Visitantes

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Missão madrinha de casamento, 2011


Bridemaids, 2011. Dirigido por Paul Feig. Com Kristen Wiig, Melissa McCarthy e Rose Byrne


Nota: 8.2

“Não é daquele tipo de comédia que faz piadas sobre o ciclo menstrual das mulheres e coisas assim. É sobre a vida real e aborda certos temas com que os homens também devem se identificar”, assim a atriz Kristen Wiig resume Missão madrinha de casamento, um dos grandes sucessos na corrida do Oscar

O rascunho foi bem rápido. O texto escrito em apenas em uma semana. Mas um “puxão de orelhas” dos produtores, a fez repensar numa maneira de arrancar gargalhadas do público do cinema da mesma maneira que faz com o público da TV nas noites de Saturday Night Live. Isso foi há quatro anos, e só agora a atriz e roteirista Kristen Wiig pôde comemorar o sucesso de sua criação. Em parceria com a amiga Annie Mumolo (que faz uma rápida aparição no filme) nasceu Missão madrinha de casamento, uma comédia de fortes atrativos sob uma interessante ótica feminina da arte de fazer rir.

Muitos afirmam ser uma versão feminina de Se beber não case. Um grupo de amigas que se preparam para o casamento de uma delas. Neste tempo, se criam muitas situações inusitadas. Não sei se foi realmente esta a intenção de Kristen, mas certamente foi esta a impressão deixada por esta comédia alternativa, em que vemos mulheres se valendo de um humor não muito convencional a seu mundo. As piadas ingênuas e quase politicamente corretas deram lugar a um humor mais verossímil em sua forma oral e visual. Situações que deixariam as mulheres de Sex and City em total constrangimento.

Kristen vive a protagonista do filme Annie Walker. Uma mulher que é a personificação perfeita do fracasso em todos os campos. Sentimental e profissional. Annie quase chega a enlouquecer depois que sua melhor amiga Lilian (Maya Rudolph) anuncia que irá se casar. A novidade gera uma confusão de sentimentos, onde ela não sabe até que ponto se sente feliz pela amiga. Daí se cria várias situações esquecíveis nos episódios de ritos de passagem para a noiva.

Como melhor amiga de Lilian, Annie logo toma as rédeas dos preparativos. Porém como se trata do fracasso personificado não é difícil deduzir que tudo que toca tem o efeito contrário de Midas. Um almoço catastrófico num restaurante brasileiro e uma trágica parada numa loja para experimentar os vestidos contam o que significou a participação de Annie nos preparativos do casamento. Diante de tanta confusão, o golpe de misericórdia é quando percebe que a noiva inevitavelmente se aproxima da fútil Helen (Rose Byrne). Uma mulher jovem, bonita, rica, bem popular e talentosa o bastante para se tornar uma adversária potencialmente forte representando tudo que ela gostaria de ser. Não demora muito e Rose assume seu papel nos preparativos bem como na vida de Lilian. Pronto. Se o fundo do poço existe, ela chegou nele. Sua atitude intempestiva no chá de panela quase coloca tudo a perder e ela pensa que jamais sairá do buraco em que atirou sua autoestima. Até que surge uma mais nova amiga, a gordinha Megan (Melissa McCarthy). A personagem é a mais “humana” do grupo. De um humor e franqueza notadamente assustadores, logo se identifica com o sofrimento de Annie e passa a ela toda sua experiência perante a situação. A química entre as atrizes faz da cena uma das melhores do ano, rendendo a Melissa uma merecida indicação ao Oscar.

Provocativa, irreverente e extremamente realista. Assim Missão madrinha de casamento nos aponta uma direção diferente e bem interessante de arrancar gargalhadas. Assim Kristen Wiig cumpriu sua tarefa evocada de quatro anos atrás. Assim fez de sua comédia algo que nos faz vibrar com o potencial ilimitado da criatividade humana em se fazer algo de bom gosto quando se quer. Assim se prova que quando se trata de humor, as mulheres podem sim criar algo tão divertido quanto os homens com tudo que possa vir junto no processo. Os mesmos erros e os mesmos acertos. Podem sim colocá-los no centro das rodas de piadas de conotação sexual. Podem sim, rir e fazer pouco de suas limitações sentimentais. Podem sim se regozijar com o sucesso merecido. Afinal, para elas, missão dada é missão cumprida. Não importa o tempo que leve.

Nenhum comentário:

Postar um comentário