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segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Intocáveis (2011)


Intouchables, 2011. Dirgido por Eric Toledano e Olivier Nakache. Com François Cluzet, Omar Sy, Anne Le NY, Andrey Fleurot e Clotilde Molet.

Nota: 9.0

Vez ou outra aparece desponta no cinema um filme que marca época, não por questões técnicas que revolucionam e mudam o seu curso como Blade Runner (82), ou por levar um momento histórico importante que esteja em voga tal como Casablanca (42), mas sim por invadir nossa alma sem aviso prévio e nos levar a ver a vida sob outro prisma. Eric Toledano e Olivier Nakache nos leva ao lirismo de uma relação de amizade entre mundos diferentes, mas unidos por convenções sócias em que o físico e o social decretam as regras.

Quando Driss (Omar Sy), um ex-presidiário, invade o escritório da casa de Phillipe (François Cluzet), milionário e preso a uma cadeira de rodas devido a uma tetraplegia, à procura de uma assinatura por ter comparecido à entrevista de emprego, consegue, além de surpreender o anfitrião, a vaga como seu cuidador. Mesmo sob desconfiança de empregados e familiares do milionário, os dois cultivam muito mais que uma relação entre patrão e empregado, nasce uma linda amizade baseada não na compaixão, e sim na honestidade, humor e muita alegria de estar vivo.

O impressionante é que o roteiro assinado também pelos diretores é que não as convenções normais quando entra em cena deficientes e a sua amargura frente a situação. Em momento algum o longa se mostra melancólico, a base concreta está envolta em uma cordialidade arrepiante, edificado pelo humor inocente e honesto de Driss. Phillipe encontra no amigo, que ignora o fato de ele estar em uma cadeira de rodas, a pessoa certa para se sentir um ser humano como qualquer outro.

Cada um aproveita o máximo do que um pode oferecer ao outro. Enquanto o jovem descobre que existe traços de um artista dentro de si, o outro é levado a acreditar que poderia voltar a viver intensamente. Entretanto, não há as jogadas de lição de moral e nem o esquema predefinido que liga pontos com o intuito de levar o espectador a inevitáveis lágrimas, as ações simplesmente se desenrolam de forma surpreendente e divertida. Mesmo os momentos mais delicados da relação dos protagonistas com terceiros são deixadas em paralelo, embora não pueris.

A simpatia que Driss transborda e faz com que conquiste a todos ao seu redor e acentuado pelo sorriso elástico e verdadeiro de Omar Sy. Uma atuação tão segura quanto a de seu companheiro Cluzet, uma das melhores interpretações do ano. Seu Phillipe é forte, guerreiro, sabe ser o milionário culto e o homem que está reaprendendo a viver. Parte do sucesso do longa pode ser creditado a dupla sem rodeios.

Com direção competente, os diretores dão vida a uma obra de arte instantânea, que faz jus ao grande sucesso mundial que conquistou. Uma história bela, inteligente, daquelas que nos pega de surpresa e leva a auto-avaliações. Dois homens aparentemente diferentes, porém humanamente iguais em sua busca. Felizes, inteligentes, que não deixam que o mundo ao redor trace seu destino, verdadeiramente intocáveis.

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