Quem não conhece o ser repugnante, que rasteja pelos cantos, maldizendo e assombrando os pequenos Hobbits que tem a missão de destruir seu amado "precioso", e mesmo assim é paradoxalmente cativante? Bom, se nunca viu ou ouviu falar é porque não bom da cabeça ou é doente da vista. O antológico Gollum, construído à base do talento inquestionável de Andy Serkins e efeitos CGI (Captura de movimentos) é um personagem ambíguo, que transita entre suas duas personalidades, que ama e odeia o Um Anel. É, com certeza a melhor criação do universo de J. R. R. Tolkien e quando transportado para as telonas só engrandeceu a atração inevitável que sua presença causa. Um marco do cinema tão grande quanto a trilogia da qual fez parte. Um a pena que Serkins não teve a chance de ao menos ser indicado ao Oscar por sua atuação, verdadeiramente excepcional. Mas não fiquem tristes, o personagem estará de volta em O Hobbit, em dezembro.
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quinta-feira, 30 de agosto de 2012
Personagens inesquecíveis: Gollum/Smeagol (Andy Serkins)
Filme: O Senhor dos Anéis: As duas torres e O retorno do Rei (2002/2003)
terça-feira, 28 de agosto de 2012
O Ditador (2012)

Nota: 3.5
Quando um subgênero surge no cinema, as produtoras afoitas por sucesso
econômico não se contêm em saturar o público, até que ele se canse, ou perca a
maioria dos adeptos. Em 2006, Sacha Baron Cohen levou seu repórter fake
Borat aos cinemas, estarreceu o público com as situações bizarras que "o segundo
melhor repórter do glorioso país Cazaquistão" proporcionou em seu tour
pela América, mas agradou a crítica com um novo braço da comédia, o falso
documentário. Seis anos depois, e um malfadado longa no período, o repugnante
Bruno (2009), Cohen deixou de lado o falso "doc", criando um filme que
peca por gags inverossímeis e estúpidas, e apela a um romance sem
graça.
Na trama, o ditador do fictício país Wadiya, no Oriente Médio, Aladeen (Sacha
Baron Cohen) é odiado pelo povo e pelos seus conselheiros, inclusive seu tio e
sucessor Tamir (Ben Kingsley). Quando vê seu plano de fabricar armas de
destruição em massa ameaçado pela ONU, resolve viajar para Nova Iorque e
discursar em uma assembleia para impor a soberania de seu país e firmar a
ditadura. Porém, conspirações o colocam em apuros e, sozinho na cidade,
precisará da ajuda da militante Zoey (Anna Faris) para retornar a tempo de
evitar o fim de seu governo.
A caricatura criada por Cohen remete aos tiranos da região de origem de seu
personagem, e tem o mérito de expor o lado patético e ridículo que constituem a
personalidade de tais governantes, porém, com uma grande forçada de barra do
ator. Entretanto, o seu roteiro não funciona como esperado, principalmente por
perder o fator "surpresa" que deixava as pessoas que compunham as cenas
desconcertadas, e garantiam mais graça às situações, pois todos riam do
comportamento destas em relação ao comportamento dos personagens Borat e Bruno.
A relação de Aladeen com Zoey não acrescenta nada, além de sequências de mau
gosto promíscuo e discursos racistas e ofensivos.
As bobagens foram tantas e tão ininterruptas que mal se digere uma situação
esdrúxula, e outra já toma espaço. A participação de Anna Faris chega a ser
dispensável, já que a moça nem parece ser a mesma que consegue algumas
gargalhadas em Todo mundo em pânico e A casa das coelhinhas, é
absorvida pela centralização do texto em Aladeen. E Ben Kingsley deve ter
recebido muito para aceitar um papel pequeno em um filmes desses. Pior, só as
aparições de Megan Fox e Edward Norton como eles mesmos "fazendo programa",
vergonhoso.
Só Cohen consegue dar raros momentos de graça genuína ao filme, e deixa claro
que se tivesse sido bem trabalhado, seu personagem poderia ter rendido boas
gargalhadas. Um filme que conseguirá satisfazer um público acostumado a bobagens
estilo MTV, mas que, provavelmente, não escapará ao exorcismo se comparado a
Borat. E pensar que Chaplin fez humor das idiotices de um tirano muito mais
terrível que os de hoje no histórico O grande ditador (1940), e trouxe
uma linda mensagem, sem palavrões e gags preconceituosas. Esse sim
fazia comédia de verdade.
sexta-feira, 24 de agosto de 2012
Personagens inesquecíveis: Holly Golightly (Audrey Hepburn)
Filme: Bonequinha de luxo (1961)
Apaixonante do início ao fim, assim pode-se resumir a aparição nas telonas de Hepburn como Holly Glightly no clássico adaptado do best-seller de Truman Capote. Se não é sua melhor atuação, é com certeza a mais inesquecível, pois conseguiu dar vida com veracidade incrível, parecendo que era a inspiração de Capote, não o contrário. O jeito de princesa, caiu bem para compor a personagem que vivia sendo "cultivada" por vários homens, simplesmente para manter seu grande sonho de um dia se tornar uma atriz famosa. Ao lado de George Peppard, conduziu cenas hilária e emocionantes. Um libelo de personagem, que segue sendo inspiração na confecção de obras na TV e também no cinema, além de ser um símbolo de estilo invejado na época. Rendeu uma indicação ao Oscar para Hepburn, e reside no imaginário coletivo dos cinéfilos por gerações.
quinta-feira, 23 de agosto de 2012
A condenação (2010)

Nota: 6.5
Hillary Swank e Sam Rockwell formam uma dupla (quase)
imbatível num filme que tinha tudo para ser algo fantástico, mas que acaba escambando
para o fantasioso
Adaptar uma história real para o cinema não
é a mais fácil das tarefas. O cinema biográfico como dizem, é constituído de
pesquisas, avaliações, levantamento de dados e outros argumentos que possa por
em validade questões pertinentes do personagem ou persona em voga. É uma tarefa
difícil, que passa a ser recompensadora quando a obra vira algo apreciável. E o
mais fundamental, quando a obra passa veracidade, palavra chave para falar de
acontecimentos reais.
Quando o ator Tony Goldwyn (o Carl de Ghost) resolveu se aventurar como produtor ele
se tornou escravo de sua escolha, brilhante por sinal. Levar às telas a
fantástica história de uma dona-de-casa que de repente abandona tudo, incluindo
marido e filhos, para se dedicar a livrar o irmão da prisão, num belo enredo de
amor incondicional ao sangue de seu sangue. Além do enredo, Tony também foi
feliz na escolha do elenco. A talentosa Hillary
Swank assumiu o posto tanto de produtora executiva quanto a de protagonista
como Betty
Anne Waters, que depois de anos cozinhando e cuidando de casa, decide
retornar aos estudos para salvar o irmão de uma injusta condenação.
