
Nota: 2,5
O gênero com maior espaço no
nosso atual cinema é a comédia. São as que ganham mais destaque na mídia, pois
geralmente reúne a nata dos profissionais em evidência no cenário televisivo.
Entretanto, por serem tão ligadas aos moldes da TV (Leia-se Globo) essas
comédias descambam para algo cansativo, exagerado e, por vezes, sem graça. Com Até que a sorte nos separe, nem mesmo o
conhecido talento de Leandro Hassum consegue legitimar o humor e, por incrível
que pareça, ele é um dos grandes problemas.
O longa traz o casal Tino
(Leandro Hassum) e Jane (Daniele Winitis), que ganharam 100 milhões de reais na
mega-sena assim que se casaram. Depois de 15 anos esbanjando a fortuna, o rapaz
descobre que sua conta está no vermelho, sua mulher está grávida e ele não tem
mais aptidão para voltar para a profissão da juventude. Com a ajuda do seu
vizinho economista e metódico Amauri (Kiko Mascarenhas), Tino vai tentar
reduzir os gastos, mesmo sem contar a Jane, e ainda reaprender valiosas lições
que há muito estavam esquecidas.
A história tinha até potencial
para render no mínimo uma daquelas comédias morais, sobre erros, aprendizados e
redenções, já que é inspirada no best-seller Casais inteligentes enriquecem juntos, porém com pouco tempo de
fita já é possível observar que tudo não passou de uma boa intenção. O roteiro
recai para o lado do non-sense cômico
e sobrecarrega a tela com números stand-up
de Leandro Hassum. Suas caras, bocas e toda a sorte situações bizarras, além
dos gritos e urros escalafobéticos, comprimem o restante dos personagens, que
passam a elenco de apoio de luxo. A trama paralela envolvendo Amauri e sua
esposa Laura (Rita Elmôr), que seria o contrabalanço da situação de Tino, foi mal
desenvolvida e vazia. A grande lição de moral que dependia da conexão entre as
duas histórias foi reduzida a uma situação novelística, totalmente previsível.
A opção do diretor Roberto
Santucci em
centralizar Hassum prejudicou a linha narrativa do filme, já
que parecia praticamente obrigatório que o ator fizesse alguma piada em toda a
sequência em que estava presente, mesmo quando o apelo não era necessário. Seu
trabalho é inferior ao que fez no bobo, mas sucesso de bilheteria, De pernas pro ar (2011), em que a graça,
mesmo rala, era compartilhada por todo o elenco. Daniele Winitis se sai bem nas poucas vezes
em que tem o centro das atenções, assim como Aílton Graça, que rende boas cenas
como um designer de interiores
fajuto. Até a ponta de Maurício Shermman como um “poderoso chefão” (o que não
deixa de ser verdade, já que o filme é produzido pela Rede Globo) quebra um
pouco a escatologia, que naquele momento já aborrecia.
Talvez este filme coloque de vez
na cabeça de alguns produtores que este tipo de comédia só funciona em sitcons, humorísticos dominicais e
novelas das sete. Os façam investir mais em histórias construtivas, que tenha
humor, porém, daqueles que os risos são conseqüências de situações absurdas do
cotidiano. Daquelas que vez ou outra acontece em nosso país, e que só dando
boas gargalhadas mesmo para engolir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário