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segunda-feira, 17 de junho de 2013

Além da escuridão: Star Trek (2013)

Into the darkness: Star Trek, 2013. Dirigido por J. J. Abrams. Com Chris Pine, Zachary Quinto, Benedict Cumberbatch, Anton Yelchin, John Cho, Zoe Saldana e Simon Pegg.

Nota: 8,2

Quando J. J. Abrams resolveu trazer de volta um dos mais cultuados universos ficcionais da TV e do cinema, Star Trek, não só os nerds e fãs fervorosos da série ficaram excitados. Quem conhece o potencial de Abrams para o espetáculo audiovisual começou a fantasiar qual seria o seu limite com todas as possibilidades tecnológicas que teria à disposição. E não ficaram decepcionados. Em 2009, Star Trek levou milhões às salas de cinema, teve boa recepção entre os críticos e faturou o Oscar de melhor maquiagem (o primeiro da história da franquia). Quatro anos depois, o diretor volta à Enterprise com o desafio de injetar mais ação na trama, sem perder qualidade narrativa e a ligação com suas raízes.

Nesta nova aventura, Kirk (Chris Pine), Spock (Zachary Quinto, ótimo) e Cia., evitam que um planeta seja extinto por uma  grande erupção. Porém, isto vai contra as regras do alto comando da frota estelar, o que ocasiona a punição de Kirk e Spock. Entretanto, quando um terrorista, que se apresenta como John Harrison (Benedict Cumberbatch, excelente), elimina quase todo estado-maior da frota, caberá a aos dois reassumirem a Enterprise e partir atrás do inimigo. Mal sabia eles que além de descobrir a verdadeira identidade do vilão e quem realmente está por trás de tudo, também terão um encontro com seus mitológicos inimigos: os Klingons.

Novamente, o trio de roteiristas liderados por Roberto Orci conseguiu surpreender até os mais ortodoxos fãs da obra original, escrita por Gene Roddenberry. Além de deixar os diálogos mais contemporâneos, o que facilita a aproximação com o público da era da internet, mantém laços estreitos com as aventuras anteriores, principalmente a original da década de 60. A forma como inseriu um supervilão quase invencível, e buscou na conexão direta com a série clássica, o Spock do futuro inserido no filme de 2009, a resolução para o caso ganha, os velhos e conquista novos fãs.

Abrams, ao contrário do que se imaginava, não se deixa se levar pelas “maravilhas” tecnológicas (tanto que nem estava programado para sair em 3D) e capricha na arte dos cenários, figurinos e maquiagem, e quando exige-se os efeitos visuais, o faz com parcimônia. É clara sua intenção de fazer muito mais que um espetáculo de cores ou uma singela homenagem, tanto que aponta a câmera para o fator ser humano. Tanto na relação de amizade ainda mais forte entre Kirk e Spock, quanto nas artimanhas de Harrison para desestabilizar a tripulação.

Mesmo que o filme perca um pouco do equilíbrio na parte final, ficando previsível, isto acaba não incomodando pelo talento de dois atores: Quinto e Cumberbatch. O primeiro assumiu o personagem reconhecidamente mais amado da franquia, e com seu rosto peculiar conseguiu deixar os fãs satisfeitos, e os críticos, com a certeza de que não deve nada à Leonard Nimoy, o Spock da série clássica. Já Cumberbatch, que se destaca na TV como o Sherlock da série homônima, prova que o grande ator do momento e transmite a obscuridade de seu Harrison, mantendo uma dualidade que não permite aos espectadores odiá-lo. Simplesmente genial.


Se J. J. Abrams foi capaz de fazer um bom filme de um universo do qual diz ser indiferente, imagina o que poderá fazer com seu amado Star Wars, na próxima trilogia que está em pré-produção. Mesmo com a dificuldade de não se render à pirotecnia e agradar à legião de seguidores da obra de Roddenbury, se saiu bem e deixou todos com água na boca para o terceiro filme. Ou alguém acha que podem mexer com Klingons assim e ir embora sem esperar uma retaliação. É só esperar para ver.

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