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terça-feira, 11 de setembro de 2012

Dez filmes para aplaudir


Belos, históricos, lendários, surpreendentes, ousados. Os filmes desta lista tem um algo a mais para apresentar além das fronteiras do puro entretenimento. Obras de fiel apreciação que ganham status comuns frente a elementos incomuns expostos por seus admiradores. Por isso são chamadas de obras-primas, aquelas que marcam a vida e história do público e do próprio cinema. Ramificada por diferentes gêneros, mas com uma só ordem. A de se fazer arte através das telas: 
 

O PODEROSO CHEFÃO (The Good Father, 1972)
Modelo para todos os filmes de gângsteres posteriores”
PREVIEW

Clássico. Esta é a palavra que mais se encaixa para adjetivar um filme de tamanha grandeza cinematográfica, ousadia pessoal e monstruosidade nas bilheterias dos cinemas. Tudo na obra-prima de Francis Ford Coppola soa a clássico. As histórias curiosas enveredadas nos bastidores, a escolha incomum do elenco de personagens míticos, e o processo de transposição da obra literária para o cinema. O ítalo-americano Mario Puzzo jamais seria esquecido pelas Academias de letras e sets de filmagem. Uma façanha histórica pautada no trabalho do autor que além de escrever, também ajudou no roteiro do filme que desenvolve uma fascinante história com todos os dramas, conflitos e interesses pessoais da lendária Família Corleone na América pós-guerra. Talvez este tenha sido um dos principais indicadores para o sucesso “seguro” da complicada arte de adaptação cinematográfica. Com o mesmo autor do livro a frente do projeto, podemos apenas esperar para vislumbrar no final uma obra impecável, cheia de nuances dos personagens que por conta disso entraram para a história. Houve duas outras sequencias, mas certamente a primeira impressão é a fica. Quando do se fala em O poderoso chefão imediatamente nos vem em mente o nome de Marlon Brando. Um dos maiores astros do cinema teve sua participação ameaçada no filme e só uma “teimosia” convicta de Coppola, fez os donos de o estúdio ceder. E o resultado de tanto esforço por parte do diretor pode ser acompanhado pelo desempenho extraordinário do ator que tornou Don Vitto Corleone um dos rostos mais conhecidos e figura mais aplaudida da história do cinema. Um êxito em todos os sentidos. Um filme poderoso.

Palmas para ela: um filme de tantas sequências memoráveis fica até difícil escolher por uma. Então, vamos citar uma cena tão memorável que se tornou modelo para os outros filmes do gênero. A emboscada no posto de gasolina sofrida pelo personagem Sonny Corleone (James Caan) quando seu corpo é brutalmente alvejado por rajadas incessantes de metralhadoras. A cena se tornou um marco antológico do gênero.


O EXORCISTA (The Exorcist, 1973)
Saber que tudo isso é baseado em fatos reais, piora um pouco as coisas”
MONET

O maior clássico do cinema de horror teve sua origem em fatos reais. Isto torna o filme de William Peter Blatty algo inesquecivelmente assustador. Nele, uma mãe (Ellen Burstyn) se muda com a filha Regan (Linda Blair) para uma estranha casa a fim de recomeçar. No entanto, neste processo, a vida logo se transforma em prenúncios inquietantes de morte. A relação cambaleante entre mãe e filha é interrompida abruptamente por forças sobrenaturais inexplicáveis quando Regan passa a ser dominada por um espírito das trevas. Para ajudar sua filha, a mãe faz o que qualquer mãe da vida real faria neste caso. Ela recorre a médicos e exames antes do apelo desesperado por um poder tão maior quanto a que elas estão confrontando. O arauto da salvação vem na força personificada pelo destemido padre Merrin (uma atuação assombrosa de Max Von Sydow), o “herói” da família. Com sequências tão arrepiantes quanto inesquecíveis, O Exorcista se difere dos outros filmes do gênero por inserir uma história dramática pautada em conflitos pessoais metaforicamente maximizadas nas cenas de terror solo da menina Regan. Por isso, esta obra não pode ser caracterizada apenas como mais um filme para assustar. Uma apocalíptica batalha entre o Bem e o Mal. Trata-se de algo diferenciado, fazer cinema de primeira grandeza vivenciada por um elenco bem dirigido em atuações ricas e convincentes. O primeiro do gênero a ser indicado a melhor filme. Assombroso, pavoroso, inquietante, espetacular. Uma obra que exerce um fascínio fiel mesmo com os incidentes ocorridos durante suas gravações nos sets de filmagens. Apontado por 10 entre 10 especialistas do ramo como imperdível pode fazer você saltar da cadeira!

