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terça-feira, 25 de setembro de 2012

Johnny & June (2005)

Walk the line, 2005. Dirigido por James Mangold. Com Joaquin Phoenix, Reese Whiterspoom, Robert Parick e Ginnifer Goodwin.

Nota: 8.3

Um filme para ser realmente bom tem de ter atrativos que valham a pena. Pode ser a história, a fotografia, a trilha sonora ou algum contexto que se relacione com a atualidade. Em Johnny & June, James Mangold mostra a trajetória de triunfante, bem como os percalços, de um dos maiores mitos da história do country/rock mundial, um homem que derrotou um poderoso vilão dos cantores da época de ouro, as drogas, mas tudo graças a sua fiel companheira, uma mulher de dotes extraordinários tanto na música, quanto fora dela. E o atrativo principal? A perfeita atuação de Phoenix e Whiterspoom.

Quando Johnny Cash (Joaquin Phoenix, brilhante) toca na serra de uma oficina na prisão Folsom, começa a se lembrar de toda a sua trajetória até atingir aquele momento. Desde sua infância na colheita de algodão com a família no Arkansas, passando pela perda trágica de seu irmão, sua ascensão ao estrelato, a queda frente às drogas e a recuperação graças ao seu grande amor June Carter (Reese Whiterspoom, extraordinária). Um conto de amor, superação e música de vanguarda.

O roteiro escrito pelo próprio Mangold juntamente com Gill Dennis, baseado nas duas biografias de Cash “Man in black” e “Cash: The autobiography”, tem um toque amoroso e sentimental. Conduz os acertos e desacertos do cantor sem a parcialidade comum em cinebiografias. Erra na mão na confecção da parte final, pois a redenção de Johnny poderia ter sido explorada mais, com todo seu apelo em prol dos prisioneiros. A relação de Cash com seu pai (Robert Patrick) é o fio condutor da história, já que tudo o que procurava era uma forma de compensá-lo pela morte de seu irmão. Porém, novamente deixa esse fio escorrer pelas mãos e torna pueril o senso de dever cumprido do “homem de preto” no fim das contas. Mas seu maior acerto veio com os números musicais, perfeitos e cativantes.

Joaquin Phoenix, que chegou a conversar com o próprio cantor antes de sua morte em 2003, parece ter incorporado o seu espírito e voz. Sem ser hiperbólico soube dar o tom certo ao crescente estado de dependência de Cash, além de tudo canta com uma segurança de quem nasceu para o ofício. Tão fantástica quanto o companheiro, Reese Whiterspoom enche cada minuto em que aparece na fita. Do sotaque carregado às interpretações cheias de graça de June Carter, fez jus ao Oscar que recebeu e entrou para lista das melhores atuações de todos os tempos.

Se a obra de Mangold não figura entre uma das melhores cinebiografias e nem entre os temáticos do rock, pode até ser verdade. Mas negá-lo como um tributo delicioso e saudosista ao gênero, e que ostenta duas das melhores atuações de atores que cantam em cena, é um absurdo. Só estes argumentos já faz de Johnny & June um libelo imperdível. 

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