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sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

É o fim do mundo!

Chegou 21 de Dezembro e se você não era um defensor da cultura Maia, pode zoar seus amigos precavidos que dentre outras coisas devem ter estocado quilos e quilos de alimentos ou construído um abrigo anti-nuclear no subsolo do quintal. Agora, se mesmo assim você ainda acredita que existem coisas mundanas que soam mesmo ao fim do mundo, eis 12 exemplos dentro da indústria cinematográfica que deixariam Maias e Nostradamus de cabelo em pé, olhos arregalados e queixo caído: 


1. Holiday e Paltrow: vitórias inesquecíveis
A dupla de atrizes fazem parte daqueles casos vitoriosos incompreensíveis e que por isso tornaram-se inesquecíveis na história do Oscar. Judy Holiday (Nascida ontem) venceu dois “monstros” em 1950. Bette Davis (A malvada) e Gloria Swansson (Crepúsculo dos Deuses). E o que foi pior, numa atuação até hoje vista como abaixo de qualquer crítica. Mas não menos abominável, Gwyneth Paltrow destronou Cate Blanchett (Elizabeth), Fernanda Montenegro (Central do Brasil) e a miss indicações Meryl Streep (Uma amor verdadeiro). A vitória de Paltrow só não foi mais chocante que a do filme que a loira protagonizou. O fraquinho Shakespeare apaixonado derrotou produções brilhantes como O resgate do soldado Ryan e A vida é bela. 
2. Comédias irracionais: sucessos de bilheteria
Aí está uma prova de que sucesso muitas (e põe muitas nisso) anda na contra-mão de qualidade. Infestado de comédias descerebradas nos últimos tempos, o cinema nacional nem ao menos tem o trabalho de caprichar num roteiro que possa fazer jus ao gênero. Coisas de mau gosto e desprezíveis como Cilada.com (2011) e As aventuras de Agamenon – o repórter (2011), saem da cabeça de pseudo-cineastas, que acostumados a fazer rir em sitcons televisivos, se aventuram na grande tela por conta de uma única coisa: poder aquisitivo. E o pior é constatar que ninguém está nem aí, pois lotam as salas de cinemas atrás de um humor enfadonho e descartável. 



3. Gênios marginalizados
Antes mesmo de Kubrick, Scorsese e Tarantino sofrerem um bom tempo com esta condição, dois mestres já haviam passado por tamanha ignorância. Alfred Hitcock nunca foi premiado mesmo sendo diretor de filmes lendários. O mesmo ocorreu com Chaplin, que teve seu nome bem como seus filmes zerados na lista de premiações do Oscar. Orson Welles também provou deste sabor amargo quando seu revolucionário Cidadão Kane perdeu a estatueta para o lacrimejante Como era verde o meu vale de John Ford. 

4. Crise psicótica
E por falar em Hitcock chegamos a um dos seus maiores sucessos. Psicose, o da cena antológica, do suspense único, de personagens inesquecíveis, roteiro e direção fabulosos. É, mas tudo isso, não foi suficiente pra sequer ter sido indicado ao Oscar de melhor filme em 1960. E a derrota se duplicou quando o bobinho Se meu apartamento falasse venceu a categoria.





5. Remakes insólitos

Produções antigas que tiveram uma nova roupagem nos últimos tempos recorre a uma ideia até válida, afinal, trazer para junto ao público de hoje histórias clássicas é como mergulhar profundidamente no fascínio dos áureos tempos que provém o cinema. Alguns desses remakes cumpriram com este contexto e merecem menção, como King Kong de Peter Jackson em 2005. Outros passaram tão desapercebidos pelo público que a crítica não pôde ter esta mesma indiferença. O Psicose de 1998 do talentoso Gus Van Sant manteve muitas cenas parecidas como o original de 1960. Porém o fato de ter optado por fazer remake de uma obra tão inesquecível tirou todo o impacto que pelo menos um bom filme de suspense que preze poderia causar. Então criou-se a necessidade de um abrupto empurrão no carro ladeira acima que deveria ser dado pela escolha do elenco. Anne Heche e o péssimo Vince Vaughan entremeiam diálogos pobres e atuações idem. Assim não conseguiram nem mesmo arranhar as interpretações no mínimo convincentes e no máximo mitológicas de Janeth Leigh e Anthony Perkins. Poseidon o filme catástrofe de 1972 também teve sua nova versão em 2006. Esta me falta até adjetivos para definir. Vamos resumir apenas em o fim de todos os mundos!   

    6. A laranja azedou
Depois do filme do clássico de Hitcock chegamos ao clássico de Kubrick, Laranja mecânica (1971), que não seria surpresa levar pra casa o Oscar de melhor filme, o que de fato não ocorreu. Surpreendente mesmo foi a não indicação de seu protagonista Malcolm McDowell. Numa das mais exaltadas atuações de todos os tempos, há quem afirme que a ele deve ser atribuído a maior parte do estrondo da obra. Mesmo assim, ficou simplesmente de fora da lista de concorrentes daquele ano.