O oprimido
em questão é Kenny Waters, vivido pelo excelente Sam Rockwell. Um típico bom vivant interiorano, modelo dos rapazes
de cidade pequena que coleciona tanto amantes quanto confusão a cada barzinho
de esquina. Quando aparece um corpo de uma mulher brutalmente assassinada, não
é muito difícil para as autoridades locais eleger e condenar seu único
suspeito. Kenny passa anos na prisão e sua atitude rebelde apavora a irmã, que
resolve agir antes que seja tarde mesmo que nesse processo perca o marido e os
filhos. A luta é incessante. Intrigas familiares, vinganças pessoais e
corrupção policial enredam a trama até a libertação final de Kenny.
Além de Hilary e Rockwell, a ganhadora do
Oscar Melissa Leo tem mais uma
atuação segura como Nancy Taylor, a
delegada corrupta responsável pela condenação injusta do rapaz. Cléa Duvall, a esposa traída, Peter Gallagher, o advogado famoso
esteio de Betty compõe o elenco de feras. Feras estas que se sentiram
enjauladas num roteiro claustrofóbico que aponta para cenas superficiais e
surreais. À medida que Betty vai se aproximando de seu objetivo, tudo decai
para o lugar-comum, sem ritmo e emoção. O clímax de cada descoberta que levaria
a inocentar o irmão se esvai a acontecimentos inverossímeis dentro do contexto
de um bom enredo cinematográfico. E termina da forma esperada. Com uma simples
sentença proferida pela juíza. E só. É como se tudo literalmente “caísse do
céu” para este momento. Frio por sinal. Não há o elo, a liga homogênea de
roteiro necessário entre uma cena e outra da trama.
Embora tenha sido baseado numa história
real fica difícil crer nesta premissa ao assistir ao filme. O elenco é afinado
e visivelmente prejudicado pelo roteiro e assim todos terminam caricatos, ou
seja, falam sem nada dizer. De real mesmo somente a atuação assombrosa em todos
os sentidos da excepcional Juliet Lewis,
que em pouco mais de 7 minutos dá um show de interpretação na caracterização e
no desempenho como a repugnante Roseane, uma ex-amante de Kenny que
ajudou a colocá-lo na prisão. A atriz é uma das poucas coisas que fogem do
contexto de falsa realidade. Em suma, o filme de Goldwyn é um erro de
estruturação que condena justamente uma história fantástica, transformando-a em
algo fantasioso, que tinha tudo para ser emocionante, libertador, mas que cai
numa cela de emoções esquecíveis.
terça-feira, 21 de agosto de 2012
Personagens inesquecíveis: Jerry/Daphne (Jack Lemmon)
Filme: Quanto mais quente melhor (1959)
Muitos críticos mundo afora indicam esta deliciosa comédia de Billy Wilder como a melhor de todos os tempos. Apontar assim é complicado, pois gosto é gosto. Mas, o que é um fato para quem assistiu o longa, é que a atuação de Jack Lemmon é extraordinária. Interpretando Jerry (Daphne), consegue ficar em um limite aceitável da escatologia, pois seu hiperbolismo não fere a intenção de Wilder. O personagem conseguiu ofuscar a aparição de Tony Curtis como seu parceiro travestido Joe, e consegui não ser diminuído pelo furacão Marilyn Monroe, como Sugar Kane. Pelo papel o ator foi indicado Oscar de melhor ator. Pena não ter vencido. Vale a pena conferir.
segunda-feira, 20 de agosto de 2012
O vingador do futuro (2012)
Total recall, 2012. Dirigido por Len Wiseman. Com Colin Farell, Kate Beckinsale, Jessica Biel, Bryan Cranston e Bill Nighy.
Nota: 7.1
Nota: 7.1
Colocar em prática a idéia de
adaptar um cult movie de um dos
gêneros que obtêm os fiéis seguidores mais exigentes como é a ficção científica
era uma tarefa deveras arriscada. Caso não seja um reboot (releitura), como foi
os últimos filmes do Batman e do Homem-aranha, corre o grave risco de não
passar pela malha fina da crítica. Porém, o diretor Len Wiseman consegue dar um
pouco de vida ao longa, usando a mística do desconexo de tempo e espaço
consagrado no filme de Paul Verhooven, incorporando elementos do cinema
contemporâneo como a montagem frenética e efeitos visuais de primeira classe.
A história se passa em um mundo
dividido em duas comunidades que ainda habitam na terra após uma catástrofe
biológica, a Federação Unida da Bretanha (basicamente a Europa) e a Colônia (a
Oceania), ligadas pela “queda”, um túnel com elevador gigantesco que as une.
Doug Quaid (Colin Farrel) é morador da Colônia e assim como todos por lá. Vive
atormentado por sonhos estranhos com uma bela jovem morena, mas acorda ao lado
de outra bela mulher, Lori (Kate Beckinsale). Quando conhece o programa da
empresa Rekall, que promete implantar novas lembranças em sua memória. Mas algo
sai errado, e ele se vê como um inimigo do Chanceler Cohaagen (Bryan Cranston)
que pretende eliminá-lo juntamente com os rebeldes da Colônia.
O arcabouço da trama é
praticamente a mesma do filme de 1990, entretanto a narrativa foi transferida
para um futuro mais influenciado pelos grandes avanços tecnológicos, além das
ações de conflito social, deslocados do eixo Terra-Marte, somente para o nosso
planeta. Isso fez com que o roteiro de Mark Bomback e Kurt Wimmer ganhasse em
agilidade, facilitando a tarefa de cair no gosto do público jovem. A forma em
que foi incorporado ao elemento central uma idéia, mesmo que rasteira, da
segregação social controlando o mundo foi uma boa sacada, afastando mais ainda
da primeira versão.
O trabalho de Wiseman é tão
barulhento e corrido quanto o irregular Anjos
da noite 4, no qual abusou de tiros e bombardeios, artífices áudio visuais
que incomodavam. Mas no caso deste O
vingador do futuro, tudo o que estava presente era para ser usado, ainda
pela qualidade inegável dos efeitos digitais. Porém este foi o veneno do
diretor. No momento em que poderia tornar esta produção marcante, optou por
levar a correria frenética até o último suspiro, deixando o desfecho batido,
sem um encerramento que contentasse àqueles que não se satisfizeram com o
apagar das luzes do filme de Verhoeven.