Palmas pra ela: Linda Blair brilhou em cenas que causaram as mais diversas reações do público. Em uma delas, a menina Regan desce as escadarias de costas numa imagem chocante e há quem se lembre do giro de 360 graus que sua cabeça dá em repulsa ao padre. Uma atuação tão perfeita psicologicamente e consumadora fisicamente que custou o futuro da carreira da menina, que nunca conseguiu de desvencilhar das imagens do filme.


AMADEUS (Amadeus, 1983)
O resultado é um texto afinado, que ganhou nas telas um visual apurado e direção e interpretações inspiradas”.
CINEMATECA VEJA

Um homem dividido em dois.” Assim se define o compositor italiano Antônio Salieri (F. Murray Abraham) em sua jornada particular na conturbada relação com o gênio Mozart (Tom Hulce). A história que o diretor Milos Formam levou para as telas não se trata genuinamente de uma biografia de um dos mais famosos compositores do mundo. O filme se centra na figura do compositor Salieri que narra durante uma confissão no hospício como suas emoções em relação à figura de Mozart terminaram por afetar seu juízo. Diante de um perplexo padre (Richard Frank), ele descreve sua paixão pela música que o levou a ser o melhor compositor de Viena, até que a chegada de seu rival à cidade expôs toda sua mediocridade ao mundo. Um misto de inveja e admiração é condensado de forma mágica, na sublime interpretação de F. Murray. Tom Hulce também faz um excelente trabalho como o compositor em sua face extrovertida (aquela gargalhada contagiante é formidável!). Embora haja muita controvérsia em torno desta rivalidade de quem realmente seja o mocinho e o antagonista, o que fica é um show de beleza cinematográfica de mais uma das muitas versões da lendária história do compositor aqui mostrado como um homem que apesar de possuir um talento nato para a música, vive suas paixões de forma natural. Entre farras, brincadeiras e bebedeiras, faz de sua personalidade escrachada e até um pouco obscena, um ultraje à sociedade conservadora. Como todo gênio, foi incompreendido por muitos, exceto por seu mais ilustre admirador e algoz na versão de Salieri. Uma história avassaladora, inspirada numa peça brilhante de Peter Schaffer. Entre notas, acordes, sopranos e afins, tudo é deslumbrante em cenas estarrecedoras. Vencedor de 8 prêmios da Academia, é uma obra-prima de raro dueto. A música fabulosa é um êxtase para os ouvidos e Amadeus um êxtase para os olhos.

Palmas pra ela: a produção técnica do filme. Impecável no som, figurino, maquiagem, direção de arte, edição, fotografia. Ícones indispensáveis para se produzir uma obra de grande apreço visual.