7. Duelo de titãs(nic)

A ideia de formar Crossovers de personagens de filmes clássicos foi demais até mesmo para o mais insano dos homens. Desta mescla bizarra emergiram filmes de situações risíveis para tais personagens. Fred vs. Jason (2003) redefiniu o conceito de violência inoportuna. Deslocados no tempo e espaço, a impressão que se tem é que na luta final entre ambos, um queria se entregar ao outro tamanha vergonha por fazer algo tão patético. Enquanto o maçante Alien vs. Predador (2004) nos obrigou a presenciar um verdadeiro festival de palhaçadas psicotécnicas. Seriam melhor que estes conhecidíssimos personagens permanecessem em seus respectivos túmulos ou no limbo do espaço sideral.

8. Um é pouco, dois já é demais

Tão inevitável quanto o juízo final, são aquelas sequências esdrúxulas de filmes que trouxeram um frescor de originalidade ao cinema. Pânico (1996), Premonição (2000) e Jogos mortais (2004), conseguiram de certa forma entrar na lista destes filmes que trouxeram algo novo às telas. Contudo, a avidez dos estúdios em tonar a obra ainda mais rentável, aniquilaram qualquer boa lembrança em torno dos primais. Sequências desastrosas se sucederam, esvaindo uma última chama de criatividade para o público. 
    9. “E as bestas que vi eram semelhantes a leopardo, como pés como de urso e boca como boca de leão”
A mera existência de Steven Seagal e Adam Sandler podem dar sentido ao nome Highlanders da indústria cinematográfica. É impressionante como duas figuras tão elementares conseguem tanto sucesso em seus filmes de característica semelhante. O astro de filmes de ação (lê-se combates corporais), desde de 1988 tem em seu vasto currículo mais de 40 filmes. Uma quantidade considerável que não condiz com a qualidade da maioria de suas obras monoculturais permeadas por pancadaria sem sentido e cenas de luta que não dariam inveja nem aos produtores de Xena. Já o rei das bilheterias de filmes cômicos é um ponto de interrogação mais intrigante. Como alguém tão ignóbil e sem nenhuma graça conseguir um público tão cativo ao longo de tantos anos? Isso é pra deixar mesmo qualquer um com aquela sensação de que o mundo pode desmoronar a qualquer momento. Destas listas sucedem-se filmes de qualidade discutível sem nem ao menos extrair de ambos um ínfimo sinal de que estão interpretando. 
10. O Juízo final ficou previsível
A lista do Oscar da categoria melhor filme entrou em sua fase “democrática” em 2010 aumentando seu número de candidatos. Um equívoco tão grande que poderia ter nos poupado de obras de medianas para menores que no máximo mereciam um crédito de bom filme. Filmes que nem precisam de 10 anos para se esquecer. Em algumas delas estiveram presentes a novela mexicana Um sonho possível (2010), o fraco Minhas mães e meu pai (2011) e o tedioso Cavalo de Guerra (2012). Três exemplos de que só se acontecesse o Armagedon, poderiam vencer.
11. Os sinais dos tempos
Estas coisas de fim do mundo talvez já estivessem sendo previstas já no início deste ano depois da divulgação da lista do Oscar deste ano para melhores interpretações. Nesta ocasião, Leo Di Caprio (J.Edgar) e Michael Fassbender (Shame) dividiram a incredulidade com Tilda Swinton (Precisamos falar sobre Kevin). Três atuações memoráveis que serão certamente lembradas daqui a 10 anos pelo menos e que só teriam o impacto de suas ausências na lista minimizado se não fossem pelos nomes aos quais foram preteridos. Demián Bichir do sonolento Uma vida melhor e Gary Oldman do chato O espião que sabia demais. O primeiro foi indicado de forma inexplicável. Já a indicação do veterano soou como consolação pelo conjunto da obra. Do outro lado da moeda, o caso de Tilda foi mais grave. Ser preterida numa lista que contava com a jovem insossa Rooney Mara (O homem que não amava as mulheres) foi realmente o fim do mundo!!
    12. 2012. Acabou?
Classificado como um daqueles filmes blockbuster, 2012 já nasceu abstêmio de qualquer responsabilidade de transmitir qualidade. Passou longe de ser algo que pudesse acrescentar alguma coisa ao gênero. Os clichês irritantes que moldam estes filmes catastróficos estão muitos presentes na obra. O cientista desacreditado adentrando a Casa Branca e tentando se fazer entender por um bando de governantes incrédulos, monumentos históricos indo ao chão (sobrou até pro Cristo Redentor!), o pronunciamento emocionado do presidente dos EUA e a família separada que ao alvorecer da tragédia vence todas as dificuldades do Apocalipse para se unir novamente. Um clichê tão clichê que nem os enauseantes efeitos visuais podem suprimir. Elementos que fazem o fim do mundo ser bem-vindo depois das torturantes 2 horas e meia de exibição! 

2 comentários:

  1. Em vitórias inesquecíveis faltou a vitória de Roberto Benigni como melhor ator por a "Vida é Bela" em 1999 (mesmo ano de Paltrow).
    A vitória dele foi um absurdo (mereceu a indicação) mas ele era muuuuito inferior aos outros 4 indicados: Tom Hanks, Ian Macklelen, Edward Norton e Nick Nolte. Nolte ou Norton era pra terem levado o oscar.

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    1. Bem lembrado Juarez, inclusive li isto num site. Mas como já ia falar da Paltrow, tive de escolher entre um e outro pra não ficar só num tema específico, o texto ia ficar maçante. De qualquer forma, obrigada pela lembrança.

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