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quinta-feira, 14 de junho de 2012

O Jardim dos Finzi-Contini (1970)



Il Giardino dei Finzi-Contini, 1970. Dirigido por Vitorio De Sica. Com Uno Capolicchio, Dominique Sanda, Fabio Testi, Romolo Valli, Helmut Berger e Camillo Cesarei.
Nota: 9.3

Vitorio De Sica concebeu sua grande obra-prima em 1948, Ladrões de Bicicletas. Ficou por anos à sombra de sua fama por ter sido um dos principais nomes do grande movimento cinematográfico do qual seu filme foi ícone, o Neo-realismo Italiano. Depois disso, só foi notado mesmo por Umberto D (1952), e daí para um ostracismo criativo que durou quase duas décadas.

Quando já davam sua carreira fadada apenas aos livros de história do cinema, encontrou no roteiro de Vitorio Bonicelli baseado no livro de Giorgio Bassani, um verdadeiro presente para fazer o que sabia de melhor: transportar para as telonas a realidade crua, às vezes cruel, de momentos mais obscuros da história italiana, e mundial. Retratou, sob o ponto de vista de um grupo de jovens amigos, o terror do irreversível avanço da 2ª Guerra Mundial sob a Europa.

Com brilhantismo característico, De Sica não desperdiçou sequer uma sequência, mesclando os problemas amorosos e sociais do grupo de amigos ao cheiro de guerra que ronda a pequena cidade. O mais interessante é que o diretor não faz um filme sobre a guerra, ou a temeridade das pessoas em relação a ela, e sim a tem apenas como um pano de fundo que circunda o ensolarado jardim da burguesia, e só cai quando todas as ações se condensam, e o todo passa a ser apenas um.

A fotografia sombria deixa claro que algo está por vir, e o modo em que as cenas são colocadas sufocam o espectador a ponto de se tornarem passageiros dos conflitos primários, também muito interessantes. Sendo assim, no fim todos acabam sofrendo um baque com o desfecho sem flores, herança de seus áureos tempos de neo-realismo. Com isso provou que a guerra não poupou ninguém, fossem ricos ou pobres. Depois que os créditos sobem, o público vem a si e se lembra de que De Sica é assim mesmo, verdadeiro e brilhante, e que um mestre não perde a categoria.

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