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sexta-feira, 19 de abril de 2013

A grande ilusão (2006)

A grande ilusão (All the King’s Men, 2006)
Direção: Steven Zaillian
Com Sean Penn, Jude Law, Kate Winslet, Mark Ruffalo e Antony Hopkins
Nota: 7.5


Sean Penn encabeça um maravilhoso elenco em A Grande Ilusão, versão homônima do vencedor do Oscar de 1949. Um épico sobre a política de todos os tempos. 

Wilham Stark (Penn) é um matemático que se lança no mundo da política para desafiar os poderosos de sua pequena cidade do estado da Louisiana (EUA) depois que um acidente fatal tira a vida de crianças no colégio local. À medida que sua popularidade vai se tornando maior cresce também o interesse de seus adversários políticos em não mudar a forma de se fazer política na região. Stark, um caipira humilde começa a se destacar nos discursos da região, e com a ajuda de dois aliados de fontes diferenciadas cresce no ramo. O político Tiny Duffy (James Gandolfini) pega carona em sua popularidade ao mesmo tempo em que o ajuda a ascender, também é responsável por sua derocada final. Enquanto isso o jornalista Jack Burden (Jude Law) torna-se porta-voz oficial dos bastidores de sua eleição. Perante esta união de forças bem arquitetada, como não poderia deixar de ser, William se elege Governador coma maior margem de votos da história da região. Porém, sua caminhada está apenas começando neste sentido, uma vez que para manter o que conquistou terá que mudar completamente seus princípios iniciais. 

Stark faz parte de um grupo de políticos que se elegem com boas intenções, mas a pressão de conseguir cumprir suas promessas, as alianças duvidosas que são induzidas a fazer e os efeitos de se envolver na política do adversário os tornam corruptíveis. A trama cheia de reviravoltas pode facilmente condizer com a configuração nefasta da politicagem que assola este meio em geral. Este é o grande chamariz do filme. Embora o roteiro seja incoeso e repleto de passagens desnecessárias. Os flashbacks da vida do jovem Burden ao lado de sua paixão de infância, a liberal Anne Stanton (Kate Winslet)  e de irmão tímido e idealista Adam Stanton (Mark Rufalo), por exemplo, deixam uma lacuna considerável neste chamariz com cenas de romance non-sense descabido para a questão levantada pelo longa. No entanto é possível passar por estas partes e ir direto ao que interessa. O vai-e-vem de um suspense dramático  que requer o que o filme de Steven Zaillian tem de melhor. Ótimas interpretações. 

Além de Penn que dificilmente decepciona, Gandolfini tem a melhor atuação da obra, acertando o tom de seu antagonista com o sentimento que deveras sentimos no dia-a-dia pelos "homens que fazem."Anthony Hopkins ajuda a abrilhantar este fio de condução, nos trazendo um juiz corrupto e inconsequente na medida certa como de praxe. Ruffalo parece confortável com sua fase banana e seu toque de charme todo especial, e Law é mesmo de sempre. Um rosto bonito com competência mediana sem comprometer em sua grande fase (de estrelato) no  cinema. Coube a ele o papel de narrador e ele não decepcionou neste sentido, segurando a ponta do ar noir político que emanou do filme. A grande decepção fica por conta de Winslet, que diga-se de passagem foi seriamente prejudicada pela construção da personagem dentro da história. A esquiva dramática/romântica não se encaixou na relevância do tema. Assim sua Anne foi totalmente dispensável na história. Passou batida. Apesar destes altos e baixos, podemos afirmar que é este elenco de atores de talento reconhecido que ajuda a segurar a trama tão inconstante quanto. 

Zaillian nos oferece um filme de qualidade que casa com a própria política, manchada apenas por maus elementos que insistem em tomar vantagem de um conceito puro e democrático. Por isso é extremamente necessário que estejamos  preparados para frustrações que insistem em nos iludir, seja numa mesa de votação ou na sala de projeção. Um filme estritamente viável para os dias de hoje com sua mensagem icônica, mesmo que ainda nos apresente como revestimento uma grande ilusão.  

"Se você estivesse levando a sério as minhas brincadeiras de dizer verdades, você teria ouvido muitas verdades que insisto em dizer brincando. Muitas vezes falei como um palhaço, mas nunca desacreditei na seriedade da plateia que sorria."CHARLES CHAPLIN

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