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quinta-feira, 9 de agosto de 2012

A Ultima Estação (2010)


The last station, 2010. Dirigido por Michael Hoffman. Com James McAvoy, Helen Mirren, Christopher Plummer, Paul Giamatti, Kerry Condon e Marie-Ann Duff.

Nota: 7.7

Sempre é bom acompanhar uma cinebiografia, é a oportunidade de conhecer a vida de uma personalidade e descobrir coisas que não sabemos. Mas em alguns casos o filme se atém a algum trecho da vida do biografado, o que não perde a mágica, desde que seja interessante. Foi pensando assim é que Michael Hoffman levou ao cinema o momento derradeiro da vida de Lev Tolstoi, o autor de obras-primas da literatura como Guerra e paz e Anna Karenina, que repensa a ideologia que promulgou e influenciou toda uma geração.

A trama é simples. O jovem Valentin (James McAvoy) viaja até o retiro em que se reúnem os tolstoianos mais fervorosos a fim de viver sob seus conceitos. É mandado para a residência do próprio Lev Tolstoi (Christopher Plummer) para ser seu secretário pessoal, e aprender mais de sua doutrina. Porém, quando percebe que a relação de seu mentor com a esposa Sofya (Helen Mirren) não é das melhores por questões de herança e política, combinado a sua paixão por uma das seguidoras Masha (...), começa a reconsiderar o verdadeiro espírito da ideologia.

Hoffman constrói um questionário cinematográfico que coloca em xeque o fundamento maior do pensamento tolstoiano, dito pelo próprio escritor em uma cena, o amor. A transformação do movimento em arma política pelas mãos de Chertkov (Paul Giamatti) vai de encontro a tudo que Valentin acreditava. A opção do líder partidário em convencer Tolstoi a tirar da esposa os direitos da família em possuir propriedade das obras após sua morte são questionadas pelo jovem, assim como a castidade imposta pela teoria que o impede de amar Masha. Seu contato com o mestre vai revelando a ele qual caminho deveria tomar, e se vê em uma encruzilhada moral.

Não há uma intenção de o diretor tornar o escritor um descrente de seus próprios ensinamentos, mas deixa uma intersecção no limiar de sua vida, será que tudo o que disse deveria mesmo ser tomado como um axioma? De forma sensível, Hoffman envolve os dois casais do longa em uma correlação de atitudes, sendo que Tolstoi sente a amargura de se considerar um traidor de sua teoria, e Valentin luta para não cometer o mesmo erro dele.

Se não tivesse se apegado demais a sentimentalismo e ter conduzido o filme de forma mais segura e racional, mesmo se tratando de um romance, Hoffman teria triunfado. Mesmo assim, não pode deixar de considerar a ousadia de levar ao questionamento popular este paradoxo de consciência de uma figura tão lúcida e emblemática como Lev Tolstoi. Isso, mais as atuações tocantes do quarteto central, principalmente Mirren e Plummer, já valem o ingresso, ou dinheiro do aluguel do disco.

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