Bronenosets Potyomkim,
1925. Dirigido por Sergei Eisenstein e Grigori Aleksandrov. Com Aleksandr
Antonov, Vladimir Barsky, Grigori Aleksandrov, Mikhail Gomorov, Beatrice
Vitoldi, N. Poltavseva e Julia Eisenstein.
Nota: 9.8
Não há como analisar o filme de
Sergei Eisenstein sem pensar em toda sua importância para o cinema mundial,
antes de julgá-lo como arte em si. Passando os olhos sobre a obra, uma
conclusão pueril a colocaria num patamar experimental, um material de vanguarda
mais acadêmico que apreciativo. Talvez seja esta a primeira visão de qualquer
que cinéfilo que começa a aprender sobre a história da mídia por qual é
apaixonado. Porém, depois de assimilar de fato o que é a Sétima Arte, além do
comércio de publicidades que impera atualmente, aí se pode enxergar uma
obra-prima cinematográfica, mesmo não contando com a sua importância no curso
da história.
Fruto do construtivismo russo, o
filme mudou os parâmetros cinematográficos, tanto na questão técnica quanto no
conteúdo implícito em cada quadro de película. É o pioneiro em valorizar a
montagem, fundamento imprescindível a qualquer filme, mesmo que chulo, que
existe. E sua história do maniqueísmo político de direita e esquerda, além de
idealismos em prol de revoluções sociais influenciou toda uma maneira de pensar
o cinema. Diferente da construção fílmica que se preocupava mais com a estética
de D. W. Griffith.
O Encouraçado Potemkin era um navio e apenas o pontapé inicial para
uma onda de revoluções que ocorreriam. Os marinheiros reclamando das condições
horríveis de trabalho, a tomada do comando pelos trabalhadores, os ventos de
liberdade que desembarcaram em Odessa e o conflito entre o governo e o povo.
Tudo brilhantemente representado em passagens metafóricas, montagem rítmica e
um tom de realidade ainda inédito em qualquer filme até ali existente.
Eisenstein criou esta nova forma
de cinema e talvez nem imaginasse que mudaria toda uma concepção. Tornou-se uma
vanguarda tão importante que outros ícones como Orson Welles e Alfred Hitchcock
não construiriam o seus estilos seus fundamentos. Além disso, as sequências de apelos
dramáticos e emotivos são lembradas (e copiados) até hoje. As mais clássicas
delas envolvem o massacre da escadaria de Odessa, com a famosa passagem do
carrinho de bebê descendo os degraus e catalisando toda a tensão do momento,
uma das mais incríveis até hoje.
Talvez O Encouraçado Potemkin seja mais mito da história cinematográfica
do que um produto dele. Porém, se o assistirmos sem a obrigação de julgar um
messias, ainda assim seremos presenteados com uma obra-prima. Um experimento
que deu mais certo do que se esperava, e para o nosso bem, tem o devido e
merecido respeito.
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