Nota: 7.8
Quando uma saga ou história
consagrada passa por uma reformulação, às vezes necessárias devido aos novos
tempos que predominam, tem no mínimo duas opções para com a aceitação: Será
amado ou odiado. No cinema, Sam Raimi dirigiu uma trilogia arrasa quarteirão,
que levou centenas de milhões às salas de exibição e faturou dois Oscar com a
segunda parte. Com o fracasso de HA3, Marc Webb aceitou o desafio de conduzir O Espetacular Homem-Aranha e conseguiu
dar mais humanidade a Peter Parker e, no mínimo, garantir a continuidade desta
nova franquia.
A história é bem diferente daquela
vista nos três filmes anteriores. Peter Parker (Andrew Garfield) perdeu seus
pais quando era criança, porém entes de partirem deixaram o menino aos cuidados
de Ben (Martin Sheen) e May (Sally Field). Peter cresceu e se tornou um jovem
inteligente e tímido. Quando descobre documentos de seu pai que o levam ao Dr.
Curtis Connor (Rhys Ifans) e aos laboratórios da Oscorp, ele é mordido por uma
aranha geneticamente modificada e ganha poderes espetaculares. Entretanto, uma
tragédia passa novamente pelo seu caminho e o conduzem para se tornar um herói,
perseguido pelo Capitão Stacy (Denis Leary), mas amado por sua filha Gwen (Emma
Stone).
Obviamente quem não conhece os
novos quadrinhos do super-herói vão levar um choque com as ausências de Mary
Jane e Harry Osborne, sempre presentes nos outros filmes, mas o mérito do
roteiro de James Vanderbilt, Alvin Sargent e Steve Kloves é manter a base forte
na transformação de Parker no herói mascarado, o que no filme de Raimi
acontecia de forma superficial e apressada. A interação com sua paixão, Gwen,
também é cadenciada e não faz rodeios quando chega a hora de revelar a ela seu
segredo. A importância de seus tios não é reduzida a apenas uma frase, que
nesta nem se faz menção, e os problemas juvenis predominam no jovem herói.
A direção de Webb às vezes parece
insegura ou resguardada demais e as cenas de ação modestas. Porém, como se
trata de uma introdução a um novo universo, e pelo excelente efeito visual que
concebeu o vilão Lagarto isso pode ser perdoado. A concepção proposta é mais
pop e os tons mais claros que norteiam o aprendizado de Peter vão se dissipando
quanto mais sua responsabilidade toma forma. Menos carregado de humor que toda
a trilogia de Sam Raimi, O Espetacular Homem-Aranha e mais melancólico e
enfático na dualidade de Parker e do Dr. Connor (que devido às tentativas de
inventar algo que reverta deficiência, acaba por se transformar em um
descontrolado lagarto gigante).
Com mais acertos do que erros,
com destaque para os promissores Garfield e Stone que já fizeram bons trabalhos
em dramas, Webb conseguiu agradar o novo público que se criou em torno deste reboot, e ainda deixou satisfeitos os
mais ortodoxos. Se não foi melhor que os filmes anteriores, isso é de pessoa
para pessoa, mas uma coisa é certa, este conseguiu no mínimo o aval para
mostrar que tem muito mais a oferecer, e se seguir o caminho do Batman de
Nolan, será muito bem vindo.
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