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segunda-feira, 10 de junho de 2013

Os 10 mais: Ingmar Bergman

Segundo mestre do cinema homenageado pelo Cineposforrest é o mitológico diretor sueco que soube como ninguém examinar as mais variadas fragmentações que pode ser encontrada entre os seres humanos. Entre os mais de 50 filmes que realizou, passou pelas mais variadas fórmulas de condução cinematográfica. Um verdadeiro gênio que influenciou várias gerações de cineastas, entre eles o já homenageado Woody Allen. Acompanhe então os 10 mais de Bergman:

10 - Sonata de Outono (1978)

O longa que marca o encontro de dois mitos do meio cinematográfico, Ingmar e Ingrid Bergman (que curiosamente não possuem qualquer grau de parentesco), é uma história em que uma mãe (Ingrid Bergaman) e sua filha (Liv Ullmann) vivem uma competição e humilhação artística que perpassa e contamina a relação familiar entre as duas. Melancólico, mas com a medida certa de realismo didático, este é filme deixa o espectador a merce das emoções das personagens, que em estado de graça, dão significado maior a cada centímetro de película. 


9 - A Fonte da Donzela (1960)

No período em que o diretor já havia se consolidado no cenário mundial, vira seu olhar para assuntos com teor transcendental. Neste obscuro longa-metragem, a história se passa em uma sociedade do século XIV onde uma jovem de quinze anos que só pensa em se entregar a algum homem após o casamento. Porém quando vai à igreja rezar pela Virgem Maria, é estuprada por dois pastores de cabra, que vem a se hospedar na casa de seus pais. No fim, um milagre acontece. Tensão na medida certa e a discussão onipresente do maniqueísmo que movimenta o mundo. Sensacional.

8 - Face a Face (1976)

Quando Bergman decidiu fazer incursões pelo universo dos casais em situações corriqueiras, como o entendimento, superação ou separação. Este estudo de como o homem e a mulher se comportam ante estas situações, foi o ápice deste seu momento. A loucura feminina dentro da relação matrimonial e a dificuldade de seu marido em lidar com a situação, faz com que a união seja consumida aos poucos. A forma como dá um toque de sensibilidade em meio a todos problemas lhe rendeu uma indicação ao Oscar de diretor. Imperdível.


7 - Noites de Circo (1953)

Esta foi a primeira grande obra-prima de Ingmar Bergman. Depois de passear por vários gêneros antes de realizar filmes"mais sérios", ele conta a história de artistas circenses. Porém, ao contrário de um de seus filmes preferidos, A Estrada da Vida, de Fellini, o diretor despeja uma misantropia muito menos otimista, onde os artistas circenses convivem com a desesperança e a crueldade dos homens. Um fascinante e absolutamente realista estudo sobre a humilhação. Obra de arte incontestável.


6 - O Silêncio (1963)

No auge de sua forma, o diretor constrói a famosa e arrebatadora "Trilogia do Silêncio" Apesar de seu mais famoso exemplar ser o vencedor do Oscar de filme estrangeiro Através de um Espelho (61), foi O Silêncio que demonstra a potencialização do tema. Duas irmãs viajam de trem pela Europa e no meio da viagem se hospedam em um hotel. Ali as frustrações femininas vêm à tona e com um erotismo impressionante para época, bela fotografia em preto e branco e um trabalho sonoro invejável, faz seu filme mais radical, ousado e arrojado. Esplêndido.

5 - Persona - Quando Duas Mulheres Pecam (1966)

Ainda tendo como tema principal as frustrações femininas, este triunfo se tornou um dos mais elogiados filmes de sua carreira. Uma atriz de teatro (Liv Ullmann em seu primeiro trabalho com o diretor) tem um colapso e perde a fala. Quando a enfermeira Alma (Bibi Andersson) é escolhida para ser sua cuidadora, uma relação de duplicidade latente e lesbianismo velado acontece. Mas, com diversas influências psicanalíticas, este pode ser considerado o filme do diretor que contém a narrativa mais complexa e que exige maior atenção. Mas ainda assim é brilhante.


4 - Fanny e Alexander (1982)

No maior sucesso comercial da carreira do diretor, e o terceiro a ganhar o Oscar de melhor filme estrangeiro, Bergman "encerra" sua carreira (voltaria em apenas 2003 para filmar Saraband) com uma autobiografia que relata episódios de sua infância. Quando o pai das crianças do título morre, sua mãe casa-se com um homem religioso ao extremo e os obriga a deixar a casa da avó, que tanto amavam. Bergman mistura a nostalgia de sua vida com um teor obscuro, às vezes quase um terror, com fantasmas, arrependimentos, sonhos, tristezas e alegrias. Um mergulho dentro de si e cinema de primeira.

3 - O Sétimo Selo (1957)

Um dos primeiros temas abordados pelo diretor em sua triunfante carreira, a finitude do homem. Este filme narra um evento da jornada de um cavaleiro medieval (Max Von Sydow) por uma Suécia devastada pela peste. Soturno e alegórico, devido a fotografia rica de Gunnar Fischer, a linguagem de Bergman introduz elementos místicos, como uma assustadora figura encapuzada: a morte (Bengt Ekerot). O lirismo e a fotografia impressionante renderam duas das cenas mais famosas da história: o jogo de xadrez entre o cavaleiro e a morte, para "negociar" a saúde de companheiros de viagem, e a arrebatadora "dança macabra". Só por isso já merece todo o respeito.

2 - Gritos e Sussurros (1973)

Além de suas atrizes fetiche, outra parceria do diretor rendeu obras de qualidade indiscutível. Junto com Sven Nykvist realizou este longa que traz a dor em uma ambiente familiar composto essencialmente por mulheres. Uma das irmãs (Harriet Andersson) agoniza em consequência de um câncer terminal. Neste cenário, cuidadosamente fotografado em vermelho por Nykvist, a dedicada enfermeira (Karin Sylwan) e suas duas irmãs que vivem às turras (Ingrid Thulin e Liv Ullman), crises e traumas vêm à tona. Todos elementos do cinema bergmaniano estão presentes. Uma verdadeira aula de cinema.

1 - Morangos Silvestres (1957)

Como exorcizou seu pavor pela morte em O Sétimo Selo, Bergman tratou de enfrentá-la neste filme brilhante. Contando a história de homem bem sucedido (Victor Sjostrom) que viaja à sua cidade natal para receber uma condecoração. Neste trajeto passa em uma casa de veraneio de sua família, e quando saboreia um morango silvestre, lembranças o atormentam. Com uma narrativa radical, o diretor cria uma forma inusitada de transição de planos, onde o real e o imaginário se fundem. Além disso, a cronologia dos fatos acontecem de acordo com as lembranças do professor. Influência direta a Fellini em Oito e Meio (63) e em grande parte das obras de Woody Allen. Argumentos o suficiente para torná-lo o número 1.

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