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quinta-feira, 26 de julho de 2012

Bruna surfistinha (2011)

Bruna Surfistinha, 2011. Dirigido por Marcos Baldini. Com: Deborah Secco, Cássio Gabus Mendes, Drica Moraes e Fabíula Nascimento.
 
Nota: 5
 

Deborah Secco mergulha na vida de uma famosa garota de programa e acaba tomando caldo num filme com ares de cinema privê

A ideia era interessante. Transportar para as telas os encontros sexuais da garota de programa mais famosa do país. De uma adolescência desencontrada, passando pelos bordeis até chagar as páginas interativas de seu notebook, a garota que nasceu Raquel Pacheco, contou em “O doce veneno do escorpião” sua saga como Bruna Surfistinha, aquela que se tornou a prostituta mais desejada da cidade e uma celebridade nacional.

A história começa com a jovem Raquel, filha de classe média, que opta por simplesmente odiar tudo e todos a sua volta. Num belo dia, sem nenhuma razão de ser, coloca a mochila nas costas e toma seu próprio rumo. Já com a ideia de se tornar uma prostituta, Raquel vai parar numa espelunca onde é explorada por uma cafetina nada amigável (a excelente Drica Moraes). Em pouco tempo e muito “talento”, Raquel se torna Bruna, a garota mais procurada da casa, o que desperta ciúme nas demais companheiras. Após ser expulsa do estabelecimento por uma falsa confissão de ser usuária de drogas, a Bruna se torna Surfistinha, e por meio de um blog na rede social sua vida profissional dá uma guinada tão grande que acaba caindo nas terríveis armadilhas de um sucesso meteórico. Bruna vai do céu entre fama, baladas e amigos providenciais, ao inferno de se tornar dependente de cocaína e sexo desenfreado. Ondas intercaladas entre a turbulência de uma vida pouco convencional e a calmaria no apoio incondicional de um apaixonado cliente (Cássio Gabus Mendes). É neste tempo de sobriedade que Bruna resolve escrever seu livro, onde conta suas aventuras sexuais com os mais variados parceiros em busca de nada mais, nada menos, do que prazer.

Aliás, o filme dirigido por Marcos Baldini estava mais para nada menos. O roteiro, baseado no livro citado acima, se revelou um vicioso estigma dos filmes nacionais que remetem o tema, mostrando excessivas cenas de puro sexo e luxúria, sem a mais remota preocupação em dar ênfase a uma questão mais sentimental a fim de desnudar emocionalmente a personagem. Fica sem razão de serem as questões aparentes que levaram o patinho feio do colégio em desejar vender seu próprio corpo. É como se garota de programa fosse o emprego dos sonhos de qualquer garota que deseja ser independente. Uma coisa meio Capitu de Laços de Família, com direito a final feliz no subir dos créditos.

Embora a proposta do filme seja falar sobre sexo, suas aventuras se perderam em cenas fracas de mero apelo sexual. Talvez seja este o ponto positivo do filme que acertou em cheio ao escalar a sensual Deborah Secco como protagonista. O papel recusado pela talentosa Mariana Ximenes, não poderia ter ido parar em melhores mãos. Deborah mergulha profundamente na personalidade sexual da personagem e se o roteiro ajudasse um pouco mais, poderia ir mais fundo nas emoções de sua surfistinha. Tudo fica na superfície, esvaziando um roteiro já esvaziado pela falta de uma coerência no mínimo racional. Poderia ter tomado uma vertente maior e mais interessante explorando sensivelmente um mundo que ainda é tabu na sociedade. O submundo da vida das garotas de programa. Assim, os espectadores poderiam mergulhar mais profundamente nos sentimentos verdadeiros da moça, retratados de próprio punho num diário que depois virou um best-seller.

Para os mais fanáticos (lê-se: ninfomaníacos), o filme conseguiu passar sua proposta, ou seja, sexo, sexo, e mais sexo. Mas para quem gosta de uma boa arte cinematográfica, Bruna Surfistinha está muito longe de ser algo apreciável, mesmo se tratando de um tema que exime o adjetivo. A falta de racionalidade em construir os personagens e dar uma carga mais emotiva a todas as passagens faz sua prancha boiar numa onda gigantesca de minutos que do início ao fim nos deixam à deriva.


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