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domingo, 13 de janeiro de 2013

O Exótico Hotel Marigold (2012)


The Best Exotic Marigold Hotel, 2012. Dirigido por John Madden. Com Judi Dench, Maggie Smith, Tom Wilkinson, Bill Nighy, Penelope Wilton, Sara Stewart, Roanald Pickup e Dev Patel.

Nota: 7.5

Não por maldade, mas quando colocamos nossa mente para refletir sobre o envelhecimento, sempre descambamos para o melancólico, com aquele amargo gosto das lágrimas internas, ou não, que quase por vontade próprio se derrama. E no cinema o clima não costuma ser diferente. Obras como Iris (2001), que, apesar de ser uma belíssima história de amor, é também um desenho venal e cruel sobre os problemas do crepúsculo da vida, quase uma setença de que o destino é um fim tenebroso, hostil e sofrido, com mais lamentações do que recordações. Porém, em O Exótico Hotel Marigold, o diretor John Madden reúne a nata da terceira idade dos atores britânico e constrói um painel reflexivo sobre ser velho, bem mais do que os olhos podem ver.

Evelyn (Judi Dench), Graham (Tom Wilkinson), Muriel (Maggie Smith), Douglas (Bill Nighy) e sua esposa Jean (Penelope Wilton), Madge (Sara Stewart) e Norman (Ronald Pickup) estão aposentados e se sentindo sem um sentido na nova etapa da vida. Cada um, por seus íntimos motivos parte para um hotel para idosos em uma cidade na ìndia em busca de que seus problemas se resolvam. Porém, o estabelecimento administrado pelo sonhador Sonny (Dev Patel) não é o que os folhetos mostravam, e os novos hóspedes passam a enfrentar as carências da estrutura. Contudo, isso será deixado de lado quando a jornada os levam a um conhecimento ao qual não acreditavam mais ser capazes de alcançar.

O roteiro de Ol Parker quase coloca tudo a perder. Toda a sensanção de recomeço em que os personagens são inseridos não consegue ter tanto impacto devido ao excesso de clichês sentimentais e à forçação de barra para envolvimentos românticos que inevitavelmente acontecem. As histórias não conseguem ter um desenvolvimento pleno e satisfatório e a narrativa pende para o novelão, com o intuito de levar às lágrimas, quando a moral da história indica não há motivos para tal, a não ser de alegria. Talvez se optasse por escolher por desenvolver plenamente dois ou três personagens, o ritmo ganhasse força. Pior ainda foi dar espaço em demasia à trama do jovem Sonny, não que seja desinteressante, mas já havia histórias demais a serem conduzidas.

Apesar destas burradas de Parker, o que faz de Marigold um lugar propenso à felicidade de seus personagens e que agrada, é a atuação do elenco. Apesar de seus textos pueris, todos conseguem fazer com o aprendizado forçado seja bem entendido pelo público, e ainda não dar a sensação de que aquilo saiu de alguma novela das seis. Tom Wilkinson fica na linha tênue em que seu Graham é obrigado a viver, com um remorso quase mortal. Outro que se sai bem é Bill Nighy, bem menos exagerado que sua cmpanheira Wilton, se define desde o início como é descrito pela esposa, bondoso demais, e mesmo que o roteiro exija excessos, ele não o faz.

Porém, duas atrizes elevam o filme a condição de recomendável, apesar de tudo. Judi Dench e Maggie Smith mostram excelência em atuações que mereciam muito mais do que lhes foram dado, e mesmo assim extraem o pouco de o texto lhe oferece e passa ao público que sempre há tempo para algo de novo possa ser feito. Ao contrário de filmes como o já citado Iris (estrelado com perfeição por Miss Dench) estar idoso não é uma condição que implica o aspecto físico e o mental, como o dilema que atormenta Madge e Norman, e sim só o primeiro, pois pode-se até estar com o corpo combalido, mas a mente pode sempre estar sã, isso é possível de se escolher.

O filme não é melhor tanto pelo roteiro frágil e tendencioso a banalidades, principalmente na parte final, quanto pela direção frouxa de Madden, lembrando seu irregular Shakespeare Apaixonado (98). Contudo esta visão do envelhecimento traz algo que não estamos acostumados a ver: ela sendo tratada como um aporte para aprendizado e naõ sendo um estudo de comportamento melancólico que apontado o fim de tudo. Pois “se no final não der certo, é por que ainda não é o fim”, e mesmo não sendo bem assim, ao menos nos faz assistir aos créditos se sentindo muito melhor.


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