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quarta-feira, 8 de maio de 2013

Somos Tão Jovens (2013)


Somos tão Jovens, 2013. Dirigido por Antonio Carlos da Fontoura. Com Thiago Mendonça, Laila Zaid, Bruno Torres, Daniel Parisi e Sandra Corvelone.

Nota: 7,8

Uma ode à juventude

Há duas formas de se acompanhar Somos Tão Jovens: sendo um grande fã da banda de rock brasiliense que marcou toda uma geração, ou sendo apenas um cinéfilo ávido por acompanhar uma boa história sobre juventude. Mas, se a intenção for assistir a um dos ícones da música brasileira como uma espécie de avatar que muda o modo de pensar de todos que o rodeiam, aí é “tempo perdido”. O filme de Antônio Carlos da Fontoura é direto, foca no jovem Renato Manfredini e a formação de sua personalidade que o alçaria à condição de ídolo, sem deixar de lado o momento especial do rock brasileiro que via nascer algumas de suas bandas mais relevantes.

 Renato (Thiago Mendonça, assombroso) é um jovem de classe média-alta que, assim como a maioria dos jovens candangos, é apaixonado por música, em especial o rock’nroll. Sempre acompanhado de sua inseparável amiga Ana (Laila Zaid) fundou junto com Fê e Flavio Lemos (Bruno Torres e Daniel Parisi) o Aborto Elétrico. Mas entre contradições e a procura insistente de sua aura musical, o sofrimento se contrapõe à jovialidade da vida noturna da capital federal.

A preocupação de se afastar de outra cinebiografia de um cantor contemporâneo ao protagonista de Somos Tão Jovens (Cazuza, O Tempo Não Para) tenha obrigado Marcos Bernstein a criar um universo ímpar para as ações. Não há aquela preocupação em mostrar atos mais “pesados” daquela geração, como o consumo excessivo de drogas, mas uma exaltação do comportamento daquele grupo em ebulição musical, a criação de uma identidade baseada nos acordes, não nos atos. Isso é bom pelo fato de sair do lugar comum, o que acaba resultando em melodramas, como em Cazuza, e também é ruim pois não explora completamente tudo o que o ambiente sócio-político poderia oferecer.

Esta dicotomia que provoca certo enfraquecimento do conteúdo cinematográfico é compensado pelas mãos de Fontoura. Sua câmera trêmula é tão inquieta e insegura quanto o protagonista, e as cenas de show são de qualidade pouco vista no cinema nacional. A sequência em que Renato (já Russo) sob ao palco para ajudar os amigos da sua ex-banda e canta “Geração Coca-Cola” é absolutamente instigante, até quem não gosta se pega cantarolando. Esta valorização do espetáculo da juventude punk-rock permite ao diretor criar uma obra pop, com pitadas de humor, ausente de melodramas.

Contudo, o fator essencial para que o filme seja bem sucedido é a força dos jovens do elenco. Laila Zaid como a amiga passional demonstra muita competência enquanto os atores que tem a missão de dar vida a outros nomes conhecidos do cenário do rock, não comprometem. Mas a atuação extraordinária de Mendonça deixa os fãs boquiabertos. Não só pela semelhança física, como também pela forma em que dá conta de cantar e tocar, se preocupando com as mudanças de tom inerentes a Renato. E aos trejeitos, que poderiam ser uma armadilha, não são supervalorizados.

Uma grata homenagem ao cantor que até hoje coleciona fãs, e também à juventude que tinha poucas alternativas, como a música, para se manifestar em época de ditadura. Uma obra simples, sem ambições, que se for vista apenas das duas formas citadas no início do texto será um esplendor, mas se o espectador for mais exigente, não será brilhante, mas ainda sim, um bom filme. 

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