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quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Sombras da noite (2012)


Dark Shadows, 2012. Dirigido por Tim Burton. Com Johnny Deep, Helena Bonham Carter , Michelle Pfeiffer, Chloe Grace Moretz, Jackie Earle Haley, Johnny Lee Miller, Bella Haethcoat e Eva Green.

Nota: 6,0

Nova parceria de Tim Burton e Johnny Deep peca ao fugir da característica principal do diretor despencando num abismo de erros e decepções

Como fã de diretores geniais e hiperbólicos, considero Tim Burton um personagem importante da indústria cinematográfica.  Talentoso, o diretor usa e abusa de sua genialidade a cada trabalho sempre extraindo algo de excêntrico em suas histórias. O trunfo do diretor é adaptar este elemento em obras de grande diversidade. Drama, fantasia, terror, ação, animação. Ele passeia com tamanha autoridade sob cada uma destas esferas cinematográficas.

Em seu mais recente trabalho, Tim conta com a ajuda de sempre, Johnny Deep. Tão excêntrico quanto, e que tantas vezes brilhou sob sua batuta, aqui se torna protagonista de uma parceria que se estende do outro lado das lentes, sendo um dos produtores de Sombras da noite, thriller baseado numa série dos anos 60, que pode ser considerado uma mescla de Nosferatu, Drácula de Bram Stocker e A família Adams.

A maquiagem de Deep é perfeita, lembrando a do eterno clássico de terror enquanto tenta contar a história de seu amaldiçoado Barnabas Collins. O mito em questão fora herdeiro de uma enorme Indústria de pesca da cidade de Nova Iorque após imigrar da Inglaterra com os pais. Logo de cara, o pequeno Barnabas (Justin Tracy) desperta a paixão fulminante da pequena Angelique (Raffey Cassidy). Anos mais tarde, Angelique (Eva Green) vira um mulherão e nem assim consegue o amor de seu objeto de desejo. Então transforma o seu amor em vingança ao se valer de Magia Negra para matar todos que seu “amado” mais ama o que nos leva a uma linda jovem de nome Josette (Bella Heathcote) que sob poder da bruxa cai num precipício diante dos olhos atônitos de Barnabas. Ao ir encontrar seu amor, o pobre desperta a maldição tornando-se um ser da noite perseguido e acorrentado por 2 séculos até que um grupo de trabalhadores encontram seu caixão soterrado.

Começa aí sua saga de vingança contra quem o amaldiçoou. Ele passeia pelo novo e intrigante mundo antes de retornar para seu império em ruínas. A casa de Collinsport, habitada por seres tão estranhos quanto ele, torna-se novamente seu lar como esteio para fazer ressurgir o poder de sua família. Em seu caminho, uma pequena distração, a reencarnação de seu amor perdido, Victoria Winters (Bella Heathcote). Uma garota traumatizada pelos próprios pais pelo fato de ver gente morta e que vai parar na casa como governanta. A relação dos dois pombinhos é pautada pelo fato de ambos serem diferentes aos olhos humanos, e um amor intacto. Intacto também é o desejo de Angelique, agora uma poderosa empresária local, que não mede esforços para fazer jus ao rótulo de Bruxa Má.  

A rivalidade bicentenária entre o vampiro e a bruxa é o que move os 113 minutos do filme. E só. Diferente de seus outros trabalhos, Tim parece ter perdido a mão com cenas exageradas, humor bobo, trejeitos cansativos de seus personagens e um roteiro fragmentado demais. Não se sabe em que direção ele quer nos levar. Drama, comédia, terror, ficção. É tudo um amontoado de gêneros que nos faz perder o interesse na história e esperar o momento certo para saltar do penhasco.

Os personagens nada têm a acrescentar à história. A veterana Michelle Pfeiffer nunca foi lá uma Bete Davis, mas colocá-la num papel sofrível como este melhor se tivesse enfiado uma estaca em seu coração. A ótima Helena Bonham Carter provavelmente estava em crise conjugal com Burton, uma vez que sua personagem nem de longe lembrou os ótimos papéis de filmes anteriores. Vendo uma atuação tão abaixo da crítica, fico com a sensação de que deviam ter-lhe dado o papel da Bruxa, de vilã, que inexplicavelmente foi parar nas mãos da fraquíssima Green. De escape, só mesmo a jovem e talentosa Chloe Moretz tenta dar um ar de sarcasmo e ironia providencial a sua Carolyn, uma adolescente típica que rende bons momentos na trama esburacada.  Mas enfim como aprofundar uma análise de personagens e roteiro num filme que prezou muito o lado de sua produção?

Talentoso, Deep dá seu habitual show, habitual. Seu personagem parece não fugir do que já estamos nos acostumando (e cansando) a vê-lo. Uma fusão de Edward mãos de tesoura, Sweeney Tood e Jack Sparrow? É exatamente isso! Com a confusão do roteiro e da história (que história mesmo?) nos leva a uma salada cinematográfica indigesta. O final, então... (Me segura, que eu vou pular!) Uma obra simplesmente esquecível de Tim, que deixa de lado a criatividade e mostra mais do mesmo. Neste compasso, parece que tanto ele quanto Deep vão precisar de pelo menos 200 anos para se reinventar.

Acostumado a impressionar em trabalhos impecáveis correlacionados com o roteiro e o texto, o diretor e seu cúmplice se deixam levar pela embriaguez do cenário, maquiagem e efeitos visuais, e, entram perigosamente na comodidade de cenas escatológicas, cansativas que decaem para o lugar comum do diretor. Tudo bem que em tempos de vampiros que brilham ao sol, casam-se com uma mortal e a engravida na lua-de-mel, a liberdade poética é válida e ainda mais vinda de um diretor genial como Burton. Porém nada disso se casa com sua marca registrada nesta decepcionante obra que nos obriga a ver seu protagonista se perder em meio ao drama e comédia.

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