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sexta-feira, 3 de agosto de 2012

O Tambor (1979)


Die Blechtrommel, 1979. Dirigido por Volker Schlondorff. Com David Bennent, Mario Adorf, Angela Winkler, Katharina Thalbach, Daniel Olbrychski, Tina Engel e Charles Aznavour.

Nota: 9.0

Há poucos que conhecem as obras de um dos movimentos mais importantes da cinematografia europeia do século XX, O Novo Cinema Alemão oriundo das décadas de 60 e 70. Diretores como Rainer Werner Fassbinder, Werner Herzog, Win Wenders e Wolfgang Petersen, isso só para citar os mais conhecidos, levaram às telonas divagações existenciais, críticas ao passado negro do país e análises profundas do comportamento dos mais variados tipos de pessoas. Porém, é um cinema para quem aprecia tal como arte pura e autoral. E como se filmasse com a cartilha do movimento debaixo do braço, Volker Schlondorff concebeu uma das obras-primas do per´piodo, um filme repulsivo, mas ao mesmo tempo lírico e tocante.

 Na Alemanha sob a tensão do crescente movimento Nazista no período entre guerras das décadas de 20 e 30, ao completar 3 anos, o menino Oskar (David Bennent) ganha um tambor que lhe havia sido prometido por sua mãe Agnes (Angela Winkler) assim que nasceu. Mas ao presenciar a relação libidinosa de sua mãe com o tio Jan (Daniel Olbrychski), decide não crescer mais, então se joga de uma escada, o que faz com que desenvolva uma atrofia que o impede de crescer. Além disso, o menino desenvolve um distúrbio que o torna capaz de quebrar vidros com um guincho agudo. Com o passar do tempo, as implicações do tempo e da vida levarão Oskar por diversos caminhos à procura de respostas das quais nem a pergunta sabe ao certo qual é.

O roteiro escrito por Schlndorff, junto com Jean-Claude Carrière, Gunter Grass e Franz Seitz, baseado no livro de Grass, é uma alegoria sobre o amadurecimento mental, sexualidade e ainda sobra tempo para uma crítica ao comportamento da população em relação ao nazismo. A forma como o personagem central explana sua percepção do mundo ao seu redor, às vezes no centro das ações, outras como um vigilante, concentram a riqueza do texto. Oskar tem seu tambor como aquilo que o protege do mundo dos adultos e de toda suas complicações. Quando finalmente começa a sentir as transformações ideológicas que surgem na adolescência, como a confusa descoberta da sexualidade, a busca pela expansão de suas relações humanas e o confronto com a morte o colocam em uma situação limite. Crescer ou não crescer, era essa a questão.

O diretor não poupa o público das cenas nauseantes. Desde os jogo sexuais depravados, passando por uma cabeça de cavalo cheia de enguias, o menino descobrindo o sexo aprisionado no corpo infantil e as marchas nazistas, tudo é trêmulo e intimista. Todavia são nestes aspectos repulsivos é que Schlondorff mostra o brilhantismo de sua obra, trazendo toda aura do Novo Cinema de seu país, com as imagens pesadas e sem medo de desagradar.

David Bennent consegue convencer que relmente era um adulto no corpo de uma criança, e é difícil pensar que se tratava de menino de doze anos em todos aqueles momentos de intimidade sexual. Só ajudou aumentar a perplexidade do expectador em relação à fita, mas também acentuou a discussão proposta. Um libelo indiscutível e que vive no limite do ame-o ou esqueça-o.

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