Aquele tom gótico e obscuro, com
seres bizarros que tornaram o filme original um grande fenômeno não conseguiu
ser substituído à altura pelo frenesi tecnológico. Outro fator que deixa a
desejar é a escolha dos atores, já que Farrel é inexpressivo, tanto quanto
Arnold Schwarzenegger, porém não possui o carisma que alçou o segundo ao
estrelato. Jessica Biel e Kate Beckinsale estão muito presas nos elementos
estereotipados que caracterizavam a mocinha e a vilã, sem esforço nenhum por
parte de ambas. Bill Nighy quase não é percebido e Bryan Cranston está preso a
um personagem hiperbólico.
Contudo, esse novo O vingador do futuro não é nenhuma
bomba, e pode agradar ao público, principalmente quem não teve a oportunidade
de assistir ao primeiro. Mas esse “recall” da obra imortal de Philip K. Dick
poderia ter sido mais bem planejado. Talvez, o problema até seja a grande pretensão
dos produtores, mas o determinante para que este exemplar caia na categoria
passatempo descartável é o excelente trabalho de Verhoeven em 1990. Isso é
fato.
quinta-feira, 16 de agosto de 2012
Cinema e esporte
Diversão, entretenimento com cultura. Estes são os
grandes elos que unem um e o outro. Afinal, quem é que não gosta de ir ao
estádio ou a um ginásio torcer de coração por seu time favorito? A mesma coisa
observar nos cinéfilos. Aqueles que fazem filas quilométricas para saciar sua sede
por seu aguardado filme em exibição. Esporte e cinema tem dessas coisas. Coisas
que ajudam a conduzir a sensibilidade humana, fazendo-a enxergar as mais
variadas formas de interagir com todos os povos. Não é preciso ir muito longe
para viajar pelos países nos gramados, quadras, pistas, piscinas e telas de
cinema. Por isso, apresento aqui algumas formas interessantes de unir dois dos
maiores espetáculos de entretenimento do planeta.
GÊNIO
INDOMÁVEL: o
filme que revelou outro lado dos galãs Ben Affleck e Matt Damon como
roteiristas, fala do quanto é difícil se encontrar na juventude, mesmo com um
talento extraordinário para alcançar seus objetivos. O roteiro, vencedor do
Oscar, poderia ser baseado na vida do fantástico nadador Michael Phelps, que
detém recordes impressionantes em sua brilhante carreira, mas que de vez em
quando afunda na sua vida pessoal com atitudes não condizentes de sua posição
como ídolo mundial.
SUPERMAN: ele não usa capa como o
ilustre visitante de Krypton, mas parece voar na pista. Sua super força física e
sua super velocidade, transformam o jamaicano Usain Bolt em um super-homem na
mais concepção da palavra. Há até quem acredite que ele nem seja deste planeta.
Será que Clark Kent não é o único? O carisma do maior herói dos quadrinhos
americanos é algo também em comum que sustenta a fama deste simpático atleta
que arrebata muitos admiradores em todo o mundo.
UM OLHAR
DO PARAÍSO:
olhar as coisas mundanas do alto de um firmamento subjetivo depois da morte fez
a jovem Susie Salmom repensar o sentido de vingança pela sua fatalidade. Bem,
vingança aqui só se for contra seus oponentes e dentro do espírito esportivo.
As apresentações mágicas da bela saltadora russa Yelena Yshinbayeva são um dos
momentos capitais do esporte. A moça salta tão alto que para ela, é possível
vislumbrar de seu paraíso olímpico os pobres mortais que não se cansam de se
assombrar com suas performances.
O MAIOR
ESPETÁCULO DA TERRA:
“Venham um, venham todos...” todos os povos do mundo para acompanhar em Paz e
alegria o maior espetáculo da Terra. O filme de Cecil B. De Mille contava as
peripécias das mais populares estrelas circenses que encantavam multidões.
Então o que dizer dos americanos, o número 1 do Basquete? Lebron James e Cia
não deixam por menos e arrasam em cada partida, ou melhor, em cada espetáculo
de jogadas tão impressionantes que se assemelham tranquilamente a um verdadeiro
show de malabarismos na terra ou no ar.
BELEZA
AMERICANA:
a ninfeta vivida por Mena Suvari no brilhante filme de Sam Mendes pode não ser
a protagonista do título, mas com certeza é a figura mais marcante. Marcante
também é a presença da belíssima goleira da seleção americana de futebol
feminino Hope Solo. A morena ajuda a abrilhantar os gramados com o talento
futebolístico nato e claro, uma beleza que por si só já a atenção de muitos
espectadores para a modalidade.
MENINA DE
OURO:
mesmo não sendo detentora da medalha dourada, a brasileira Marta, a melhor do
mundo, e suas companheiras já são campeãs. Esforço, persistência, dedicação,
paixão. Elementos que ajudam a formar verdadeiros campeões como a boxeadora
Maggie Fitzgerald, a menina de ouro do aclamado filme de Clint Eastwood, que
assim como Marta não teve sua chance de conquistar o topo.
UMA MENTE
BRILHANTE:
o premiado filme de Ron Howard que contou a história real da brilhante
trajetória do matemático John Nash e seu imenso desafio em superar uma
esquizofrenia tornou seu personagem central um mito, um herói, um homem
admirável. Bernardinho, o homem por detrás das conquistas de nosso vôlei, se
encaixa perfeitamente nestas nomenclaturas quando detém três finais olímpicas
da modalidade. Uma história de vitórias que parece mesmo cinematográfica.
CORAÇÃO
VALENTE:
o mito irlandês Wiliam Wallace que liderou o exército de camponeses de seu país
contra a tirania da Monarquia britânica fez do filme de Mel Gibson um
espetáculo inspirador. Uma guerra entre David e Golias e como na história
bíblica, o menino venceu o gigante. Assim são os atletas brasileiros que usam além
do talento extraordinário e uma força de vontade descomunal para conquistar seu
momento glorioso. O coração valente que inspira e alimenta seus sonhos. Vendo a
realidade de nossos atletas, parece até mais fácil libertar um povo da
dominação estrangeira.
terça-feira, 14 de agosto de 2012
À beira do caminho (2012)
A beira do caminho, 2012. Dirigido por Breno Silveira. Com João Miguel, Vinivius Nascimento, Dira Paes e Denise Weinberg.
Nota: 7.9
Quando parecia que o cinema nacional tinha apresentado suas melhores obras, com os sucessos de público Heleno e Xingu, e também com o perturbador Febre do rato, eis que um despretensioso road movie surge de uma releitura inspirada de algumas canções do "rei" Roberto Carlos. À Beira do Caminho é um filme que, por mais óbvio que pareça e aconteça, consegue ir fundo no estudo das relações fraternais e no comportamento humano ante seus próprios demônios.