O ÚLTIMO IMPERADOR (The Last Emperor, 1988)
O espetáculo é tão grandioso que a história se torna ornamento.”
SET ESPECIAL – 1000 vídeos

Um filme excepcionalmente grandioso que de tão absoluto venceu todas as categorias que disputou no Oscar naquele ano. Foram 9 em 9 indicações. O que transforma esta colossal cinebiografia em uma grande proeza. O último Imperador fascinou plateias do mundo inteiro com um magnífico espetáculo visual, onde podemos fazer uma viagem cheia de êxtase pelas ruínas da misteriosa China. O fascínio em torno da milenar e heroica história chinesa atiça a curiosidade de qualquer civilização. Isso por si só já é um bom motivo para se assistir ao filme. A maior obra-prima do talentoso diretor italiano Bernardo Bertolucci teve por mérito conseguir conciliar história, arte e cinema. Uma mescla poderosa que sintetizou com maestria o que chamamos de arte na mais concepção de todas as palavras. Para contar a fascinante biografia de Pu Yi (John Lone), o último soberano da China pré-revolucionária, o roteiro é desenvolvido em sequências grandiosas, emocionantes e instigantes. Um homem que teve de apender a conviver com o lado mais humano de ser um Deus entre seus súditos. Um homem que se sentiu prisioneiro dentro de sua própria casa, a chamada Cidade Proibida. A presença de um tutor inglês (Peter O’Toole) alimenta sua curiosidade em relação ao novo mundo. Quando eclode a revolução chinesa, o Monarca é deposto, acusado de traição dos novos ideais. Na prisão, misturado a outros, ele relata toda sua impressionante trajetória. Uma perfeita radiografia da luta pelo poder em tempos de reformas ideológicas. O diretor teve de usar de recursos técnicos verídicos em sua produção. Bertoluccci foi o primeiro cineasta a filmar no interior da cidade proibida. Um feito tão histórico quanto o magnifico filme que realizou posteriormente. Umas das últimas obras-primas reais do cinema.

Palmas para ela: a fotografia, a exuberância das imagens fundidas em cores vívidas numa espetacular trilha sonora. Arte pura sem a necessidade de palavras para expressar tamanho deslumbramento.



O SILÊNCIO DOS INOCENTES (The silence of the lambs, 1990)
Realmente, tudo funciona neste filme”
SET

Um jogo de gato e rato se desenrola no filme brilhantemente arquitetado por Jonathan Demme entre as paredes de uma penitenciária de segurança máxima onde se encontra um dos maiores serial-killers da história do cinema. Hannibal Lecter (Anthony Hopkins) é o claro exemplo de uma mente brilhante que depois de usar seus poderes para o mal é abdicado de seu convívio com humanos. O psiquiatra aparentemente amistoso conduzia suas consultas de forma nada convencional quando se alimentava (ughr!) de suas vítimas. Quando uma série de desaparecimentos e assassinatos chama a atenção o FBI eles enviam sua melhor agente para o caso. A destemida Clarice Starling (Jodie Foster), ainda está na Academia, mas seu diretor (Scott Gleen) vislumbra nela um grande futuro profissional. Assim, a bela agente faz uma espécie de pacto com o diabo para obter sucesso no caso que mudará sua vida. Ela procura o renomado Lecter para trocar pistas e informações a respeito. O psiquiatra usa toda sua lábia profissional para formular uma relação psicologicamente íntima com a agente. Lecter tece uma teia de emoções dantes esquecidas por Clarice. Cria-se uma admiração empática entre ambos, levando-a a superar antigos traumas. E dá-se início a uma das mais rendosas parcerias do cinema. Os personagens se tornaram míticos, os atores famosos e o filme lendário. O Silencio dos inocentes foi uma das raras obras que conseguiu a proeza de levar todos os prêmios mais relevantes do Oscar: melhor filme, direção, ator, atriz e roteiro. Uma obra que de tão surpreendente nos deixa em silêncio para apreciar personagens notáveis em trabalhos brilhantes.

Palmas pra ela: as atuações de Hopkins e Foster entraram em várias listas de grandes performances do cinema. Uma química única ajudada pela construção minuciosa dos perfis de seus personagens (Hopkins e os olhos hipnotizantes de Lecter) em um roteiro excepcional.


