
Nota: 2,0
Falar de todos os problemas que
cercam as produções nacionais no cinema é chover no molhado. Sendo assim, fazer
uma crítica consciente de um filme que tenta ser uma versão brazuca do já
péssimo e de mau gosto Todo mundo em
pânico é no mínimo um exercício mental extraordinário. Como não há saída, o
longa de Rodrigo Bittencourt tenta a todo custo buscar algo que seja divertido
nos favela-movies, que dominaram
nossos cinemas na última década, e
traça um show de palhaçadas mal sucedidas, acompanhado de referências toscas e
que não serviriam nem como um mero sitcom
global.
Da Fé (Lucas D’Jesus) é
apaixonado por Gildinha (Mariana Rios), que é cortejada pelo bandido em
ascensão Do Morro (Fábio Porchat), que só chegou ao posto passando para trás
seu antigo (ou antiga) chefe, o travesti Diaba Loira (Kiko Mascarenhas).
Acreditando que só conquistará a amada se tornando o dono do morro, Da Fé
contará com a ajuda de seu irmão Torrada (....), de seu amigo Bracinho (...) e
do atrapalhado jornalista Vanderlei (Fabio Assunção) para triunfar. Mas como
sempre, problemas surgem e as coisas ficam cada vez mais difíceis.
O primeiro grande defeito do
roteiro de Bittencourt é que se preserva da imoralidade e não consegue ser
politicamente incorreto como se propõe a ser este tipo de paródia. As
referências são esdrúxulas e é até difícil saber quem é que eles estão fazendo
chacota. Outro fator é o texto bobo. Ora, não é só por que a idéia é fazer
esculhambação com nossos melhores filmes é que as falas não precisam ter
conteúdo. A falácia e a trama fraca deixariam qualquer um com vergonha de
mostrá-la para os produtores do pastiche americano.
Não há elo que conecte de forma
aceitável o universo dos meninos ao mundo de “maldades” do imbecíl chefe Do
Morro. Estudam, tem uma casa bem montada e vestem roupas da moda, e com todo o
respeito a quem mora nas comunidades, tudo está muito longe da realidade. O que
é gravíssimo, já que o subgênero que estavam dispostos a ridicularizar é bem
enfático neste aspecto.
Do elenco global, o exagerado
Porchat consegue ter alguma graça. Ingrid Guimarães e Fábio Assunção, figurões
da emissora carioca, são totalmente dispensáveis em seus esquetes sem graça. A
bela Mariana Rios (não tão jovem assim) até tenta fazer sua parte, mas o trio
de garotinhos foram escolhidos a dedo, não por suas qualidades. Uma pena que
Kiko Mascarenhas tenha tido tão pouco tempo de cena, é o único com um humor
genuíno. Há ainda Fábio Lago e Leandro Firmino, grandes vilões que fazem papel
de ridículo como dois policiais que nada acrescentam.
A diferença de Totalmente Inocentes para outras
bobagens de comédia nacionais é que não serviria nem como esquete humorístico
de sábado à noite. É mal escrito, atuado e conduzido, uma perda de tempo e
dinheiro do público, que parece não ligar muito para a condição de acéfalo do
filme. Depois deste longa é até difícil pensar em algo pior, mas como se trata
de nosso calejado cinema, só esperando para ver (ou não ver).
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