O longa acompanha o caminhoneiro João (João Miguel) pelas mais diversas paisagens das estradas do sertão e agreste nordestino. Ora entre a poeira e a vegetação escassa, ora cercado pelas verdejantes matas agrestinas. Traumatizado com acontecimentos do passado, ele vaga sem destino concreto, se martirizando e sofrendo com algo que não pode ser mudado. Mas quando seu caminho se enlaça com o do órfão Duda (Vinícius Nascimento), que pretende ir a São Paulo em busca do pai, ambos descobrirão que são importantes um para o outro, mais do que imaginavam.
A história que nasceu de um argumento de Léa Penteado, que já trabalhou com o cantor Roberto Carlos, tem como cartão de visitas a dureza da vida de caminhoneiro, das refeições em espeluncas à beira da estrada, as roupas lavadas a sabão bravo no rio, e a companhia da cachaça bebida no gargalo. A personalidade reclusa, carregada de autopiedade exagerada de João se interpondo com a determinação e perspicácia do menino Duda, permitem uma leitura livre de pieguices, das quais filmes do gênero geralmente pendem.
Mas tudo só funciona da maneira esperada quando o trabalho do diretor Breno Silveira entra em ação. Na mesma sensibilidade em que conduziu 2 filhos de Francisco, ele conseguiu pontuar, com canções de Roberto Carlos e frases de pára-choques, cada momento em que se encontrava o espírito de João. Intimista, buscava a todo o momento a melhor expressão dos atores, as alegrias, as tristezas e frustrações. Arranca sorrisos do público com tanta facilidade quanto os leva às lágrimas. Trevas e luz, o curso da vida na forma do tortuoso caminho e a solução de todos os problemas à beira, sugerindo a felicidade da escolha do título.
João Miguel é o mais camaleônico dos atores do cinema nacional, e provou isto dando vida a um personagem soturno, fracassado e sofredor. Entregue à melancolia e ao flagelo de não se perdoar por erros do passado, e fez deste seu melhor trabalho. Seu companheiro de cena, o pequeno Vinicius, mostra segurança e consegue transmitir o otimismo e equilíbrio de Duda. Até as participações pequenas de Dira Paes e Denise Weinberg são competentes.
Tudo bem que o filme seja óbvio demais, e que seu enredo passe por outras produções nacionais que se fazem por viagens de engrandecimento e autoconhecimento, como Central do Brasil e Caminho das Nuvens. Mas as canções de Roberto Carlos conduzindo a sorte dos personagens traz algo a mais ao longa de Silveira, e mesmo que todo mundo saiba o que esperar, a comoção da relação do homem com o menino é inexplicavelmente inevitável. Uma bela surpresa para o cada vez melhor cinema tupiniquim, e uma involuntária (ou não) homenagem ao Dia dos Pais.
Nota: 7.9
Quando parecia que o cinema nacional tinha apresentado suas melhores obras, com os sucessos de público Heleno e Xingu, e também com o perturbador Febre do rato, eis que um despretensioso road movie surge de uma releitura inspirada de algumas canções do "rei" Roberto Carlos. À Beira do Caminho é um filme que, por mais óbvio que pareça e aconteça, consegue ir fundo no estudo das relações fraternais e no comportamento humano ante seus próprios demônios.
O longa acompanha o caminhoneiro João (João Miguel) pelas mais diversas paisagens das estradas do sertão e agreste nordestino. Ora entre a poeira e a vegetação escassa, ora cercado pelas verdejantes matas agrestinas. Traumatizado com acontecimentos do passado, ele vaga sem destino concreto, se martirizando e sofrendo com algo que não pode ser mudado. Mas quando seu caminho se enlaça com o do órfão Duda (Vinícius Nascimento), que pretende ir a São Paulo em busca do pai, ambos descobrirão que são importantes um para o outro, mais do que imaginavam.
A história que nasceu de um argumento de Léa Penteado, que já trabalhou com o cantor Roberto Carlos, tem como cartão de visitas a dureza da vida de caminhoneiro, das refeições em espeluncas à beira da estrada, as roupas lavadas a sabão bravo no rio, e a companhia da cachaça bebida no gargalo. A personalidade reclusa, carregada de autopiedade exagerada de João se interpondo com a determinação e perspicácia do menino Duda, permitem uma leitura livre de pieguices, das quais filmes do gênero geralmente pendem.
Mas tudo só funciona da maneira esperada quando o trabalho do diretor Breno Silveira entra em ação. Na mesma sensibilidade em que conduziu 2 filhos de Francisco, ele conseguiu pontuar, com canções de Roberto Carlos e frases de pára-choques, cada momento em que se encontrava o espírito de João. Intimista, buscava a todo o momento a melhor expressão dos atores, as alegrias, as tristezas e frustrações. Arranca sorrisos do público com tanta facilidade quanto os leva às lágrimas. Trevas e luz, o curso da vida na forma do tortuoso caminho e a solução de todos os problemas à beira, sugerindo a felicidade da escolha do título.
João Miguel é o mais camaleônico dos atores do cinema nacional, e provou isto dando vida a um personagem soturno, fracassado e sofredor. Entregue à melancolia e ao flagelo de não se perdoar por erros do passado, e fez deste seu melhor trabalho. Seu companheiro de cena, o pequeno Vinicius, mostra segurança e consegue transmitir o otimismo e equilíbrio de Duda. Até as participações pequenas de Dira Paes e Denise Weinberg são competentes.
Tudo bem que o filme seja óbvio demais, e que seu enredo passe por outras produções nacionais que se fazem por viagens de engrandecimento e autoconhecimento, como Central do Brasil e Caminho das Nuvens. Mas as canções de Roberto Carlos conduzindo a sorte dos personagens traz algo a mais ao longa de Silveira, e mesmo que todo mundo saiba o que esperar, a comoção da relação do homem com o menino é inexplicavelmente inevitável. Uma bela surpresa para o cada vez melhor cinema tupiniquim, e uma involuntária (ou não) homenagem ao Dia dos Pais.
sexta-feira, 10 de agosto de 2012
Os dez melhores faroestes de todos os tempos
Depois de uma análise dos
melhores filmes de western, conhecido em terras tupiniquins como faroestes, o
Cineposforrest chegou à sua lista de dez melhores de todos os tempos. Só para
constar, trata-se de uma opinião, qualquer discordância pode ser expressada no
espaço dos comentários. Eis a lista.
