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sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Audrey Hepburn: Uma estrela que nunca se apaga

Iniciaremos de hoje até o fim de Janeiro um dos capítulos mais lindos da história cinematográfica. A história da fabulosa Audrey Hepburn, uma estrela que contribuiu e muito para fazer do cinema um entretenimento fantástico e o mundo um lugar mais humano. Em comemoração (sim, comemoração, pois quem teve uma história de vida tão linda como a própria, nos deixou muito o que comemorar) aos 20 anos de sua partida, vamos relembrar alguns fatos, filmes, momentos fantásticos dentro da fantástica história desta mulher notável, que transcendeu com uma diversidade ímpar de talento o esteriótipo de atriz/estrela de filmes. 


Capítulo 1: Guerra e Paz

"À medida que você envelhece, lembre-se que você tem um outro lado: O primeiro é ajudar a si mesmo, o segundo é ajudar os outros.”  Audrey Hepburn

Nascida em 4 de Maio de 1929 em Ixelles (Bélgica) Audrey Kathleen Ruston era a única filha de Joseph Anthony Ruston (um banqueiro britânico-irlandês) e Ella van Heemstra (uma baronesa holandesa descendente de reis ingleses e franceses). Foi seu pai quem anexou o sobrenome Hepburn, e Audrey se tornou Audrey Hepburn-Ruston. Tinha 9 anos quando seus pais se separaram e para mantê-la afastada das brigas familiares, sua mãe enviou-a para um internato na Inglaterra, onde ela se apaixonou pelo balé. Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial em 1939, sob os protestos da menina Audrey, a mãe decidiu então levá-la para viver na Holanda, país neutro que acreditava não seria invadido pelos alemães, mas a situação no país foi bem diferente da planejada. Com a invasão nazista, a vida da família foi tomada por uma série de privações, incluindo a saúde de Audrey, debilitada pelo fato de ter que muitas vezes de comer folhas de tulipa para sobreviver. Mesmo assim, a garota de corpo franzino não ficaria indiferente aos apelos dos seus, por isso o envolvimento com a Resistência, onde tornou-se testemunha ocular de vários assassinatos, incluindo de próprios parentes. Sua força interior era maior que qualquer repressão, e quando sua saúde estava melhor, participaria de espetáculos clandestinos de balé para angariar fundos em prol da Resistência. Assim se manteve firme até o fim da Guerra quando ela e sua mãe retornaram para a Inglaterra, onde ingressou na prestigiada escola de dança Marie Lambert. Por conta deste triste capítulo de sua história, a atriz recusaria anos mais tarde o papel de Anne Frank no cinema. 

CHARADA (Charade, 1963)
Direção: Stanley Donnen. Com: Audrey Hepburn, Gary Grant e Walter Matthau.
Nota: 9
Uma charada está no ar. Como se consegue fazer um filme tão heterogêneo deslanchar numa grande história cheia de reviravoltas? Ação, suspense, comédia, romance, drama. Tudo encaixotado num labirinto de emoções no instigante filme protagonizado por Audrey Hepburn e Gary Grant.
Tudo começa com um corpo que cai. Não, não é Hitcock. É Stanley Donne que introduz o mistério do filme viajando por uma linha ferroviária quando de repente um corpo é atirado para fora de uma dos vagões. O “presunto” em voga é Charles Lambert , marido da refinada Regina (Hepburn, lindíssima). Este cenário passaria a conduzir o mistério da trama mosaica.
Prestes a se divorciar, Regina se encontra em Paris aguardando o veredicto de seu futuro matrimonial quando descobre que o marido fora assassinado durante uma tentativa de fuga do país em direção a Nova Iorque. A viúva é chamada à Embaixada Americana por Hamilton Bartholemew (Walter Matthau) , que dentre outras coisas lhe deixa a par do golpe de mestre que seu finado marido aplicara em ex-colegas da época de Segunda Guerra. Um milhão de dólares americanos destinados a força européia de resistência que foram parar nas mãos de 5 amigos. Os soldados decidiram que o dinheiro teria mais serventia se dividido entre eles. Após um deles ser assassinado, os outros quatro dividiriam em partes iguais a quantia. Mas o que os desertores não esperavam era que o marido de Regina pudesse esconder a grana. Quando os três enganados aparecem para prestar condolências nada amistosas ao falecido, a segurança da viúva é seriamente ameaçada. Neste tempo ela conhece o enigmático Peter Joshua (Gary Grant), cujas intenções são tão indecifráveis quanto seu verdadeiro nome. O que forma a miscelânea de acontecimentos e assassinatos misteriosos em volta do casal. Não se sabe se ele está ali pra protegê-la ou de algum modo reaver o dinheiro, que a esta altura todos desconhecem o paradeiro.
O suspense em torno deste roteiro bem delineado vai do início ao fim, como um trunfo bem quisto para assegurar o empreendimento de um elenco formidável que o molda de forma particular. Indicados ao Globo de ouro, o veterano Grant e a belíssima Hepburn conduzem de maneira consistente a química do casal não deixando em nenhum momento evidências da inocência de seus respectivos personagens, criando assim, um trama particular dentro da própria trama interagindo com reações cômicas e cenas românticas. A direção de Donnen é o apuro necessário para criar uma charada cinematográfica de primeira.
Indicado ao Oscar de canção original (Charade), bem que também merecia entrar como roteiro original. A atuação de seu elenco é seguramente o estopim do filme. Não foi a melhor atuação da eterna Bonequinha de luxo, mas assim mesmo ela brilha no papel que seria de Natalie Wood, transitando habilmente entre as cenas de tensão e os trejeitos cômicos, beirando uma canastrice divertida no enlace típico dos filmes que seguiam esta linha na época. Uma perfeição demarcada. A abertura caleidoscópica, silhueta do revólver por dentro do casaco, os tiros de festim e por aí vai... Contudo, nem mesmo estes conhecidos elementos são capazes de minar boa parte da qualidade do filme diante de um final surpreendente e por deveras criativo até para os dias de hoje. Refilmado em 2002 por Jonathan Demme como o O segredo de Charlie, Charada é uma excelente...Como posso definir? Apenas excelente!

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