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sexta-feira, 24 de maio de 2013

Erin Brocovich - Uma mulher de talento (1999)

Erin Brocovich
Direção: Steven Soderbergh. Com: Julia Roberts, Albert Finney e Aaron Eckhart
Nota: 8.5


Julia Roberts já foi uma linda mulher. A maior estrela de Hollywood. A mais bem paga. A mais linda, a mais sexy. Os adjetivos a sua pessoa fluía tão facilmente quanto o sorriso que lhe é característico. Ela também foi uma queridinha da América por conta de emanar um tamanho carisma capaz de arrastar multidões aos cinemas. Portanto não foi surpresa que seu nome fosse o melhor cotado para viver uma personagem carismática, que pudesse envolver o público de maneira singular, mas sem perder o objetivo. 

O talentoso diretor Steven Soderberg acertou em cheio quando a colocou para encabeçar de Erin Brocovich - Uma mulher de talento. Depois de mostrar ser um dos rostinhos mais lindos e desejados do mundo, só faltava a estrela provar seu talento. Aqui ela vive uma mulher obstinada, forte, calibrada para os enormes desafios que atravessam a jornada de uma dona-de-casa divorciada e mãe de três filhos. Desesperada, Erin recorre a todo tipo de trampo e como se não bastasse levar sonoros "não" em suas tentativas, ainda perde um caso judicial envolvendo um acidente rodoviário. 

Tempos depois ela vai parar no mesmo escritório de seu advogado, Ed Masry (o ótimo Albert Finney). Logo ela desperta no mínimo curiosidade e no máximo, despeito, por seu jeito, trejeitos, e especialmente seu vestuário, que chamam a atenção do patrão e de suas colegas. Nem mesmo assim ela desiste de garantir o leite e o pão na mesa de casa. Com a ajuda de seu vizinho bon vivant, motoqueiro, radical, hippie, rebelde George (Aaron Eckhart) que se prontifica como a babá de seus filhos, numa clara inversão de valores, ela se vira como uma assalariada qualquer até que ao organizar alguns arquivos para o patrão descobre que uma poderosa corporação está diretamente ligada às doenças infecciosas de várias pessoas na região. Vendo aí sua grande chance de ser alguém na vida, Erin encara mais um desafio e vai lutar com todas as armas que tem e buscar as que não tem para vencer.

O filme classificado como uma obra motivacional de consciência ecológica (eu mesma  assiti no colégio com este intuito) não sai de sua linha operacional. O que poderia escambar para o chato e tedioso (achei isso no colégio). No entanto, podemos  destacar que o que faz um filme ser bom e apreciável está inserido nesta obra pequena, mas de grande alcance. Um bom elenco, um roteiro ágil e redondinho, diálogos extrovertidos que encaixariam até hoje na perspectiva de um bom texto. Some tudo isso a grande atuação de Julia Roberts. A atriz incorpora Erin de uma forma tão visceral que você é capaz de vibrar a cada cena, cada palavra disparada com uma franqueza assustadora. A mulher que com muita coragem conseguiu derrubar uma corporação de bilhões de dólares em prol dos mais necessitados pôde se sentir homenageada com tamanha entrega. 

Há quem diga que este trabalho foi pequeno diante da grandeza de Roberts na época e a ela deve-se toda a relevância da obra. Pois completo afirmando que o que faz um trabalho inesquecível é a capacidade do artista de se moldar perante a nova persona. Dificilmente vimos Julia com tantas palavras impronunciáveis na boca, com tantos rompantes corporais. Nem mesmo no filme que a consagrou como mito em que ela faz uma garota de programa. Atos que a destacaram, fizeram-na brilhar tão reluzente quanto a estátua dourada que ganhou em 2000. Pode-se afirmar que só lembramos do filme como "o que deu o Oscar a Julia Roberts". Se pudéssemos adivinhar que Sandra Bullock escreveria seu nome anos mais tarde na calçada dos vencedores com uma atuação mediana e num filme abaixo da média, não seria tão surpreendente assim este caso. 

E quanto ao filme? Bem o filme é Julia Roberts vivendo Erin. Mãe divorciada que lutou  como David contra Golias e acertou sua pedra de humanidade na testa da injustiça no final. E isso sinceramente me é suficiente pra gostar e me entreter. Poderia falar de outros elementos. Poderia, se tivesse outros mais relevantes além desta linda mulher de talento. 

Um comentário:

  1. Eu curto Erin Brocovich, mas concordo, o filme não seria o mesmo sem Julia Roberts, a Diva alcança um patamar maior na carreira, conseguindo desconstruir sua imagem de estrela e interpretando uma mulher comum, vulgar, valente, batalhadora, simplesmente vibrante.

    Por isso, acho aquele Oscar merecido (e também porque Ellen Burstyn já tinha um Oscar roubado)

    Considero o filme de Steven Soderbergh um dos grandes trabalhos da carreira da atriz (meu segundo favorito, acho que ela esta ainda mais fantástica em "Closer").

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