The searchers, 1956. Dirigido por John Ford. Com John Wayne,
Jeffrey Hunter, Vera Miles, Ward Bond, Dorothy Jordan, Henry Brandon e Natalie
Wood.
Nota: 10
Uma busca incessante em meio a
paisagens áridas por vingança. Resumindo assim nem parece que John Ford criou o
mais poderoso e hipnótico filme do gênero, porém o longa vai mais além e
discute de forma soberba os limites do racismo e a relação de um homem com seus
instintos. Com um inspirado Wayne, seu personagem é tão forte quanto seu desejo
de assassinar os índios que raptaram sua sobrinha. Um primor absoluto e
imperdível.
C’erauna volta il West, 1968. Dirigido por Sergio Leoni. Com Henry
Fonda, Claudia Cardinale, Jason Robards, Charles Bronson, Paolo Stoppa e Jack
Elam.
Nota: 9.7
Quando o gênero começou a declinar em Hollywood no fim da década de 50, uma sobre –vida lhe foi dada em um lugar pouco provável, a Europa. Lá ganhou a alcunha de western spaghethi e teve Sergio Leoni seu principal mestre. Conduzindo a brutalidade em meio ao lirismo de suas tomadas, criou homens maus de verdade em meio a pessoas defendem seus interesses. Uma obra de arte atemporal, de contexto político e intimista como de costume em sua cinematografia. Genial.
Stagecoach, 1938. Dirigido por John Ford. Com John Wayne, Claire
Trevor, Andy Devine, John Carradine, Thomas Mitchell, Louise Platt e Tom Tyler.
Nota: 9.5
A década de 30 não havia rendido
boas (ou rentáveis) obras do gênero, que acabou sendo relegado a produtoras de
baixo orçamento e capacidade. Sua a benção do lendário David O. Selznick, o não
menos inesquecível John Ford regeu o grande cowboy John Wayne no mais clássico
dos westerns . As ações se passam em uma
diligência que atravessam um território indígena, e Ford abre espaço para que
muitos atores brilhem em papéis fortes. Nem precisa dizer mais nada.
Unforgiven, 1992. Dirigido por Clint Eastwood. Com Clint Eastwood,
Gene Hackman, Morgan Freeman, Richard Harris, Saul Rubinek, Anna Levine e Rob
Campbell.
Nota: 9.4
O último western de Clint
Eastwood é uma obra completa. Tem ação, drama, um estética cinematográfica impecável
e atuações extraordinária. Venceu quatro dos nove Oscar de disputou, incluindo
melhor filme, e traz a história de ex-pistoleiro que terá de voltar à ativa
para vingar a morte de seu amigo. Eastwood faz uma sátira a ele mesmo, voltando
aos cinemas para dar um último, e brilhante, suspiro.
Rio Bravo, 1959. Dirigido por Howard Hawks. Com John Wayne, Dean
Martin, Ricky Nelson, Angie Dickinson, Walter Brennan e Ward Bond.
Nota: 9.3
Trabalhando com clichês básicos
do gênero, Howard Hawks fez uma obra excelente. John T. Clance (o bonachão
supremo John Wayne) terá que resistir às investidas de pistoleiros que
pretendem libertar um encrenqueiro irmão do chefão do bando. Para isso terá que
ajudar seu amigo bebum (Dean Martin) a se recuperar para poder ter sua ajuda,
ainda contar com o auxílio de um jovem e impetuoso forasteiro (Ricky Nelson)
e manter o romance com a viajante
misteriosa (a voluptuosa Andie Dickinson). Tudo permeado pelo humor rabugento
do Stumpy (Walter Brennan). Um dueto entre Martin e Nelson engrandecem ainda
mais a obra.
The wild bunch, 1969.
Dirigido por Sam Peckinpah. Com Willian Holden, Ernest Borgnine, Robert Ryan,
Edmond O’Brien, Warren Oates, Jaime Sanchéz, Bem Johnson e Emilio Fernandéz.
Nota: 9.2
Quando muitos achavam que o
western estava morto no território americano, principalmente quando o italiano
Sergio Leone sacramentou o “spaghetti” em território europeu, eis que surge Sam
Peckinpah e mostrou que a nação que fundou o gênero possuía condições de
retomá-lo e ainda criar uma de suas obras mais emblemáticas. Um agitada
perseguição de um grupo de mercenários liderados por Deke Thorton (Robert Ryan)
pelo cruel bando de Pike Bishop (Willian Holden). Um filme violento, mas de um
lirismo raríssimo.
Shane, 1953. Dirigido por George Stevens. Com Alan Ladd, Jean
Arthur, Van Heflin, Brandon De Wilde, Jack Palance e Ben Johnson.
Nota: 9.2
Primeira parte da “trilogia” de
George Stevens sobre a formação dos Estados Unidos, mostra o pistoleiro Shane
(Alan Ladd), recém-chegado a uma cidade, ajudando os pequenos fazendeiros a
lutar contra um latifundiário. No meio de tudo isso, conquista a ternura de uma
mulher e a admiração de um garoto. Um filme cheio de alegorias e um exemplar
tocante sobre o bem e o mal. Shane é o padrão dos solitários heroicos comuns ao
gênero. Imperdível.
The man who shot liberty valence, 1962. Dirigido por John
Ford. Com John Wayne, James Stewart, Vera Miles, Lee Marvin, Edmond O’Brien,
Andy Devine, John Carradine e John Qualen Willis.
Nota: 9.0
Último western feito pelo mestre
do gênero John Ford, merece o lugar na lista. O advogado Ramson (James Stewart)
chega a uma pequena cidade para transformá-la em um lugar digno. Mas os
poderosos do local contratam um pistoleiro para mata-lo, e ele enfretará o
perigo com a ajuda de um outro pistoleiro (John Wayne). Elenco formidável,
porém quem rouba a cena é Lee Marvin, que se consolidou como o homem mau do
cinema. Obra de arte.
Il buono, il bruto, il cativo, 1966. Dirigido por Sergio Leoni. Com
Clin Eastwood, Lee Van Cleef, Eli Wallach, Aldo Giuffré e Luigi Pistilli.
Nota: 9.0
Última parte de uma trilogia de
Leoni com Eastwood, traz três bandoleiros em um jogo de parceria e trairagem
para se apossar de milhares de dólares. Ritmo e narrativa se complementam e as
ações englobam o que tem de melhor no chamado western spaghetti. Um filme
inesquecível que termina com uma sequência antológica da ponte e do cemitério.
Eastwood e Van Cleef ficam na média, porém Wallach (o feio), dá um show à
parte. Imperdível.
