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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

ParaNorman (2012)


Idem, 2012. Dirigido por Sam Fell, Chris Butler. Vozes de Kodi Smit-McPhee, Anna Kendrick, Casey Affleck e Christopher Mintz-Plasse

Nota: 7.8

As animações, geralmente são constituídas por partes bem feitas e divertidas, como também por mensagens subliminares, aquelas que sempre têm algo de bom para passar para crianças e adultos. Mas para que os planos dos produtores sejam perfeitos, os ideais emitidos devem ser claros, e lançados de uma forma que todas as mentes possam assimilar. Em Paranorman o stop-motion se envereda pelo tema do momento, os mortos-vivos, mas com uma indecisão incômoda entre o “sério” e o divertido, na história de um menino que pode falar com os mortos.

Norman (Kodi Smit-McPhee) é um típico loser da escola onde estuda. Não tem amigos e ainda é ameaçado e humilhado por brutamontes. O que aumenta a implicância com o rapazinho é o fato de ele falar com os mortos, que até sua família desacredita e acha bizarro. Quando uma maldição, lançada por bruxas séculos atrás se concretiza pelas próprias mãos de Norman, mortos-vivos voltam à vida e o menino precisará mostrar coragem e contar com a ajuda de amigos para reverter a situação.

O principal atrativo do longa animado está na ousadia dos diretores Sam Fell e Chris Butler em optar por se aproximar dos clássicos de horror das décadas de 60 e 70, de John Carpenter e George Romero. Ao invés de criarem monstros bonitinhos, lançaram figuras horripilantes, como pode ser visto em filmes como A Noite dos Mortos-Vivos (68) de Romero. E para evitar que perdessem seu público principal, manteve a dose de humor lá no alto, pois mesmo que as referências a outros longas não fosse bem assimiladas, a diversão seria garantida.

Sendo assim, quem mais sai lucrando com esta histórica de humor ácido são os adultos. O roteiro, assim como os mais famosos longas do gênero, o cunho social imposto nas entrelinhas, como a comparação da sociedade com zumbis alienados, está presente. Mas há um meio termo nesta construção narrativa. O filme é complexo demais para que crianças possam entender, e superficial demais para os adultos levem a sério, o que, obviamente, faz com sua qualidade como obra cinematográfica decaia.

Mesmo com uma técnica de stop-motion perfeita, esta lacuna do discurso suprime a intenção de Fell e Butler. Tivessem optado por uma linha infantil, mas que mantivesse as homenagens e reflexões que se propôs, teria com certeza chegado ao ponto essencial da obra. A psique do pequeno Norman, com sua ingenuidade que o impedia de compreender o tamanho e importância de seu dom poderia ter ganhado maior destaque (Tudo bem ficaria bem parecido com O Sexto Sentido), assim ficaria fácil de controlar a ambiguidade narrativa.

Entretanto, ParaNorman é um filme que vale a pena de se assistir pela diversão, pela homenagem aos bons tempos do horror e também pela qualidade dos traços. Se ficou neste meio termo prejudicial, foi pela ousadia e vontade de se afastar da cartilha criada para produções animadas, não por omissão ou falta de qualidade de ideias, que infelizmente domina o cinema atual, e está começando a se manifestar no gênero.


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