Idem, 2013. Dirigido por Marcelo Galvão. Com Ariel Goldenberg, Brunno
Viola, Rita Pokk, Leonardo Miggiorin, Marco Luque e Lima Duarte.
Nota: 7,8
O cinema nacional passa por
momentos de crescimento, tanto na qualidade técnica quanto na qualidade
ideológica. Obras adaptadas de músicas, livros, biografias, enchem as salas de
exibição e apresentam algo mais que comédias sistêmicas e pastiches. Eis que entra em ação Marcelo Galvão, com seu
tocante Colegas. Um filme singelo,
inocente, que mesmo ante as dificuldades, consegue transmitir o verdadeiro teor
da obra. Que acreditem, não é sobre Síndrome de Down.
Três amigos, Stallone (Ariel
Goldenberg), Márcio (Bruno Viola) e Aninha (Rita Pokk) decidem sair em uma jornada
em busca de seus sonhos. O primeiro deseja conhecer o mar, a mocinha sonha com
um príncipe encantado para se casar e, Márcio, alimenta uma incrível vontade de
voar. Inspirados no road-movie de
Ridley Scott Thelma e Louise eles
roubam o carro do zelador da instituição e partem para a aventura, que envolvem
assaltos inusitados, amizades verdadeiras e muita alegria de viver.
Marcelo Galvão parte de sua
amizade com seu tio, que tinha a síndrome, para construir um belo roteiro, que
tem como triunfo não ter como assunto principal o Down. Fala sobre amizade e a
vontade de realizar sonhos. Para ter um ponto de referência, que provavelmente
facilitou na confecção do texto e no trabalho dos atores, buscou em obras
cinematográficas famosas ações, frases e até mesmo o comportamento de seus
protagonistas. Com isso injeta humor paródico, sem ofensas, só homenagem e
adoração. A forma cômica com que a caçada aos três “perigosos” criminosos se dá
é o único ponto que envolve a Síndrome de Down, pois algumas pessoas se referem
a eles como retardados, mas que ludibriam as autoridades de todas as maneiras.
Quem é retardo?
O bem intencionado filme tem lá
suas falhas. O texto é óbvio, já que teriam de ser de fácil entendimento, e a
narrativa é conflitante ao ponto de ficarmos perdidos, sem saber em que época
se passa os acontecimentos. Porém, como se trata de uma incursão quase mágica e
narrada sob o ponto de vista parcial do zelador da instituição em que os
“meliantes” cresceram, os conflitos textuais são amenizados. Ganha o público
muito mais pela emoção que pela razão.
Por fim, o trio de atores
principais, liderados pelo amante de cinema Ariel Goldenberg, conseguem ser
fies em seus atos apesar de toda a dificuldade de se decorar o texto. Bruno
Viola consegue trazer uma graça natural, talvez por improvisar em muitas das
cenas. Conseguiram dar alma aos anseios dês seus personagens abandonados por
terem Down. Ajudaram a criar um longa que deixou de lado o apelo que obviamente
seria predominante, para celebrar a busca dos sonhos, a amizade, o amor.
Acredite, não sobre Síndrome de Down.
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