True grit, 2010. Dirigido por Joel coen e Ethan Coen. Com Jeff Bridges, Matt Damon, Hailee Steifield e Josh Brolin.
Nota: 8.9
Sem um exemplar digno de nota
desde Os Imperdoáveis, os Irmãos Coen
revitalizaram o gênero com o remake do filme que deu o Oscar a John Wayne. O
bebum caolhoRooster Cogburn (Bridges) é contratado por uma menina (hailee
Steifield) para seguir a trilha de um bandido (Josh Brolin) e vingar a morte de
seu pai. Elenco impecável, destraque para Bridges e Steifield, ambos indicados
ao Oscar. Com um humor negro presente em toda a obra dos Coen, o filme é um
feliz libelo nesta época onde o cinema esqueceu que o gênero ainda pode render
bons frutos.
quinta-feira, 9 de agosto de 2012
A Ultima Estação (2010)
The last station, 2010. Dirigido
por Michael Hoffman. Com James McAvoy, Helen Mirren, Christopher Plummer, Paul
Giamatti, Kerry Condon e Marie-Ann Duff.
Nota: 7.7
Sempre é bom acompanhar uma
cinebiografia, é a oportunidade de conhecer a vida de uma personalidade e
descobrir coisas que não sabemos. Mas em alguns casos o filme se atém a algum
trecho da vida do biografado, o que não perde a mágica, desde que seja
interessante. Foi pensando assim é que Michael Hoffman levou ao cinema o
momento derradeiro da vida de Lev Tolstoi, o autor de obras-primas da
literatura como Guerra e paz e Anna Karenina, que repensa a ideologia
que promulgou e influenciou toda uma geração.
A trama é simples. O jovem
Valentin (James McAvoy) viaja até o retiro em que se reúnem os tolstoianos mais
fervorosos a fim de viver sob seus conceitos. É mandado para a residência do
próprio Lev Tolstoi (Christopher Plummer) para ser seu secretário pessoal, e
aprender mais de sua doutrina. Porém, quando percebe que a relação de seu
mentor com a esposa Sofya (Helen Mirren) não é das melhores por questões de
herança e política, combinado a sua paixão por uma das seguidoras Masha (...),
começa a reconsiderar o verdadeiro espírito da ideologia.
Hoffman constrói um questionário
cinematográfico que coloca em xeque o fundamento maior do pensamento
tolstoiano, dito pelo próprio escritor em uma cena, o amor. A transformação do
movimento em arma política pelas mãos de Chertkov (Paul Giamatti) vai de
encontro a tudo que Valentin acreditava. A opção do líder partidário em
convencer Tolstoi a tirar da esposa os direitos da família em possuir
propriedade das obras após sua morte são questionadas pelo jovem, assim como a
castidade imposta pela teoria que o impede de amar Masha. Seu contato com o
mestre vai revelando a ele qual caminho deveria tomar, e se vê em uma
encruzilhada moral.
Não há uma intenção de o diretor
tornar o escritor um descrente de seus próprios ensinamentos, mas deixa uma
intersecção no limiar de sua vida, será que tudo o que disse deveria mesmo ser
tomado como um axioma? De forma sensível, Hoffman envolve os dois casais do
longa em uma correlação de atitudes, sendo que Tolstoi sente a amargura de se
considerar um traidor de sua teoria, e Valentin luta para não cometer o mesmo
erro dele.
Se não tivesse se apegado demais
a sentimentalismo e ter conduzido o filme de forma mais segura e racional,
mesmo se tratando de um romance, Hoffman teria triunfado. Mesmo assim, não pode
deixar de considerar a ousadia de levar ao questionamento popular este paradoxo
de consciência de uma figura tão lúcida e emblemática como Lev Tolstoi. Isso,
mais as atuações tocantes do quarteto central, principalmente Mirren e Plummer,
já valem o ingresso, ou dinheiro do aluguel do disco.
quarta-feira, 8 de agosto de 2012
O que esperar quando você está esperando (2012)
What to Expect When You're Expecting, 2012. Dirigido por Kirk Jones. Com Rodrigo Santoro, Jennifer Lopez, Elizabeth Banks, Cameron Diaz, Brooklyn Decker, Dennis Quaid, Chris Rock, Anna Kendrick, Chance Crawford e Matthew Morrison.
Nota: 6.7
Nota: 6.7
Estão mesmo em alta no cinema atual as adaptações literárias. É só parar e
ver a quantidade delas que estreiam todas as semanas em salas de todo o mundo, e
depois de quadrinhos e obras consagradas, chegou a vez dos livros de autoajuda
ganharem sua chance. Com O que esperar quando você está esperando,
baseado no best-seller homônimo de Heidi Murkoff , Kirk Jones entrega
aos grávidos de plantão um filme com uma mescla de comédia, drama e romance, mas
que sofre por não saber distribuir bem os gêneros envolvidos e também a
importância dos personagens.
A história gira em torno de cinco dos problemas mais comuns que envolvem a
gravidez. Holly (Jennifer Lopez) e Alex (Rodrigo Santoro), que resolvem adotar
uma criança; Wendy (Elizabeth Banks) descobre que seu sonho de ser mãe não é tão
fácil assim; Jules (Cameron Diaz) é uma apresentadora de um programa de TV e
entra em pânico com a situação ao lado do marido; Skyler (Brooklyn Decker) é
muito mais nova que o marido Ramsey (Dennis Quaid) e verá nisso um problema; e
Rosie (Anna Kendrick) que, na primeira transa, se descobre grávida.
O roteiro tenta trazer ao público a essência insegura e acadêmica do livro na
já famosa fórmula episódica de pipoca vez ou outra nas telonas, desde Short
Cuts, de Robert Altman. Cada fragmento engloba um ato das intempéries que
os personagens enfrentam e que, em determinado momento, se correlaciona. O tom
de comédia toma maior parte das ações do filme, sendo que nos episódios onde ela
é predominante, o texto fica prejudicado pela escatologia estereotipada e
repleta de clichês, como o clube onde os homens se encontram para troca de
experiências.
Quando há tensões maiores envolvidas e dilemas morais são anexados aos
personagens, o filme tem seus melhores momentos. As dúvidas de Alex para com a
decisão da esposa, da qual ele compartilhou a ideia de adotar um filho, se
alternam em tiradas de humor fino e um sofrimento frágil, porém sincero. Também
é muito interessante o envolvimento e a aprendizagem que se criam entre os
jovens Rosie e Marco (Chace Crawford), que veem a relação se enriquecer com a
descoberta da gravidez acidental da moça.
