Nota: 6.7
Estão mesmo em alta no cinema atual as adaptações literárias. É só parar e
ver a quantidade delas que estreiam todas as semanas em salas de todo o mundo, e
depois de quadrinhos e obras consagradas, chegou a vez dos livros de autoajuda
ganharem sua chance. Com O que esperar quando você está esperando,
baseado no best-seller homônimo de Heidi Murkoff , Kirk Jones entrega
aos grávidos de plantão um filme com uma mescla de comédia, drama e romance, mas
que sofre por não saber distribuir bem os gêneros envolvidos e também a
importância dos personagens.
A história gira em torno de cinco dos problemas mais comuns que envolvem a
gravidez. Holly (Jennifer Lopez) e Alex (Rodrigo Santoro), que resolvem adotar
uma criança; Wendy (Elizabeth Banks) descobre que seu sonho de ser mãe não é tão
fácil assim; Jules (Cameron Diaz) é uma apresentadora de um programa de TV e
entra em pânico com a situação ao lado do marido; Skyler (Brooklyn Decker) é
muito mais nova que o marido Ramsey (Dennis Quaid) e verá nisso um problema; e
Rosie (Anna Kendrick) que, na primeira transa, se descobre grávida.
O roteiro tenta trazer ao público a essência insegura e acadêmica do livro na
já famosa fórmula episódica de pipoca vez ou outra nas telonas, desde Short
Cuts, de Robert Altman. Cada fragmento engloba um ato das intempéries que
os personagens enfrentam e que, em determinado momento, se correlaciona. O tom
de comédia toma maior parte das ações do filme, sendo que nos episódios onde ela
é predominante, o texto fica prejudicado pela escatologia estereotipada e
repleta de clichês, como o clube onde os homens se encontram para troca de
experiências.
Quando há tensões maiores envolvidas e dilemas morais são anexados aos
personagens, o filme tem seus melhores momentos. As dúvidas de Alex para com a
decisão da esposa, da qual ele compartilhou a ideia de adotar um filho, se
alternam em tiradas de humor fino e um sofrimento frágil, porém sincero. Também
é muito interessante o envolvimento e a aprendizagem que se criam entre os
jovens Rosie e Marco (Chace Crawford), que veem a relação se enriquecer com a
descoberta da gravidez acidental da moça.
Jones mostra que mantém certa ingenuidade e fragilidade na condução do longa,
que exigia maior preocupação com a transição dos capítulos. A falta de elementos
que tornassem os atos protagonizados por Diaz, Banks e Decker mais interessantes
poderiam ter suprimido os excessos de bobagens manjadas que foram inseridos.
Além de praticamente anular o trabalho das atrizes, reduziu seus companheiros a
elenco de apoio de luxo. Talvez tenha sido uma escolha errada para um projeto
tão delicado.
Depois de receber várias críticas sobre seus trabalhos no exterior, Rodrigo
Santoro mostra que pode, e merece, melhores personagens em Hollywood. Ele mantém
uma segurança característica em trabalhos recentes, além de uma grande
versatilidade, o permite transitar entre o humor e o drama. Já a âncora feminina
é Anna Kendrick. A jovem e talentosa atriz mostra que não é por acaso a
indicação ao Oscar presente em seu currículo (coadjuvante em Amor sem
escalas). Não dá espaços para Diaz e Lopez brilharem e rouba a cena com seu
florescimento maternal ao lado do futuro pai de seu filho.
Acaba que O que esperar quando você está esperando não é um filme
ruim, mas não faz jus ao livro de grande importância que se tornou. Porém, se
salva como um passatempo pueril. E se quem for o assistir estiver na mesma
situação de algum dos personagens, terá grande chance de fazer sucesso.
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