O RESGATE DO SOLDADO RYAN (Saving private Ryan, 1998)
Aqui Steven Spielberg arrasa na direção e faz um dos melhores filmes de Guerra de todos os tempos”
CINEPLAYERS

Como um filme de guerra, bombas e explosões, pode ser considerada uma obra imperdível e de beleza sem igual? A resposta é uma só: Steven Spielberg. O mago do cinema nos brinda com um filme que leva às lágrimas mesmo tendo em seu casting principal personagens masculinizados. Tudo começa com uma sequencia espetacular de quase 20 minutos numa representação da famosa batalha na praia de Omaha, no chamado Dia D quando as tropas americanas avançaram na Guerra e segue o Capitão Miller (Tom Hanks) em sua última missão com um grupo de soldados de Elite recrutados com um único objetivo: trazer de volta ao seio de sua mãe americana o destemido soldado James Francis Ryan (Matt Damon), depois que este perde seus irmãos em combate. Neste trajeto, os perigos eminentes de uma malfadada Guerra se apresentam da forma mais dramática possível, descaracterizando o gênero. Batalhas sangrentas e mortais servem como pano de fundo de um roteiro bem apurado que poderia ser simples neste contexto. Mas se tratando de Spielberg sempre esperamos por mais. O mais de O resgate do soldado Ryan consiste em adicionar cenas técnicas, estrondosas e cheias de testosterona a algo emocionante, singular, de uma beleza indissolúvel quando mostra homens da guerra antes de heróis condecorados, humanos com seus medos e inquietações diante do desconhecido. Spielberg captura as cenas brutais catapultando momentos singelos como se ouvir Piaf antes da inesquecível batalha na ponte. Por tudo isso, o filme é uma exímia obra de arte que emociona na brutalidade dos tiros e canhões. Um resgate da genialidade em se fazer algo inesquecível.

Palmas pra ela: As interpretações seguras Matt Damon, Giovanni Ribisi e Edward Burns desnudam seus personagens com uma veracidade impressionante. Encabeçados pelo excelente Tom Hanks, o elenco do filme não deixa por menos e com certeza é um dos responsáveis pelo êxito do filme.


KILL BILL (Kill Bill, 2001)
Um lindo delírio visual”
FOLHA DE SÃO PAULO

Um dos melhores e mais divertidos filmes de ação de todos os tempos é considerado uma obra-prima do mestre do excêntrico Quentin Tarantino. Acostumado a se enveredar pelos caminhos da Torre de Babel cinematográfica, aqui ela recria uma famosa personagem americana dos quadrinhos, dá corpo à sua conhecida personalidade e uma espada de samurai a tiracolo. Elementos capciosos em sua busca sangrenta por vingança. Bellatrix Kiddo (Uma Thurman) fazia parte de uma poderosa organização criminosa e tinha como missão assassinar pessoas por encomenda – As víboras mortais -, liderado pelo mafioso, bandido, traficante, ou uma destas denominações de coisas ruins Bill (David Carradine). Depois de engravidar, Bellatrix (de codinome Mamba negra), tenta mudar de vida, assumindo uma nova identidade e prestes a constituir família. Entretanto, os fantasmas de seu passado retornam na forma de quatro assassinos do clã que promovem um massacre em seu casamento deixando-a em coma. Mais tarde ela acorda em busca de vingança contra seus algozes. Munida de uma poderosa arma, ela começa a espalhar uma trilha de sangue pelo caminho. Um a um seus inimigos sucumbem a sua Hattori Hanzo e o que se vê é um show de A noiva conjurada por lutas vibrantes, mutilações inesquecíveis em meio a uma grande e boa dose de senso de humor reforçada pela construção perfeita dos coadjuvantes. Marcas de Tarantino. O obvio se transforma em algo inusitado que a cada cena ou golpe desferido, se faz de forma memorável. Uma belíssima homenagem ao cinema de ação particularmente Kung-Fu. Ideia alimentada pela presença do astro Carradine e lendas japonesas. Kill Bill pode ter a morte no nome, mas paradoxalmente fala de vida. Vida inteligente no cinema.

