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segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Incêndios (2010)


Incendies, 2010. Dirigido por Denis Villeneuve. Com Lubna Azabal, Melissa Desormeaux-Poulin, Maxim Gaudette e Rémy Girard.

Nota: 9.4

Nunca se conhece uma pessoa de verdade sem saber com clareza seu passado. E nessa máxima é que Denis Villeneuve se embrenha na história de uma mulher que, depois de morta, manda seus filhos Jeanne (Melissa Desormeaux-Poulin) e Simon (Maxim Gaudette) a uma viagem para acertar contas com seu passado, para que ambos possam entender as atitudes de sua mãe no presente, e vivam sem peso o futuro.

Narwal (Lubna Azabal) viveu os horrores da explosão da guerra civil que assola a região da Faixa de Gaza na década de 70. Suas memórias, dividida entre capítulos, permeando o “agora” de seus filhos gêmeos vai aos poucos explanando, tanto a eles quanto ao público, as peças do quebra-cabeça que é apresentado assim que Jean (Rémy Girard) abre seu testamento, com cartas ao pai deles (que eles acreditavam ter morrido) e também ao seu irmão perdido.

Villeneuve, brilhantemente, exibe uma cinematografia fria e imparcial. Uma mescla de amor, sofrimento e ódio, ora intercalados, ora fundidos em uma mesma ação. Não poupa o público da crueldade ao mesmo tempo em que exalta as atitudes da implacável Narwal. Com uma astúcia assustadora, soube aproveitar toda a atmosfera tenebrosa que a guerra proporciona à trajetória de Narwal, sem exageros ou convenções.

Jeanne não se contém em saber toda a verdade por trás daquele segredo revelado e viaja pela aridez, ao mesmo tempo em que arrasta o relutante Simon para a causa. Quanto mais se aproximam da verdade, mais decisões limite são obrigados a tomar. O diretor captura através de suas lentes, as imagens panorâmicas para subjetivar a dificuldade da busca, e também os closes intimistas ou o silêncio cortante para injetar gradativamente a inquietação.

Um road movie brutal e ao mesmo tempo sensível, um filme que se despe de qualquer preconceito estilístico e que em momento algum impõe julgamentos. Uma obra de arte do cinema canadense e um imenso libelo que deve ser visto e revisto. Tanto pelo seu grande estudo de comportamento na relação amor/ódio, quanto pela sua grande capacidade em hipnotizar e surpreender.

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