perspicaz historiador, como um mentiroso vendedor de doces ou como um velho morador da cidade.

Se analisarmos tudo como o cinema contanto uma história, Amarcord será sem dúvidas o menor dos filmes de Federico Fellini, mas sua genialidade fez com que fosse a história se contando através do cinema, o manipulando ao invés de ser manipulado. Uma montagem simplória, às vezes boba, outras vulgar, mas indiscutivelmente extraordinária. O que tiver a mais a falar é chover no molhado e cantar balelas ao vento. 

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