Frankenweenie, 2012. Dirigido por Tim Burton.
Nota: 8.2
Tim Burton é daqueles diretores
que sempre está fazendo um filme aqui e outro ali, transitando pelos gêneros
que mais ama: terror e comédia. Na maioria das vezes constitui uma combinação
dos dois e faz um “terrir” como era de costume em filmes de Sam Raimi, só que
de uma qualidade muito superior ao “trashes” do sino-americano. Quando resolve
se enveredar pelo mundo da animação, também uma paixão sua, cria algo só seu,
de traços marcantes, bizarros, mas com temas sempre mais interessantes do que a
maioria consegue fazer. Depois dos obscuros O Estranho Mundo de Jack e Vincent,
o diretor faz uma homenagem a um dos maiores clássicos do horror do cinema
americano em Frankenweenie, muito
mais bem-humorado.
Victor é um menino recluso e
apaixonado pelas ciências, que tem como melhor amigo o doce cachorrinho Sparky,
que faz a alegria não só dele, mas também de toda a família. Quando o pet sai
correndo atrás de uma bola e entra na frente de carro, sua amizade com Victor
parecia encerrada. Porém, o menino coloca em prática os fundamentos que
aprendeu na escola para montar uma parafernalha para trazer seu fiel amigo à
vida. Seu triunfo, entretanto, desperta a inveja de seus amigos, que usam sua
cartilha para criar monstros bizarros.
Burton assina o roteiro e faz não
uma paródia, e sim uma homenagem ao clássico dirigido por James Whale em 1931,
adaptado da obra da britânica Mary Shelley. Mas aqui, diferente da loucura que
direcionou Henry Frankenstein a criar o monstro, é o amor que Victor sente por
Sparky que é o catalisador da história. Inclusive este é o elemento principal
revelado por seu professor de ciências para que tudo ocorresse como o esperado.
O diretor aproveita ainda para injetar pequenas referências a outros filmes,
como a outra obra de Whale, A Noiva de
Frankenstein (35) e Jurassic Park
(93), de Spielberg. Mas sem perder o rumo de sua linha narrativa, ficando
sua história com vida própria.
Os traços, que em sua maioria são
desenhados pelo próprio Burton, também se tornaram uma marca registrada. Seu
personagem principal lembra a fisionomia de Johnny Depp, seu ator-fetiche, e as
feições bizarras do cachorrinho são bem constituídas para relembrar a maquiagem
revolucionária criada por Jack P. Pierce no longa de 1931. O humor está mais
incisivo e a escuridão nos moldes do Expressionismo
Alemão não domina a película como de costume, o que dá um tom mais ameno,
que não se fazia presente desde A Noiva
Cadáver (09). A passagem final não é fatalista como o original, deixando
prevalecer o que provavelmente iria agradar o público infanto-juvenil.
Aqueles acostumados à obscuridade
e dualidade dos filmes anteriores de Burton no gênero, talvez alguns fãs não
fiquem satisfeitos. Entretanto esta bela homenagem bem reconstituída e
identificada irá atingir um público muito maior. Um filme bem feito, ousado e nostálgico,
obra que mesmo não sendo sua melhor é um produto acima da média. Boris Karloff,
que deu vida ao monstro no original, ficaria emocionado e bateria palmas.
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