Walk the line, 2005. Dirigido por James Mangold. Com Joaquin Phoenix, Reese Whiterspoom, Robert Parick e Ginnifer
Goodwin.
Nota: 8.3
Um filme para ser realmente bom
tem de ter atrativos que valham a pena. Pode ser a história, a fotografia, a
trilha sonora ou algum contexto que se relacione com a atualidade. Em Johnny & June, James Mangold mostra
a trajetória de triunfante, bem como os percalços, de um dos maiores mitos da
história do country/rock mundial, um homem que derrotou um poderoso vilão dos cantores
da época de ouro, as drogas, mas tudo graças a sua fiel companheira, uma mulher
de dotes extraordinários tanto na música, quanto fora dela. E o atrativo
principal? A perfeita atuação de Phoenix e Whiterspoom.
Quando Johnny Cash (Joaquin Phoenix,
brilhante) toca na serra de uma oficina na prisão Folsom, começa a se lembrar
de toda a sua trajetória até atingir aquele momento. Desde sua infância na
colheita de algodão com a família no Arkansas, passando pela perda trágica de
seu irmão, sua ascensão ao estrelato, a queda frente às drogas e a
recuperação graças ao seu grande amor June Carter (Reese Whiterspoom,
extraordinária). Um conto de amor, superação e música de vanguarda.
O roteiro escrito pelo próprio
Mangold juntamente com Gill Dennis, baseado nas duas biografias de Cash “Man in
black” e “Cash: The autobiography”, tem um toque amoroso e sentimental. Conduz
os acertos e desacertos do cantor sem a parcialidade comum em cinebiografias.
Erra na mão na confecção da parte final, pois a redenção de Johnny poderia ter
sido explorada mais, com todo seu apelo em prol dos prisioneiros. A relação de Cash com seu pai
(Robert Patrick) é o fio condutor da história, já que tudo o que procurava era
uma forma de compensá-lo pela morte de seu irmão. Porém, novamente deixa esse
fio escorrer pelas mãos e torna pueril o senso de dever cumprido do “homem de
preto” no fim das contas. Mas seu maior acerto veio com os números musicais,
perfeitos e cativantes.
Joaquin Phoenix, que chegou a
conversar com o próprio cantor antes de sua morte em 2003, parece ter
incorporado o seu espírito e voz. Sem ser hiperbólico soube dar o tom certo ao
crescente estado de dependência de Cash, além de tudo canta com uma segurança
de quem nasceu para o ofício. Tão fantástica quanto o companheiro, Reese
Whiterspoom enche cada minuto em que aparece na fita. Do sotaque carregado às
interpretações cheias de graça de June Carter, fez jus ao Oscar que recebeu e
entrou para lista das melhores atuações de todos os tempos.
Se a obra de Mangold não
figura entre uma das melhores cinebiografias e nem entre os temáticos do rock,
pode até ser verdade. Mas negá-lo como um tributo delicioso e saudosista ao
gênero, e que ostenta duas das melhores atuações de atores que cantam em cena,
é um absurdo. Só estes argumentos já faz de Johnny & June um libelo imperdível.
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