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sábado, 17 de novembro de 2012

13 Assassinos (2012)


Thirteen killers, 2012. Dirigido por Takashi Miike. Com Kôji Yakusho, Tsuyoshi Ihara, Takayuki Yamada, Masachika Ichimura, Gorô Inagaki, Yûsuke Iseya, Hiroki Matsukata, Mikijiro Hira, Takumi Saitô.

Nota: 9.1

Desde que Akira Kurosawa deixou a cinematografia mundial o cinema japonês não é o mesmo. Apesar de vez ou outra um bom filme despontar, como o vencedor do Oscar em 2011, A Partida, aquele arcabouço artístico se dissipou. E com isso, um dos grandes mitos da história japonesa, os samurais, que foram consagrados em filmes como Os Sete Samurais (1959), praticamente desapareceram do cenário mundial. Mas com uma história bem construída na base da honra e da violência, Takashi Miike trouxe os de volta os lendários guerreiros com tudo o que o gênero merece.

Quando um tirano irmão do Xogum, o Lorde Naritsugu (Gorô Inagaki), espalha o terror entre os camponeses do Japão do século 19, e assassina pessoas sem o mínimo remorso, Shinzaemon (Kôji Yakusho) é escolhido para a missão de assassinar o lorde e evitar que uma nova era de guerras recaia sobre o país. Ele reune mais onze destemidos guerreiros samurais, cada qual com suas qualidades, e ainda conta com a ajuda de um bem humorado e esperto caçador, para que sua honrosa tarefa de assassinato tenha sucesso. Mesmo que sejam apenas treze contra duzentos.

O trabalho de Miike é hipnótico, voraz e, ao mesmo tempo, conserva o lirismo que compõe a aura da mitologia dos samurais. Apesar de ser uma refilmagem de 1963, perambula por estilos que enxugou nestes 17 anos e mais de 40 filmes, e faz uma obra peculiar. Desde o ferrenho código de conduta que os faz dar a vida em troca do sucesso de sua missão, até o haraquiri, um ritual de auto assassínio, tudo está sem hiperbolias ou exageros. Até mesmo a violência não incomoda, pois é o que se espera de uma batalha de katanas afiadíssimas e mortais.

Os atos de crueldade extrema do Lorde Naritsugu acabam por construir uma armadilha para o espectador, que em pouco tempo passa a odiá-lo e ansiar pelo seu castigo. Com isso, cada passo dado pelo grupo de justiceiros aumenta a tensão do inevitável confronto, que por sinal é brilhantemente construída de forma que valorize o trabalho de grupo dos “heróis”. As cenas de batalha são épicas e bem sincronizadas, com banho de sangue quase ininterrupto, permeado com o suporte cômico do simpático caçador, que mostra seu valor e no fim das contas é aceito como o décimo terceiro membro do grupo.

Os atores estão tão afiados quanto os próprios personagens. Kôji Yakusho tem uma atuação segura como o líder do grupo, e tem o mérito de mostrar força para conduzi-los para a missão kamikaze. Dentre os membros do grupo, destaque para Tsuyoshi Ihara como o poderoso ronin Hiryama e Gorô Inagaki, que passa veracidade quando se diverte com a presença da morte, que caminha lado a lado com ele desde o início do longa. Simplesmente assustador.

Um grande filme, que remete aos bons tempos do cinema japonês, um libelo de exalta a coragem, a honra e o trabalho de equipe. A volta por cima de Takashi Miiki, tachado pela crítica mundial de ser prolixo e de sofrer bloqueio criativo, agora deleita a todos com um belo espetáculo repleto de tradição, que deixaria Arira Kurosawa muito orgulhoso.

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