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segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

O Impossível (2012)


The imposible, 2012. Dirigido por Juan Antonio Bayona. Com Naomi Watts, Ewan McGregor, Tom Holland, Samuel Joslin, Oaklee Pendergarst e Geraldine Chaplin.

Nota: 8.4

No dia 26 de dezembro de 2004 um tsunami varreu vários litorais asiáticos, acabando com a vida de milhares de pessoas. Em meio a tantas baixas, o que parecia improvável aconteceu. Cincos pessoas da mesma família são engolidos pelo avanço feroz das águas, e ainda assim conseguem sair vivas e se encontrar. Não é spoiler gratuito, isso é um fato que se descobre só de olhar o cartaz. Porém, o que atrai na obra de Juan Antonio Bayona é como uma sucessão de situações do destino realiza esta proeza, porém, antes de tudo, a chama ardente da perseverança que não deixou nenhum deles desistir.

Maria (Naomi Watts) e Henry (Ewan McGregor) vão com os filhos Lucas (Tom Holland), Thomas (Samuel Joslin) e Simon (Oaklee Pendergarst), passar as festas de ano-novo nas praias paradisíacas da Tailândia. Tudo transcorria bem quando um gigantesco tsunami invadiu todo o litoral e devastou quilômetros terra à dentro. Incrivelmente todos sobrevivem, entretanto, enquanto Maria em uma luta desesperadora contra as águas recupera seu filho mais velho, Lucas, Henry consegue se junta aos dois menores. Porém, os dois grupos não sabem o paradeiro do outro, nem se estão vivos. Muito feridos, tanto no corpo quanto na alma, precisarão de muita força de vontade para se reencontrarem em meio a destruição e uma multidão de mortos e feridos.

Sim, à primeira vista ou a uma percepção bem menos atenta, O Impossível é só mais um filminho, baseado em uma história real, piegas e com um final feliz. Só que está história não é tão simples assim para se resumir a um enfadonho conto de superação. O roteiro não se apega ao sentimentalismo, pelo contrário, mostra os acontecimentos fatídicos com o máximo de realidade possível, e de forma isenta, até fria e cruel. A crueza com que narra a busca pela sobrevivência, principalmente pelos personagens de Watts e Holland chega a apavorar. A truculência do avanço marítimo, as feridas expostas, e o relacionamento de mãe e filho, tudo arquitetado em um cenário em que as lágrimas vem pelo conjunto, não por uma “forçada de barra” facilmente presente em filmes catástrofe.

E por falar nisso, Bayona não tem o menor interesse em explorar o lado assustador do desastre, como seria ao gosto de Rolland Emmerich. Seu olhar se preocupa no comportamento e nos acontecimentos relacionados aos humanos que enfrentam a intempérie. Faz um impacto assustador com imagens frenéticas que jogam casas, árvores e os personagens para todos os lados. Mas é só. O tsunami é só o condensador de uma história inacreditável, e o diretor evoca um estilo mais intimista para manipular as artimanhas do destino, provocando uma tensão incontrolável, mesmo sabendo-se de que tudo daria certo.

Este excesso intimista do diretor pode cansar quando vai ao encontro da pueril trama que traz a maturidade do primogênito Lucas, já que o espectador com a tensão lá em cima costuma se aborrecer se esta sofrer uma mínima pausa que seja. Por outro lado, a opção do diretor arrancou atuações acima da média. Ewan McGregor não parece tão ausente como em outros longas, e sem exageros passa a agonia de um pai que procura por seus filhos e família. Naomi Watts faz o que lhe parece inerente, sofrer. Dilacerada, não fica presa em sutilezas e se entrega à sua personagem, que em meio a gritos e choro não perde o controle dramático, o que faz jus a indicação ao Oscar que recebeu. Mas o destaque é o novato Tom Holland, que mostra uma enorme capacidade em não deixar Watts o engolir, e mostra um equilíbrio entre um adolescente irritante e um pequeno herói.

Talvez este filme não seja um filme perfeito e nem mesmo seja digno de aparecer em listas de premiações, a não por atuações, como aconteceu. Mas é um longa de raro equilíbrio entre o documental e o catastrófico que não pende ao exagero, além de não necessitar das cenas do desastre para fazer bilhet

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