Palmas pra ela: a sequência arrasadora do confronto na casa das flores azuis. O olhar ferino da justiceira vingadora parece pouco diante do poder de destruição de seu instrumento da morte. Sua espada cantou nos membros de seus adversários promovendo um verdadeiro massacre pela tela. O visual escarlate deu lugar a traços incolores da sequencia para dar ênfase ao derramamento de sangue. Genial!


O LABIRINTO DO FAUNO (Pan’s labirinth, 2005)
O Labirinto do fauno oferece muito para admiração do público”
1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER

Considerada a obra mais madura do surpreendente diretor Guilhermo Del Toro, esta estória dentro da história foi uma grata surpresa do Oscar de 2006. Levou 3 estatuetas em categorias técnicas (maquiagem, direção de arte e fotografia). A minúcia realista desta obra causa tanta admiração quanto espanto. As características técnicas apoiadas num roteiro formidável dão ao filme um merecido status de algo admirável em que viajamos por um mundo de fantasia captado pela meiguice da menina Ofélia (Ivana Baquero). A garota poderia ser uma das conhecidas princesas de contos de fada. Mas ao contrário das fábulas infantis, Ofélia teve de se acostumar com a dura realidade trazida após a Guerra Civil espanhola. Enquanto suas “colegas” tinham uma madrasta má em seu encalço, a menina tinha como tormento um padrasto tão cruel que as madrastas más certamente temeriam. Quando se muda com sua mãe para a casa do Capitão Vidal (Sérgi López), ela se vê rodeada de tristeza e morte. Este caminho só poderia leva-la a uma fuga para outro mundo habitado por um dúbio Fauno. Através de um labirinto é avisada que é a reencarnação de uma princesa que perdeu a memória quando cruzou o limite entre os dois mundos. E para retornar, ela teria de passar por três difíceis provas, que lhe exigiriam astúcia, coragem e sacrifício. A simplicidade do filme para por aqui. Levantando questões mais relevantes do que o felizes para sempre, O Labirinto do Fauno nos transporta para dentro de um mundo apaziguado no coração angustiado de uma criança ao enxergamos por seu ponto de vista os horrores de tempos difíceis. O tom mais soturno de sua produção vai de contraponto as cores cintilantes de um mundo de fantasia. A junção coesa entre o horror da realidade e a sutileza da fantasia nos dá a certeza de que nos dias atuais, cada vez mais desejamos nos perder por este fabuloso labirinto de sonhos.

Palmas pra ela: a maquiagem vencedora do Oscar que certamente é um requisito importantíssimo na arte em se criar seres imaginários. Tudo é minunciosamente perfeito e dá à história a possibilidade em se enxergar beleza em algo soturno. Elemento raramente visto no cinema.


CISNE NEGRO (Black Swan, 2010)
Aronofsky leva o espectador a buscar a perfeição e deixa a emoção nas mãos de Natalie Portman”
SCI-FI NEWS

