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quinta-feira, 23 de agosto de 2012

A condenação (2010)


Conviction, 2010. Dirigido por Tony Goldwyn. Com Hillary Swank, Sam Rockwell, Melissa Leo, Peter Gallagher e Julliet Lewis.
Nota: 6.5
 
Hillary Swank e Sam Rockwell formam uma dupla (quase) imbatível num filme que tinha tudo para ser algo fantástico, mas que acaba escambando para o fantasioso
 
Adaptar uma história real para o cinema não é a mais fácil das tarefas. O cinema biográfico como dizem, é constituído de pesquisas, avaliações, levantamento de dados e outros argumentos que possa por em validade questões pertinentes do personagem ou persona em voga. É uma tarefa difícil, que passa a ser recompensadora quando a obra vira algo apreciável. E o mais fundamental, quando a obra passa veracidade, palavra chave para falar de acontecimentos reais.
 
Quando o ator Tony Goldwyn (o Carl de Ghost) resolveu se aventurar como produtor ele se tornou escravo de sua escolha, brilhante por sinal. Levar às telas a fantástica história de uma dona-de-casa que de repente abandona tudo, incluindo marido e filhos, para se dedicar a livrar o irmão da prisão, num belo enredo de amor incondicional ao sangue de seu sangue. Além do enredo, Tony também foi feliz na escolha do elenco. A talentosa Hillary Swank assumiu o posto tanto de produtora executiva quanto a de protagonista como Betty Anne Waters, que depois de anos cozinhando e cuidando de casa, decide retornar aos estudos para salvar o irmão de uma injusta condenação.
 
 
O oprimido em questão é Kenny Waters, vivido pelo excelente Sam Rockwell. Um típico bom vivant interiorano, modelo dos rapazes de cidade pequena que coleciona tanto amantes quanto confusão a cada barzinho de esquina. Quando aparece um corpo de uma mulher brutalmente assassinada, não é muito difícil para as autoridades locais eleger e condenar seu único suspeito. Kenny passa anos na prisão e sua atitude rebelde apavora a irmã, que resolve agir antes que seja tarde mesmo que nesse processo perca o marido e os filhos. A luta é incessante. Intrigas familiares, vinganças pessoais e corrupção policial enredam a trama até a libertação final de Kenny.
 
Além de Hilary e Rockwell, a ganhadora do Oscar Melissa Leo tem mais uma atuação segura como Nancy Taylor, a delegada corrupta responsável pela condenação injusta do rapaz. Cléa Duvall, a esposa traída, Peter Gallagher, o advogado famoso esteio de Betty compõe o elenco de feras. Feras estas que se sentiram enjauladas num roteiro claustrofóbico que aponta para cenas superficiais e surreais. À medida que Betty vai se aproximando de seu objetivo, tudo decai para o lugar-comum, sem ritmo e emoção. O clímax de cada descoberta que levaria a inocentar o irmão se esvai a acontecimentos inverossímeis dentro do contexto de um bom enredo cinematográfico. E termina da forma esperada. Com uma simples sentença proferida pela juíza. E só. É como se tudo literalmente “caísse do céu” para este momento. Frio por sinal. Não há o elo, a liga homogênea de roteiro necessário entre uma cena e outra da trama.
 
Embora tenha sido baseado numa história real fica difícil crer nesta premissa ao assistir ao filme. O elenco é afinado e visivelmente prejudicado pelo roteiro e assim todos terminam caricatos, ou seja, falam sem nada dizer. De real mesmo somente a atuação assombrosa em todos os sentidos da excepcional Juliet Lewis, que em pouco mais de 7 minutos dá um show de interpretação na caracterização e no desempenho como a repugnante Roseane, uma ex-amante de Kenny que ajudou a colocá-lo na prisão. A atriz é uma das poucas coisas que fogem do contexto de falsa realidade. Em suma, o filme de Goldwyn é um erro de estruturação que condena justamente uma história fantástica, transformando-a em algo fantasioso, que tinha tudo para ser emocionante, libertador, mas que cai numa cela de emoções esquecíveis.
 

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