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quarta-feira, 21 de novembro de 2012

O Encouraçado Potemkin (1925)


Bronenosets Potyomkim, 1925. Dirigido por Sergei Eisenstein e Grigori Aleksandrov. Com Aleksandr Antonov, Vladimir Barsky, Grigori Aleksandrov, Mikhail Gomorov, Beatrice Vitoldi, N. Poltavseva e Julia Eisenstein.
Nota: 9.8


Não há como analisar o filme de Sergei Eisenstein sem pensar em toda sua importância para o cinema mundial, antes de julgá-lo como arte em si. Passando os olhos sobre a obra, uma conclusão pueril a colocaria num patamar experimental, um material de vanguarda mais acadêmico que apreciativo. Talvez seja esta a primeira visão de qualquer que cinéfilo que começa a aprender sobre a história da mídia por qual é apaixonado. Porém, depois de assimilar de fato o que é a Sétima Arte, além do comércio de publicidades que impera atualmente, aí se pode enxergar uma obra-prima cinematográfica, mesmo não contando com a sua importância no curso da história. Fruto do construtivismo russo, o filme mudou os parâmetros cinematográficos, tanto na questão técnica quanto no conteúdo implícito em cada quadro de película. É o pioneiro em valorizar a montagem, fundamento imprescindível a qualquer filme, mesmo que chulo, que existe. E sua história do maniqueísmo político de direita e esquerda, além de idealismos em prol de revoluções sociais influenciou toda uma maneira de pensar o cinema. Diferente da construção fílmica que se preocupava mais com a estética de D. W. Griffith.

O Encouraçado Potemkin era um navio e apenas o pontapé inicial para uma onda de revoluções que ocorreriam. Os marinheiros reclamando das condições horríveis de trabalho, a tomada do comando pelos trabalhadores, os ventos de liberdade que desembarcaram em Odessa e o conflito entre o governo e o povo. Tudo brilhantemente representado em passagens metafóricas, montagem rítmica e um tom de realidade ainda inédito em qualquer filme até ali existente.
Eisenstein criou esta nova forma de cinema e talvez nem imaginasse que mudaria toda uma concepção. Tornou-se uma vanguarda tão importante que outros ícones como Orson Welles e Alfred Hitchcock não construiriam o seus estilos seus fundamentos. Além disso, as sequências de apelos dramáticos e emotivos são lembradas (e copiados) até hoje. As mais clássicas delas envolvem o massacre da escadaria de Odessa, com a famosa passagem do carrinho de bebê descendo os degraus e catalisando toda a tensão do momento, uma das mais incríveis até hoje.

Talvez O Encouraçado Potemkin seja mais mito da história cinematográfica do que um produto dele. Porém, se o assistirmos sem a obrigação de julgar um messias, ainda assim seremos presenteados com uma obra-prima. Um experimento que deu mais certo do que se esperava, e para o nosso bem, tem o devido e merecido respeito. 


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