Intenso. Não há outro adjetivo melhor para definir uma obra de grande apreciação que desnuda as várias facetas da psique humana. Esta intensidade é deflagrada a cada sequência eletrizante do filme muito bem montado e dirigido por Darren Aronofsky. O diretor se tornou um especialista em criar monólogos intimistas de seus protagonistas nos brinda com uma obra que exala beleza em todos os poros. Cisne negro começa como o retrato fiel da dolorosa vida de quem se dedica a oferecer beleza ao espetáculo. Jovens belas e determinadas que flutuam sobre o palco depõe como um tema interessantíssimo. Por ele, acompanhamos a saga pessoal Nina Sayers (Natalie Portman, espetacular) como aspirante ao posto de protagonista de uma das mais famosas peças do mundo: O lago dos cisnes. E é obvio que para chegar ao topo, a frágil bailarina teve de enfrentar muitos adversários. A massacrante rotina de treinamentos com o exigente diretor, a mãe obcecada, uma linda e competente rival. No entanto, nenhum desses adversários se revelou tão forte quanto uma velha conhecida. E é justamente aí que o filme muda de contexto. Disposta a enfrentar sua maior rival, Nina mergulha intensamente na maior batalha de sua vida que vai além dos palcos. A busca pelo autoconhecimento. Para isso, sua sensibilidade apurada dá lugar a uma persona mais forte e sexual com a presença quase que irritante da colega Lily (Mila Kunis). As cenas entre as duas são de tirar o fôlego. Um trabalho que privilegia mais o lado sensual do que o sexual. Um poder desconhecido que ela só consegue controlar quando começa a se entender numa viagem eletrizante ao íntimo do ser. Uma das mais instigantes e belas obras do cinema. Tudo é perfeito. Tudo leva a perfeição. A música, a dança, os avanços voluptuosos da personalidade da protagonista em sequências apoteóticas. Impossível não se deixar levar pela beleza do cisne.

Palmas pra ela: A incrível metamorfose do cisne negro. Entre um rodopio e outro, o êxito físico e pessoal da personagem transborda na tela. Magnífico!


O ARTISTA (The Artist, 2011)
A novidade é que o diretor resolveu usar a falta de palavras e o uso escasso do som como instrumento de linguagem, conferindo-lhe um charme a mais.”
PREVIEW

Ousadia é uma marca registrada para elevar uma obra a algo admirável e inesquecível. Este foi o elemento pilar deste vencedor do Oscar de 2012. O Artista falou brilhantemente de cinema sem dizer uma palavra sequer. Uma homenagem a Era de Ouro do cinema mudo que arrebatou milhões de fãs pelo mundo afora. o filme de Michel Hazanavicius tinha tudo para ser um fracasso, mas se tornou surpreendente, mágico, vibrante. Com uma ideia atemporal, o filme não precisa de avançados recursos tecnológicos para tocar fundo na alma. Em tempos de explosões cataclísmicas para atrair bilheterias, é um belo retorno à ideia primordial de fazer cinema como arte. Como se trata de uma obra muda e em preto-e-branco coube ao valioso elenco atores o árduo trabalho de passar sua mensagem por meio de caras, bocas e expressões corporais inconfundíveis da época. Isso fez do francês Jean Dujardim um oponente imbatível na corrida do Oscar. Perfeito e ambas as interpretações tanto física quanto psicológica nas emoções de seu galã decadente. George Valentim era o Deus das telas quando sua aparência “falava” por ele, despertando inúmeras paixões. Entre elas se encontrava a carismática Peppy Miller (Bérénice Bejo) cuja carreira se ascende paralelo a descendente de seu maior ídolo que sofre intensamente o golpe da chegada do cinema sonoro. Sua aparência já não mais poderia servi-lo na carreira. Assim sendo, o Deus virou um mero mortal e como tal se expõe as mazelas de se conviver entre os mortais. Falido, assiste sua pupila cada vez amada por um público que já foi seu, mas luta até o fim para não “vender” seu talento aos tubarões corporativos da época. “Sou um artista, não um boneco”. Tudo transcorria para um triste final até que é resgatado por sua fiel admiradora que com ele forma uma dupla de sucesso. Um final feliz para um filme de final feliz. A trajetória do protagonista é uma alusão a própria trajetória do gênero em questão. Um cinema que todos acreditavam estar perdido, mas que foi corajosamente resgatado numa obra-prima que entra para os anais da história cinematográfica como uma arte imortal.

Palmas pra ela: a sequência final do filme na dança sincronizada de Valentim e Miller. Ambos os atores retrataram a química fantástica de seus personagens numa cena de pura alegria e deleite.

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