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segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

O lado bom da vida (2012)

Silver linnings playbook , 2012.
Direção: David O. Russel. Com: Bradley Cooper, Jennifer Lawrence, Robert De Niro, Jacki Weaver e Julia Stiles. 
Nota: 8.5

O lado bom de se assistir uma comédia romântica é poder contar com seus personagens empáticos, curiosos ou apenas engraçados o suficiente para que a conexão emocional com o grande público seja estabelecida. Para quem é fã do gênero, alguns clichês são sempre bem-vindos como a distinção de personalidades que separam o casal protagonista no início como um despiste para se criar uma história de amor e descobertas no final. No entanto o que também é bem vindo para os fãs ou não do mesmo, é a capacidade que o gênero pode ter de nos surpreender. Esta com certeza é a forma mais cabível para descrever o impacto desta carismática história.

A família disfuncional novamente está no foco da câmera precisa de David O. Russel, responsável pelo sucesso do drama O vencedor em 2010. O filme serviu como um debut para o diretor se aprimorar e voltar a utilizar um comboio de emoções. O protagonista em questão não é um boxeador, mas como tal, fez de seus punhos seu cartão de visitas no rosto do amante de sua esposa ao flagrá-los em pleno ato de traição no chuveiro. Pat Solatano (Bradley Cooper) perdeu tudo neste breve, mas traumatizante, acesso de raiva. Diagnosticado com transtorno bipolar, imediatamente foi internado numa clínica psiquiátrica de onde sai sob a responsabilidade da boa mãe (Jacki Weaver). Com esta atitude a matriarca bate de frente com o poderoso chefão da família, Pat Sr. (o excelente Robert de Niro). Como senão bastasse carregar todos seus tramas , incluindo uma música que fica o tempo todo como trilha sonora de sua desgraça, Pat tem que conviver com a distância do pai, enredado em suas apostas e seu próprio transtorno obsessivo compulsivo. Na bagunça do seio familiar em que se instalou o protagonista, aparece a jovem Tiffany (Jennifer Lawrence, fabulosa), uma deprimida inveterada que como ele, sofre de sérios problemas emocionais depois da morte do marido. 

Quando se encontram pela primeira vez durante um jantar na casa de amigos em comum (John Ortiz e Julia Stiles), Pat e Tiffany começam uma relação de dependência. Ele, na obsessão compulsiva de reconquistar a mulher e ela, que promete ajudá-lo desde que ele seja seu parceiro num concurso de dança. A experiência vai além da troca de favores, configurando em diálogos tão bipolares quanto a personalidade de Pat, assumindo caráter de uma dança de sentimentos complexos na pista de explosões a cada um passo. A convivência cria um elo entre eles e aos poucos, Tiffany começa a acreditar de novo em sua autoestima, mas seu maior desafio está em restaurar a mente fragmentada de seu parceiro obcecado pela onipresença de um matrimônio bem como sua relação inexistente com a esposa adúltera. 

Entrar no terreno de catarses sentimentais dentro de uma comédia romântica é um feito raro e O. Russel com sua capacidade de disfuncionar seus personagens se sai muito bem. O mesmo ponto que havia trabalhado no filme que deu o Oscar a Cristian Bale. Este é o maior êxito do diretor neste trabalho. Trabalhar com outro gênero sob a mesma ótica. O tema da redenção, da descoberta no final, da vitória pela família se faz as semelhanças entre as duas obras. Mas o que faz de O lado bom da vida mais retumbante  é justamente a forma que a história transita da tensão dramática para momentos de romance e alívio cômico sem perder o foco em seu enredo principal. 

Outro ponto fundamental do trabalho do diretor são as atuações do elenco. Tudo é concentrado nos personagens/atores, deixando pouco espaço para a construção minuciosa da trama. Fato que faz emergir atuações brilhantes como de De Niro, que tem de volta um papel digno à sua história. E o que dizer de Lawrence? A jovem atriz que surpreendeu em O Inverno da alma e que a partir dali construiu uma carreira admirável no cinema, mostra que veio para ficar, numa atuação pra lá de segura em suas nuances (drama e comédia) e que ainda pesca com precisão a sensualidade necessária para a personagem. Um dos nomes fortes do Oscar com certeza. Bradley Cooper tem a melhor atuação da carreira comprovando o valor que tem o esforço em se extrair coisas boas de atores medianos. Sua parceira com Lawrence não mina o talento comprovado da atriz, e muito menos compromete o bom andamento da trama central, a ele imputado. 

Tamanho poder investido nos personagens tem também sua bipolaridade. A força dos mesmos destomba para um roteiro indo de encontro a previsibilidade do final, mas até lá o espectador já se apaixonou por seus "maluquinhos", torcendo, como deve ser, para que fiquem juntos. Mesmo não se valendo muito de romance, e sim de redenção pessoal. O. Russel acerta em mesclar características merecendo sua indicação ao Oscar nos trazendo um filme para se apreciar na certeza de que quando você sai da sala de projeção, pode sim reconhecer o lado surpreendentemente bom da comédia romântica. O lado extasiante.  

2 comentários:

  1. Adorei. O. Russel tem uma facilidade incrível em confeccionar personagens e o elenco dá um verdadeiro espetáculo. As histórias são simples mas de uma intensidade pouco vista.

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  2. Aqui ele é bipolar pq pegou a esposa dele traindo ? Por isso ele foi para hospital ?

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