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quinta-feira, 27 de junho de 2013

Colegas (2013)


Idem, 2013. Dirigido por Marcelo Galvão. Com Ariel Goldenberg, Brunno Viola, Rita Pokk, Leonardo Miggiorin, Marco Luque e Lima Duarte.

Nota: 7,8

O cinema nacional passa por momentos de crescimento, tanto na qualidade técnica quanto na qualidade ideológica. Obras adaptadas de músicas, livros, biografias, enchem as salas de exibição e apresentam algo mais que comédias sistêmicas e pastiches.  Eis que entra em ação Marcelo Galvão, com seu tocante Colegas. Um filme singelo, inocente, que mesmo ante as dificuldades, consegue transmitir o verdadeiro teor da obra. Que acreditem, não é sobre Síndrome de Down.

Três amigos, Stallone (Ariel Goldenberg), Márcio (Bruno Viola) e Aninha (Rita Pokk) decidem sair em uma jornada em busca de seus sonhos. O primeiro deseja conhecer o mar, a mocinha sonha com um príncipe encantado para se casar e, Márcio, alimenta uma incrível vontade de voar. Inspirados no road-movie de Ridley Scott Thelma e Louise eles roubam o carro do zelador da instituição e partem para a aventura, que envolvem assaltos inusitados, amizades verdadeiras e muita alegria de viver.

Marcelo Galvão parte de sua amizade com seu tio, que tinha a síndrome, para construir um belo roteiro, que tem como triunfo não ter como assunto principal o Down. Fala sobre amizade e a vontade de realizar sonhos. Para ter um ponto de referência, que provavelmente facilitou na confecção do texto e no trabalho dos atores, buscou em obras cinematográficas famosas ações, frases e até mesmo o comportamento de seus protagonistas. Com isso injeta humor paródico, sem ofensas, só homenagem e adoração. A forma cômica com que a caçada aos três “perigosos” criminosos se dá é o único ponto que envolve a Síndrome de Down, pois algumas pessoas se referem a eles como retardados, mas que ludibriam as autoridades de todas as maneiras. Quem é retardo?

O bem intencionado filme tem lá suas falhas. O texto é óbvio, já que teriam de ser de fácil entendimento, e a narrativa é conflitante ao ponto de ficarmos perdidos, sem saber em que época se passa os acontecimentos. Porém, como se trata de uma incursão quase mágica e narrada sob o ponto de vista parcial do zelador da instituição em que os “meliantes” cresceram, os conflitos textuais são amenizados. Ganha o público muito mais pela emoção que pela razão.

Por fim, o trio de atores principais, liderados pelo amante de cinema Ariel Goldenberg, conseguem ser fies em seus atos apesar de toda a dificuldade de se decorar o texto. Bruno Viola consegue trazer uma graça natural, talvez por improvisar em muitas das cenas. Conseguiram dar alma aos anseios dês seus personagens abandonados por terem Down. Ajudaram a criar um longa que deixou de lado o apelo que obviamente seria predominante, para celebrar a busca dos sonhos, a amizade, o amor. Acredite, não sobre Síndrome de Down.



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