John
Carter, 2011. Dirigido por Andrew Stanton.
Com Taylor Kitsch, Lynn Collins, Mark Strong e Willem Dafoe.
Cotação:7.3
Os
estúdios Disney resolveram investir pesado em superproduções em
CGI, e para começar, colocaram nas mãos de Andrew Stanton, diretor
das premiadas animações Wall-E e Procurando Nemo, a
história de um ex-combatente da Guerra Civil americana, que por um
passe de mágica vai parar em Marte, ou melhor Barsoom, para se
tornar um herói.
A
primeira impressão é que se trata de um filme de ação meio duro,
com um teor de violência mesclado a um humor rasteiro. Porém quando
o personagem título John Carter, é levado a um mundo onde
tem a capacidade de saltar distâncias incríveis e porta uma força
inimaginável, conhecemos a verdadeira essência do longa. Aos poucos
a influência das animações da Pixar, permeiam cenas de efeitos
visuais deslumbrantes e nauseantes sob o efeito do 3D.
A trama
gira em torno de uma guerra entre duas cidades marcianas, na qual uma
delas é governada pelo tirano Sab Than (Dominique West), que recebe
a ajuda de um grupo de entidades, lideradas pelo ator Mark Strong,
com interesse tão obscuro quanto sua própria origem. Quando o rei
da cidade resistente decide casar sua filha, a princesa Dejah (Lynn
Collins) com o inimigo para conquistar uma trégua, ela foge e cruza
o caminho de Carter, que está sob o domínio de estranhas criaturas
verdes, os Tharks. Nesse momento seu destino estará diretamente
ligado à sorte de todo o planeta.
O
roteiro, adaptado do livro de Edgar Rice Burroughs A Princesa de
Marte, mostra uma infinidade de referências aos clássicos Star
Wars e o contemporâneo Avatar. Apesar de a obra ser
anterior aos filmes citados, o mote estilístico puxa para uma
inevitável comparação. Entretanto, o que poucos perceberam é que
a maior referência de toda a história é com certeza o épico
dirigido com esmero por Stanley Kubrick em 1960, Spartacus. A
epopéia vivida por Carter é moldada nos mesmos trilhos do gladiador
romano, e tem seu auge quando o cabeludo, banhado por um sangue azul
em uma arena, grita aos ventos “I am John Carter”, cópia
idêntica da frase dita por Kirk Douglas.
Talvez
seja este o problema do filme. Essa infinidade de referências
diretas provocam certa insatisfação no público e o empobrecimento
do texto. Além é claro do exagero melodramático, entremeado por um
humor infantil de personagens esteriotipados (como o cãozinho
bizarro e engraçadinho), outra herança das animações. Sendo
assim, o filme passa a não ter vida própria, e fica à mercê do
aparato visual de qualidade inquestionável, e no capricho da
produção dos estúdios Disney.
Taylor
Kitsch estréia como protagonista e mostra que ainda precisa se
soltar mais e se sai melhor quando é o humano rebelde e meio
paranóico. Entre os demais atores destaque para Mark Strong, que se
sobressai como o vilão careca Matai Shang, e Willem Dafoe,
irreconhecível por trás dos efeitos de captação de movimentos,
interpretando o lider dos Tharks, Tars Tharkas.
Um
blockbuster que pegará o público pelo seu poder hipnotizante,
amplificado pelo 3D, mas que ficou abaixo do esperado, ainda mais
quando se sabe o que os roteiristas da Disney são capazes de fazer,
principalmente em suas animações.
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