Jones mostra que mantém certa ingenuidade e fragilidade na condução do longa,
que exigia maior preocupação com a transição dos capítulos. A falta de elementos
que tornassem os atos protagonizados por Diaz, Banks e Decker mais interessantes
poderiam ter suprimido os excessos de bobagens manjadas que foram inseridos.
Além de praticamente anular o trabalho das atrizes, reduziu seus companheiros a
elenco de apoio de luxo. Talvez tenha sido uma escolha errada para um projeto
tão delicado.
Depois de receber várias críticas sobre seus trabalhos no exterior, Rodrigo
Santoro mostra que pode, e merece, melhores personagens em Hollywood. Ele mantém
uma segurança característica em trabalhos recentes, além de uma grande
versatilidade, o permite transitar entre o humor e o drama. Já a âncora feminina
é Anna Kendrick. A jovem e talentosa atriz mostra que não é por acaso a
indicação ao Oscar presente em seu currículo (coadjuvante em Amor sem
escalas). Não dá espaços para Diaz e Lopez brilharem e rouba a cena com seu
florescimento maternal ao lado do futuro pai de seu filho.
Acaba que O que esperar quando você está esperando não é um filme
ruim, mas não faz jus ao livro de grande importância que se tornou. Porém, se
salva como um passatempo pueril. E se quem for o assistir estiver na mesma
situação de algum dos personagens, terá grande chance de fazer sucesso.
segunda-feira, 6 de agosto de 2012
Assim é Marilyn Monroe
E lá se vão 50 anos sem o brilho imenso
e intenso de uma estrela jamais vista na história. Seu nome atravessa as
fronteiras do entretenimento e ecoa ainda hoje como um marco histórico, um mito
incomparável.
Os homens
preferem as loiras: foi em Los Angeles, a
capital das estrelas que nasceu Norma
Jean Baker Mortenson em 1 de
Setembro de 1926. Filha de mãe solteira e um pai que nunca viu, sempre sonhou
em ter seu nome gravado na calçada da fama por onde pisava. Aos 16 anos, a
morena Norma já sabia o que queria quando seu primeiro marido foi servir na
Segunda Guerra Mundial. As portas lhe foram abertas pelo agente Jhonny Hyde que
a escalou para pequenos papéis. Quando o marido retornou da Guerra, ela se
divorciou, querendo exclusividade em sua ascendente careira artística que ia de
vento em poupa quando recebeu instruções do chefão da Fox para mudar de nome e
de visual. A morena Norma dava lugar à loira Marilyn Monroe, uma fusão dos
nomes de Marilyn Miller e James Monroe. Para seus agentes, este nome seria mais
atraente nas marquises.
Só a mulher
peca: apontada por 11 em cada
10 pessoas como o maior símbolo sexual da história, nem sempre a fama atribuída
foi tranquila. Sua arte de escandalizar o público parecia tão intacta quando a
moral e os bons costumes que desafiou numa época onde a repressão feminina se
estabelecia com frequência. Foi ela que tornou evidente o poder da mulher no
cinema e fora dele com novas projeções sociais e comportamentais.
Quanto mais
quente melhor: logo a imagem única de
uma mulher sedutora e fatal, mas que ao mesmo tempo conseguia ser ingênua e
quase infantil a tomou um sexy simbol de forte atração física e social. A
sensualidade da loira era diferente de todas as outras estrelas, pois não
provinha apenas de caras e bocas e estilos inconfundíveis de vestuário. Era única,
especial por possuir um atributo até então fora dos padrões. Um brilho sem igual
e um carisma propenso a faturar com os sucessos cinematográficos. O imaginário masculino
dava pinotes de êxtase toda vez que a loira iluminava as telas com sua marca
inconfundível.
Torrentes
de paixão: a consagração como a
loira mais sensual do cinema desencadeou um turbilhão de fãs pra lá de
fanáticos. Tanto que durante as filmagens de O pecado mora ao lado, um
de seus filmes de maior sucesso, uma multidão parou as ruas para ver a gravação
de uma das cenas mais famosas do cinema. O fenômeno estava consolidado.
Como
agarrar um milionário: foi justamente nesta
época que resolveu se casar pela segunda vez com um popular ex-jogador de
Beisebol tornando-se a primeira dama do esporte americano. O casamento durou menos
de 1 ano graças ao ciúme exacerbado do seu príncipe dos home runs que não conseguia digerir o fato da esposa ser maior do
que ele ou a paixão nacional de seu país.
O pecado
mora ao lado: depois desta desilusão,
mais um casamento e um divórcio conturbado com o teatrólogo Arthur Miller. Tudo
por conta de seu mais novo affaire por um colega de trabalho. A atriz se
apaixonou pelo ator Yves Montand e se desapontou ferozmente quando este voltou
para a esposa. Este conflito pessoal teria desencadeado uma fase negra em sua carreira.
Mal conseguia terminar as filmagens. Insegura quanto a sua vocação, viu o
estúdio comprometido com sua falta de profissionalismo, lhe dar o bilhete azul.
Minha
adorável pecadora: insegura e carente, ela viveu sua pior
fase quando se envolveu com paixões proibidas pelos irmãos Kenedy. Figuras
públicas, homens casados e pais de família, os então senadores jamais deixaria
a vida política se esvair diante de um escândalo. Neste momento, a atriz só
pensava em casar e ter filhos. Algo impossível nesta conjuntura. Sem ter uma
noção exata de seu prestígio junto ao público, ela se deixou abater.
A Malvada: vencida pelas mazelas de
uma fama astronômica, que na maioria das vezes privilegia o lado profissional e
deixa uma lacuna na vida pessoal, ela foi vencida pela overdose de remédios que
consumia para dormir. Em 5 de Agosto de 1962 sua estrela que tanto lutou para
ascender, deixou este mundo real para viver eternamente no firmamento do
imaginário dos fãs. Sua morte ainda hoje gera controvérsias em relação a
algumas perguntas sem respostas quando foi encontrada nua em sua cama com a mãe
ao telefone. Uma malvada realidade da vida de quem viveu absolutamente o bônus
do esplendor da fama e o ônus de uma crise pessoal muito íntima. Assim foi
Norma Jean Baker, uma mulher comum que almejava a fama. Assim é Marilyn Monroe,
uma mulher única entre muitas estrelas.
sexta-feira, 3 de agosto de 2012
O Tambor (1979)
Die Blechtrommel, 1979. Dirigido por Volker Schlondorff. Com David Bennent, Mario Adorf, Angela Winkler, Katharina Thalbach, Daniel Olbrychski, Tina Engel e Charles Aznavour.
