Idem, 2012. Dirigido por Sam Fell, Chris Butler. Vozes de Kodi
Smit-McPhee, Anna Kendrick, Casey Affleck e Christopher Mintz-Plasse
Nota: 7.8
As animações, geralmente são
constituídas por partes bem feitas e divertidas, como também por mensagens
subliminares, aquelas que sempre têm algo de bom para passar para crianças e
adultos. Mas para que os planos dos produtores sejam perfeitos, os ideais
emitidos devem ser claros, e lançados de uma forma que todas as mentes possam
assimilar. Em Paranorman o
stop-motion se envereda pelo tema do momento, os mortos-vivos, mas com uma indecisão incômoda entre o “sério” e o divertido, na história de um menino que
pode falar com os mortos.
Norman (Kodi Smit-McPhee) é um
típico loser da escola onde estuda.
Não tem amigos e ainda é ameaçado e humilhado por brutamontes. O que aumenta a
implicância com o rapazinho é o fato de ele falar com os mortos, que até sua
família desacredita e acha bizarro. Quando uma maldição, lançada por bruxas
séculos atrás se concretiza pelas próprias mãos de Norman, mortos-vivos voltam
à vida e o menino precisará mostrar coragem e contar com a ajuda de amigos para
reverter a situação.
O principal atrativo do longa
animado está na ousadia dos diretores Sam Fell e Chris Butler em optar por se
aproximar dos clássicos de horror das décadas de 60 e 70, de John Carpenter e
George Romero. Ao invés de criarem monstros bonitinhos, lançaram figuras
horripilantes, como pode ser visto em filmes como A Noite dos Mortos-Vivos (68) de Romero. E para evitar que
perdessem seu público principal, manteve a dose de humor lá no alto, pois mesmo
que as referências a outros longas não fosse bem assimiladas, a diversão seria
garantida.
Sendo assim, quem mais sai
lucrando com esta histórica de humor ácido são os adultos. O roteiro, assim
como os mais famosos longas do gênero, o cunho social imposto nas entrelinhas,
como a comparação da sociedade com zumbis alienados, está presente. Mas há um
meio termo nesta construção narrativa. O filme é complexo demais para que
crianças possam entender, e superficial demais para os adultos levem a sério, o
que, obviamente, faz com sua qualidade como obra cinematográfica decaia.
Mesmo com uma técnica de
stop-motion perfeita, esta lacuna do discurso suprime a intenção de Fell e
Butler. Tivessem optado por uma linha infantil, mas que mantivesse as
homenagens e reflexões que se propôs, teria com certeza chegado ao ponto
essencial da obra. A psique do pequeno Norman, com sua ingenuidade que o
impedia de compreender o tamanho e importância de seu dom poderia ter ganhado
maior destaque (Tudo bem ficaria bem parecido com O Sexto Sentido), assim ficaria fácil de controlar a ambiguidade
narrativa.
Entretanto, ParaNorman é um filme que vale a pena de se assistir pela diversão,
pela homenagem aos bons tempos do horror e também pela qualidade dos traços. Se
ficou neste meio termo prejudicial, foi pela ousadia e vontade de se afastar da
cartilha criada para produções animadas, não por omissão ou falta de qualidade
de ideias, que infelizmente domina o cinema atual, e está começando a se
manifestar no gênero.
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