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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

DARREN EM BUSCA DA PERFEIÇÃO

Darren Aronofsky acerta a mão e finalmente consegue emplacar um bom filme com a fantasia-terror Cisne Negro, além de se firmar como um diretor que faz de seus protagonistas, espetaculares.

Não é de hoje que o marido de Rachel Weisz vem tentado se aperfeiçoar em uma trama que conseguisse desfragmentar o ser humano. Sua primeira tentativa foi em Réquiem para um sonho (2000), onde o tema principal foram as drogas. Entretanto isso não seduziu público e crítica. Talvez pelo fato de tema já ter sido garimpado anos antes pelo excelente Trainspotting (1994) de Danny Boyle. Ficou afastado por oito anos até retornar em O Lutador (2008), este sim com um tema original, que tentava desmembrar a personalidade de um lutador de vale-tudo, que havia perdido a fama e o amor de sua filha. O filme dividiu opiniões e tirou do mundo das sombras Mickey Rourke, em interpretação que lhe valeu uma indicação ao Oscar e um prêmio Globo de Ouro. Mas ainda faltava algo. Sua técnica peculiar, o Hip Hop Montage (na qual altera a velocidade da cena de acordo com a necessidade dramática), não havia conseguido uma identidade. Contudo em Cisne Negro o diretor finalmente cria uma sincronia perfeita em sua montagem e o roteiro. Em um filme excelente, ele consegue equilibrar luz e trevas com uma direção de arte que sugere a todo tempo o maniqueísmo que envolve a personagem Nina. A obscuridade da procura da bailarina pelo equilíbrio psicológico foi essencial para que Darren convencesse a crítica de que aprendeu muito, e ainda de quebra, conseguiu uma indicação ao Oscar por direção.
O tema permitiu que o diretor brincasse com sua montagem, ministrando doses certeiras de drama, terror e fantasia, sem que perdesse o fio condutor e deixasse que um dos gêneros se sobressaísse. Bom para Natalie Portman, pois nos filmes de Aronofsky, quase tudo depende do protagonista. Seu desempenho pode desencadear o sucesso ou o fracasso do longa, além de poder colocá-lo entre o cinco indicados da categoria ao Oscar. A prova disso é que todos seus protagonistas conseguiram o feito, Ellen Burstyn em Réquiem para um sonho, Mickey Rourke por O Lutador , e agora Natalie Portman por Cisne Negro. Esta favoritíssima a levar o prêmio. Não era para menos, já que a condução cinematográfica do filme se vale muito da sensação-expressão, deixando a atriz muito mais em evidência. Se é bom para os atores, é ruim para o diretor. Aronofsky supervaloriza sua personagem central a ponto de eleva´-la a um nível maior do que seu filme pode atingir. Esse é o único ponto falho de Cisne Negro. O show de Portman ofusca o brilho do belo filme, se tornando maior do que a própria produção. Entretanto, na busca pela perfeição de seus filmes, talvez falte para o diretor despertar seu “lado negro” e pensar em um meio de atingir a perfeição. A julgar pelo seu salto de qualidade do primeiro para o terceiro, não seria inteligente duvidar que consiga se aproximar mais ainda da perfeição.

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