Nota: 9.0
Há poucos que conhecem as obras de um dos movimentos mais importantes da cinematografia europeia do século XX, O Novo Cinema Alemão oriundo das décadas de 60 e 70. Diretores como Rainer Werner Fassbinder, Werner Herzog, Win Wenders e Wolfgang Petersen, isso só para citar os mais conhecidos, levaram às telonas divagações existenciais, críticas ao passado negro do país e análises profundas do comportamento dos mais variados tipos de pessoas. Porém, é um cinema para quem aprecia tal como arte pura e autoral. E como se filmasse com a cartilha do movimento debaixo do braço, Volker Schlondorff concebeu uma das obras-primas do per´piodo, um filme repulsivo, mas ao mesmo tempo lírico e tocante.
Na Alemanha sob a tensão do crescente movimento Nazista no período entre guerras das décadas de 20 e 30, ao completar 3 anos, o menino Oskar (David Bennent) ganha um tambor que lhe havia sido prometido por sua mãe Agnes (Angela Winkler) assim que nasceu. Mas ao presenciar a relação libidinosa de sua mãe com o tio Jan (Daniel Olbrychski), decide não crescer mais, então se joga de uma escada, o que faz com que desenvolva uma atrofia que o impede de crescer. Além disso, o menino desenvolve um distúrbio que o torna capaz de quebrar vidros com um guincho agudo. Com o passar do tempo, as implicações do tempo e da vida levarão Oskar por diversos caminhos à procura de respostas das quais nem a pergunta sabe ao certo qual é.
O roteiro escrito por Schlndorff, junto com Jean-Claude Carrière, Gunter Grass e Franz Seitz, baseado no livro de Grass, é uma alegoria sobre o amadurecimento mental, sexualidade e ainda sobra tempo para uma crítica ao comportamento da população em relação ao nazismo. A forma como o personagem central explana sua percepção do mundo ao seu redor, às vezes no centro das ações, outras como um vigilante, concentram a riqueza do texto. Oskar tem seu tambor como aquilo que o protege do mundo dos adultos e de toda suas complicações. Quando finalmente começa a sentir as transformações ideológicas que surgem na adolescência, como a confusa descoberta da sexualidade, a busca pela expansão de suas relações humanas e o confronto com a morte o colocam em uma situação limite. Crescer ou não crescer, era essa a questão.
O diretor não poupa o público das cenas nauseantes. Desde os jogo sexuais depravados, passando por uma cabeça de cavalo cheia de enguias, o menino descobrindo o sexo aprisionado no corpo infantil e as marchas nazistas, tudo é trêmulo e intimista. Todavia são nestes aspectos repulsivos é que Schlondorff mostra o brilhantismo de sua obra, trazendo toda aura do Novo Cinema de seu país, com as imagens pesadas e sem medo de desagradar.
David Bennent consegue convencer que relmente era um adulto no corpo de uma criança, e é difícil pensar que se tratava de menino de doze anos em todos aqueles momentos de intimidade sexual. Só ajudou aumentar a perplexidade do expectador em relação à fita, mas também acentuou a discussão proposta. Um libelo indiscutível e que vive no limite do ame-o ou esqueça-o.
quinta-feira, 2 de agosto de 2012
Uma vida melhor (2011)
A better Life, 2011. Dirigido por Cris Weitz. Com Demián
Bichir, José Julián e Dolores Heredia.
Nota:
5.2
O
filme que revelou o ator Demián Bichir para o mundo tinha como
objetivo expor as agruras dos imigrantes ilegais na terra das
oportunidades, mas não foi além de um bom, digo, nem
tão bom assim, dramalhão mexicano
Uma
vida melhor foi uma daquelas obras que nos chamou atenção.
Seja pela sinopse adulada pelo tema de imigração ilegal
nos EUA, relevante em qualquer tempo, ou pela simples curiosidade de
conferir a atuação do protagonista, um ator mexicano
que tirou de Leonardo Di Caprio sua indicação ao Oscar.
Movidos
por estes tópicos acompanhamos em pouco menos de duas horas as
tentativas quase que desesperadas do jardineiro mexicano Carlos
Galindo (Demián Bichir) de se manter anônimo
em Los Angeles enquanto tenta sobreviver na cidade. Carlos é
um daqueles heróis de todos os dias, que levantam com o cantar
do galo, e sai rumo às incertezas de um trabalho sem um
emprego fixo. Assim, ele acaba aceitando todo tipo de trampo para
poder sustentar seu filho adolescente, o rebelde e incrédulo
Luís (José Julián). Tudo dentro de
um só lema. Dar ao filho as oportunidades que ele não
teve na vida. Mas sua sorte que já era limitada, piora de vez
quando um colega na mesma situação rouba o único
veículo de trabalho e sustento da casa. O jardineiro então
inicia sua saga “ladrões de bicicletas” para reaver
sua caminhonete. No mercado negro de desmanche de uma poderosa
gangue, Carlos consegue recuperar o veículo de forma
espetacular. O incidente faz com que se aproxime do filho, porém
nas curvas que a vida dá, e neste caso, não muito
longe, ambos são interpelados por uma viatura policial. O
honesto jardineiro vai parar na prisão, sendo deportado a seu
país de origem. Fim do sonho e do filme.
Para
quem esperava, por qualquer razão que fosse assistir algo
interessante no filme de Cris Weitz, deve ter se decepcionado
em todos os âmbitos. Pela sinopse, que poderia ter destrinchado
com mais veracidade a dura vida dos imigrantes ilegais nos EUA. Tudo
indicava para isso, mas ao se deparar com cenas pobres, levando ao
puro melodrama barato, fica evidente o paradigma traçado pela
direção. Ao tratar de personagens típicos,
transformaram tudo numa novela melodramática. E o que é
pior. Ao menos as novelas mexicanas sabem como arrancar lágrimas.
Seguem-se cenas descabidas, incoerentes e sem nenhuma emoção
destruindo um roteiro que tanto prometia. Tudo cai diante da relação
morna entre pai e filho. Não há sentimento, tudo é
frio e condensado demais com final totalmente incompreensível.
Quanto
à parte da curiosidade instigada pela presença do ator
mexicano indicado ao Oscar, é saciada por uma provável
certeza. De que Hollywood tem uma cisma ainda suspeita com Di Caprio.
Nem uma grande atuação de Bichir poderia tirar a
indicação do astro de olhos azuis da lista do Oscar
deste ano. O ator mexicano, talvez prejudicado por um roteiro chato,
esteve longe de ter uma atuação no mínimo
convincente, deixando transparecer o equívoco cometido pela
Academia neste ano. Equívoco este que só ajuda a
abastecer seu vasto estoque de caminhões de erros.
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