We need to talk about Kevin, 2011. Direção: Lynne Ramsay. Com Tilda Swinton, Ezra Miller e
John C. Reilly
Nota: 9
A manchete é assustadora: “Massacre
em escola mata tantos e fere outros tantos.” São tragédias deste tipo
que infelizmente inundam nossa realidade, criando as maiores tempestades na
mídia e por fim, levantando as mais variadas questões sob todas as perspectivas.
O fator sintomático de ação e reação; as consequências do fato em âmbito
nacional de segurança pública; as razões que levam uma pessoa a cometer tamanha
atrocidade.
Histórias tensas com final
trágico costumam vender muito quando na maioria das vezes são abordadas de
forma sensacionalista na mídia. Mas para quem quer estar mais preocupado com os
entornos que cada episódio deste pode levar a humanidade cabe uma reflexão por
diversos pontos. De um ponto instigante, a diretora Lynne Ramsay nos aproxima da vida pessoal e particularmente
familiar do garoto Kevin (Ezra Miller), responsável por cometer
um assassinato em massa no colégio onde estuda. Uma infância no ostracismo bem
como sua fase de adolescência problemática, tem seu ápice na difícil relação
com a mãe. Um tremendo fio condutor capaz de desenvolver um enredo interessante
para qualquer história. Em Precisamos
falar sobre Kevin ela constrói uma trama fabulosamente espreitada de pontos interessantes para
ficção e realidade. Ao contrário da maioria das histórias que centraliza nas vítimas e na
dor de seus familiares, aqui vimos pelo ponto da família do réu em questão e
o que nos aponta o outro lado da moeda delineando o verso de mais uma página
cinematográfica.
Partindo desta perspectiva
intimista, o filme de Ramsay nos conduz por uma montagem brilhante do passado,
presente e futuro da escritora Eva
Khatchadourian (Tilda Swinton) e todo
processo para moldar sua relação com seu filho mais velho. Dos festejos no
passado até a total desolação no presente. Eva sente na pele as consequências
do ato infame do filho. Sua vida é tomada por frequentes atos de hostilidade
explícita por parte de famílias, colegas de trabalho e vizinhos. Todos lançam
obre ela um olhar de carrasco. De aspecto frágil e esmiuçado, Eva transparece
uma dor dilacerante para quem se identifica com seu sofrimento graças a um
trabalho estupendo de Tilda Swinton, que por razões
desconhecidas, não concorreu à estatueta daquele ano. Certamente, seria uma das
fortes candidatas a levá-la para casa.
Ao longo do filme embarcamos
por dentro da vida cotidiana de Eva e Kevin, mãe e filho com sérias
dificuldades em se comunicar. As
atuações precisas de Tilda e Ezra dão veracidade às cenas em que a falta do
diálogo prevalece sobre esta relação e nos ajuda a compreender o quão difícil é
para qualquer uma das partes, deixar fluir seus mais profundos sentimentos. Sejam
eles positivos ou negativos. Cada cena nos ajuda a formular as palavras do
artigo das páginas deste jornal familiar. Em nenhum momento, ela nos dá o ponto
final das razões do ato de Kevin, e muito menos julga severamente a falta de
uma atitude mais afetiva por parte da mãe. É este contexto subjetivo que torna
o filme tão apreciável fornecendo os pingos nos is necessários para nossa
própria frase de conclusão.
Pelo lado o Pai, o perfeito trabalho de John C. Reilley, expert em interpretar maridos insossos e dominados, coloca mais subjetividades no seu lugar na família atrás de Eva e Kevin. Como um bom pai da Era das Cavernas até a Medieval, seu trabalho é apenas promover a casa, deixando as questões mais viscerais, os problemas nas mãos da mãe, que se perde num ambiente sem diálogo e aproximação.
Pelo lado o Pai, o perfeito trabalho de John C. Reilley, expert em interpretar maridos insossos e dominados, coloca mais subjetividades no seu lugar na família atrás de Eva e Kevin. Como um bom pai da Era das Cavernas até a Medieval, seu trabalho é apenas promover a casa, deixando as questões mais viscerais, os problemas nas mãos da mãe, que se perde num ambiente sem diálogo e aproximação.
As dificuldades na relação
entre pais e filhos sempre ditam e vão sempre ditar os rumos que devem tomar
cada parte dela na construção de uma história. A culpa que uma das partes chega
a sentir é algo humano, ou seja, compreensível dentro de qualquer contexto.
Contudo, não é isto que explana as decisões de uma pessoa num momento negativo
da sua existência. Quando o passageiro sombrio que assola a vida de qualquer um
de nós toma o controle. Temos que ser nós mesmos os responsáveis por cada ato
que visamos fazer em nossa vida. E para isso o diálogo entre as partes
interessadas ainda é o melhor caminho, mesmo quando se trata de personalidades
fortes e independentes. Mais do que nunca precisamos falar. Para que no fim não
tenhamos mais que ler as manchetes assustadoras de cada dia. Este é o eixo principal de uma narrativa surpreendente e assustadoramente excitante. Belo e assustador.
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